Acolhimento
AAUS
Associação de
Alunos
Atividades
A telier
de Escrita e Leitura:
Índice
por Autores
Regulamento
Obras
e Autores
Obras Publicadas em 23-7-2021
Maré de
Cores -
Luísa Faria
71 Anos
Subindo
-
Eliseu Pinto "O Gralha"
Obras Publicadas em 14-7-2021
Sou um Poeta Menor
-
Eliseu Pinto "O Gralha"
Amanhecer
Diferente -
Maria José Domingos
Obra
Publicada em 22-6-2021
A Minha Bela
Palmeira -
Eliseu Pinto "O Gralha"
Publicado em 6-6-2021
Obra:
Acidente
Rodoviário
De:
Maria Florênça Costa
Publicado em 24-5-2021
Obra:
''Partida'' do
Meu Amigo
De:
Eliseu Pinto "O Gralha"
Obra:
A Ferreirinha
De:
Maria Florênça Costa
Obra:O
Meu Girasol
De:
Maria Florênça Costa
Publicado em 4-5-2021
Obra:
A Lenda da
Flor da Esteva
De:
Luísa Faria
Obra:
Aromas
da Vida
De:
Maria José Domingos
Obra:
Tenho o
Privilégio e Alegria
De:
Eliseu Pinto
Publicado em 21-4-2021
Obra:
Roubo (Desproporcional)
De:
José C. Fael
Obra:
Imperfeição
De:
Lino Solposto
Obra:
A Senhora do Manto Verde
De:
Luísa Faria
Publicado em 4-4-2021
Obra:
Dia da
Mulher
De:
Maria José Domingos
Obra:
Monólogo Frente ao Espelho
De:
Eliseu Pinto - O Gralha
Obra:
Chegou o Inverno
De:
Luísa Faria
Publicado em 28-3-2021
Fotos:
Crepúsculos da Luísa
De:
Luísa Faria
Publicado em 8-3-2021
Obra:
Antónimos
De:
José C. Fael
Obra:
As Minhas Bizarrias
De:
Eliseu Pinto - O Gralha
Obra:
As Vacinas
De:
Lino Solposto
Publicado em 27-2-2021
Obra:
Para o Sr. Ramalho
De:
Gilberto de Paiva
Obra:
Dão-se Beijos
De:
Mário Oliveira
Obra:
Um Inferno no Inverno
De:
Emídio Duarte
Publicado em 19-2-2021
Obra:
Um Amigo Improvável...
De:
Emílio Duarte
Obra:
Acta Única
De:
Lino Solposto
Obra:
Tralhará-lhe
De:
José C. Fael
Publicado em 7-2-2021
Fotos:
Outono
na Quintinha
De:
Luísa Faria
Publicado em 7-2-2021
Obra:
Laços
do Outono
De:
Luísa Faria
Obra:
Nem Só de Pão Vive o Homem
De:
Gilberto de Paiva
Obra:
O Rio
De:
Maria José Domingos
Publicado em 28-1-2021
Obra:
A Moda
dos Laçarotes
De:
Maria Fernanda Calçada
Obra:
Dia de Reis
De:
Gilberto de Paiva
Obra:
Espirito Natalício
De:
Arlete Alves de S. Pereira
Publicado em
20-1-2021
Obra:
Outono
na Quintinha
De:
Luísa Faria
Publicado em
7-1-2021
Obra:
Podas
para que vos quero
De:
Lino Solposto
Obra:
Novo Ano
De:
Maria José Domingos
Obra:
Bactírios
De:
José C. Fael
Publicado em
19-12-2020
Obra:
O Que me Faz Feliz
De:
António Henriques
Obra:
A Vingança da Ciência
De:
Lino Solposto
Obra:
Amanhã é Que Vais Ver
De:
Mário Oliveira
Publicado em
12-12-2020
Obra:
O
Abraço Que Nos Falta
De:
Maria José Domingues
Obra:
Saudades
De:
Lino Solposto
Publicado em
6-12-2020
Obra:
Arte
Fotogr. ao Por do Sol
De:
Eliseu Pinto "O Gralha"
Publicado em
26-11-2020
Obra:
Viagem a
Maiorca
De:
Mário Oliveira
Obra:
Resistir é a Palavra
De:
Eliseu Pinto
Obra:
Saudações 25 de Abril
De:
António Henriques
Publicado em
1811-2020
Obra:
No Ínício o
Antes e o Depois
De:
Maria José Domingues
Publicado em
10-11-2020
Obra:
Mãe Querida
De:
António Henriques
Obra:
Máscaras
De:
Lino Solposto
Obra:
Cravos de Abril
De:
António Henriques
Publicado em 27-10-2020
Obra:
Tejo em manhã
de outono
De:
Maria José Domingues
Publicado em
20-10-2020
Obra:
A Pandemia do Nosso
Descontentamento
De:
Lino Solposto
Obra:
Já Chegaram as Setembras
De:
Eliseu Pinto "O Gralha"
Obra:
Sangue Lusitano
De:
António Henriques
Publicado em 16-10-2020
Obra:
Arte com
Mascaras na Pandemia
De:
Maria da Luz Raposo
Publicado em
11-10-2020
Obra:
As Minhas Mãos
De:
Luísa Faria
Obra:
Sorrisos São Precisos
De:
António Henriques
Obra:
Tempo Diferente
De:
Maria José Domingos
Publicado em 12-9-2020
Obra:
Um Bom
Início de Outono
De:
Luiza Faria
Obra:
Flores para o
Outono
De:
Maria José Domingos
Publicado em 24-9-2020
Obra:
Tempo de
Piqueniques
De:
Maria Fernanda Calçada
Obra:
Palavras Afagadas P. Brisa
De:
Maria José Domingos
Obra:
Para o Gilberto de Paiva
De:
António F. R. Ramalho
Publicado em 12-9-2020
Obra:
Arte de Fazer
e Vestir
De:
Maria da Luz Raposo
Publicado em 16-9-2020
Obra:
O Tempo do Zoom
De:
Lino Solposto
Obra:
O Ano de 1968
De:
Eliseu Pinto
Obra:
Pedaços da menina que fui
De:
Maria Fernanda Calçada
Publicado em 12-9-2020
Obra:
Arte 4 Fotos
na
Pandemia
De:
Manuel Júlio Silva
Publicado em 9-9-2020
Obra:
Lembranças
De:
Maria do Carmo R F Nunes
Obra:
A Pandemia por Corona
De:
Maria Florença Pires
Obra:
Se eu Fosse um Pássaro
De:
António Henriques
Publicado em 7-9-2020
Obra:
Arte na
Pandemia
De:
Maria da Luz Raposo
Publicado em 4-9-2020
Obra:
O Tempo das Maçãs Riscadinhas
De:
Maria José Domingos
Obra:
As Meninas
De:
Maria Fernanda Calçada
Obra:
Naturalmente
De:
Gilberto de Paiva
Publicado em 28-8-2020
Obra:
Arte Fotog. na
Pandemia
De:
Lino Solposto
Publicado em 25-8-2020
Obra:
Janela da Vida
De:
Maria Fernanda Gomes
Obra:
O Tempo dos Melros
De:
Lino Solposto
Obra:
O Lugar Onde Nasci
De:
João Batista
Publicado em 23-8-2020
Obra:
Arte de Renda na
Pandemia
De:
Maria Fernanda Calçada
Publicado em 21-8-2020
Obra:
Esperança
De:
António Henriques
Obra:
Laços de Primavera
De:
Luísa Faria
Obra:
O Impacto da Pandemia....
De:
Maria Florença Costa
Publicado em 20-8-2020
Obra:
Arte Fotog. na
Pandemia
De:
Eliseu Pinto
Publicado em 17-8-2020
Obra:
Estado de
espirito
De:
Maria do Carmo Nunes
Obra:
Estimados
colegas
De:
Gilberto de Paiva
Obra:
Celebrando a Primavera
De:
António Henriques
Publicado em 9-8-2020
Obra:
Artes na
Pandemia de:
De:
Fernanda Cravo
Publicado em 6-8-2020
Obra:
A Minha
Janela
De:
Luísa Faria
Obra:
O Antes e o depois
De:
Maria Fernanda Calçada H.
Obra:
Socorro! Acudam aos
idosos
De: Lino
Solposto
Publicado em 30-7-2020
Obra:
Artes na
Pandemia de:
De: Maria da Luz Raposo
Publicado em 26-7-2020
Obra:
Aqui
existe amor
De: Arlette Pereira
Obra:
As
voltas que a vida dá
De:
Maria do Carmo Nunes
Obra:
Brindo à vida
De: António Henriques
Obra:
O que te faz feliz
De:
Arlette Pereira
Publicado em 15-7-2020
Obra:
Pinturas
de:
De: Aida
Matos
Publicado em 13-7-2020
Obra:
O que Me Faz Feliz
De: Eliseu Pinto "O Gralha"
Obra:
O Que Me Faz Feliz
De: Gilberto de Paiva
Obra:
O que me faz
(ou fez!..) feliz
De: Emílio Duarte
Publicado em 10-7-2020
Obra:
Artes na
Pandemia
De: Inês Martins
Publicado em 8-7-2020
Obra:
Como surgiu o
vírus mundial
De:
Maria José Domingos
Obra:
Esperança
De:
Luísa Faria
Obra:
Porque
Insistem
De:
António Henriques
Publicado em 6-7-2020
Obra:
Pinturas de:
De:
Carmelinda Fernandes
Publicado em 1-7-202
Obra:
O Que me fez e
faz feliz
De:
Maria Fernanda Calçada
Obra:
O Que me fez e
faz feliz
De:
Maria Fernanda Calçada
Obra: Momentos
de mim
De:
Maria Fernanda Gomes
Obra:
Às Voltas com a felicidade
De: João Batista
Publicado em 26-6-2020
Obra:
O Que me faz ser feliz
De:
António F. R. Ramalho
Obra:
Ser feliz
De:
Maria do Carmo R. F. Nunes
Obra:
O Que me faz ser feliz
De: Lino
Solposto
Obra Autor Data
O Que me faz ser feliz
- Lino Solposto
Publicado em: 26-6-2020
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ATELIER de ESCRITA e LEITURA
Objetivo:
-
Incentivar a
escrita de textos próprios, baseados num tema,
selecionado anteriormente pelo grupo
coordenador.
- Leitura dos textos
em grupo e participação na Roda de Leitura,
promovida pela Associação de
Alunos da Universidade Sénior.
- Construir um livro
no final do ano, com os textos apresentados
pelos participantes
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Atelier de
Escrita e Leitura Publicado a 23-7-2021 |
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Título:
Maré de Cores
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Autora:
Luísa Faria |
Clique na
imagem para ver em tamanho grande
Título: 71 Anos Subindo |
Autor: Eliseu Pinto "O
Gralha |
71 ANOS SUBINDO
Já tenho, o pé no degrau
Para subir, aos oitenta
Ainda, que não seja mau
Estar, no piso dos setenta.
Porém, o tempo não pára.
E nem sequer, volta atrás.
Como, não sou, ave rara
Peço amor, saúde e paz.
P’ra subir, mais uns degraus
E ver, como são as vistas
Nos andares, lá de cima.
Se, resisti, a ventos maus
E vi baixar, muitas cristas
Subir, não me desanima.
Eliseu Pinto
“ O Gralha “ 10/07/21 |
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Atelier de
Escrita e Leitura Publicado a 14-7-2021 |
Título: Sou um Poeta
Menor |
Autor: Eliseu Pinto "O
Gralha |
SOU UM POETA MENOR
Sou, um poeta menor.
Sou, da vida vivida
Rústica alegre e sofrida
E como tal, sei de cor
Os trilhos da fantasia.
Quando, neles me embrenho
Vai-se o medo e já não tenho
Algemas, na poesia.
Vou-me diluindo, no todo
Libertando-me do lodo
Pestilento do dia-a-dia.
Sou, um poeta menor
Mas, sinto que é bem melhor
A minha menoridade
Que não me leva ao topo.
Mas, não perco a felicidade.
Despojo-me, do negro manto
No chão do mundo sem cor
Vou, ao meu universo festejar
As coisas simples e o amor.
Sou um poeta menor
Mas, beijo os teus lábios de mel
E sinto, que sou o maior.
Eliseu Pinto
“ O Gralha “ 12/04/21 |
Título: Amanhecer
Diferente |
Autora: Maria José
Domingos |
AMANHECER DIFERENTE
O vento e a chuva acordaram o dia
Numa dança de energia desmesurada
Rodopiavam, entrelaçavam-se
E corriam
As gotas de água avolumavam-se,
Qual cascata vigorosa, de rumo
incerto
E corriam
Corriam vergando árvores fortes,
Assustando pássaros, gatos, cães
e insectos
A sua louca dança cega continuava
E colhiam a flor ainda sonolenta
O ramo tremente de insegurança
As folhas com rugas de muito sol
E as que tinham acabado de abrir
também
E corriam
Agitando águas, brincando com os
barcos,
E deixando as pessoas á janela a
comtemplar
Aquele encontro matinal vigoroso
Bramiam, e sopravam água como
fontes descontroladas.
O sons de fúria, energia solta,
Como cabelos solto em tarde de
ventania
Mas era manhã, e as águas e as
águas corriam
E de repente tudo amainou
Ficaram os pequenos ramos
estendidos no chão
As flores que perderam o galho
que as alimentava
As folhas perdidas que se
juntaram-se em aconchego
Ficaram as pequenas lagoas
Os pequenos riachos, pequenas
cascatas
E chegou o silêncio
Os pássaros sacudiram as asas
E voaram aos primeiros raios de
sol
As flores brilhavam com as muitas
gotas
Qual diamantes acabados de polir
As folhas descansaram um pouco
Os barcos aquietaram-se
Mas as águas continuaram rápidas
Lindo amanhecer, por ser breve,
Diferente, inesperado
E porque a Natureza é isso
A diferença.
Maria José Domingos 9/05/2021 |
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Atelier de
Escrita e Leitura Publicado a 22-6-2021 |
Título:A Minha Bela
Palmeira |
Autora: Eliseu Pinto (O
Gralha) |
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Atelier de
Escrita e Leitura Publicado a 6-6-2021 |
Título:Acidente
Rodoviário |
Autora: Maria
Florença Costa |
ACIDENTE RODOVIÁRIO
No dia 6 de maio de 2021,
quinta-feira às 8:00 de manhã a Maria Florença,
uma caminheira, caminhava junto à estrada
Nacional 10 e presenciou um atropelamento
de uma senhora que aparentava ter 60 anos.
O semáforo estava vermelho para
os veículos e a senhora atravessava na
passadeira.
Juntaram-se muitas pessoas, mas ninguém tinha
conhecimentos de socorrismo.
Vendo que a senhora não se
conseguia levantar sozinha e aparentava estar
muito mal, a Maria Florença ligou 112 a
solicitar socorro.
Vieram os bombeiros com uma
ambulância do INEM, onde vinha o Gabriel, o neto
socorrista da Maria Florença.
A vítima foi rapidamente
transportada para o hospital de Vila Franca de
Xira, devidamente imobilizada em maca de vácuo e
plano rígido.
A polícia também esteve presente
no local para tomar nota da ocorrência.
A Maria Florença acompanhou a
senhora na ambulância que, felizmente, teve uma
boa recuperação do traumatismo craniano.
Maria Florença Costa
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Atelier de
Escrita e Leitura Publicado a 24-5-2021 |
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Título:
"Partida" do Meu Amigo |
Autor: Eliseu Pinto "O
Gralha" |
“PARTIDA” DO MEU AMIGO
Estava a pensar, telefonar-te, quando me telefonou
o Manaio, a chorar. E a custo, lá me disse, que
tu morreste! Tu morreste?!?!...– Porra, Zé! Isso
não se faz! Não pode ser! Não quero crer. Como é
possível, ires-te embora. Assim, sem mais nem
menos. Somos amigos pá! – E deixas-me torturado,
pelo telefonema que não te fiz; e trazia há dias
na ideia. Precisava falar contigo! E agora,
foste-te embora. E tantas e tristes emoções se,
apoderam de mim. Tantos avejões negros, me
pairam no espírito. – E o teu neto! O teu
Rodrigo, luz dos teus olhos. Não vais acompanhar
o seu crescimento. Que sentirá, essa criança tão
amada, quando se aperceber, de que o avô Zé,
desapareceu da sua vida?! E a tua mulher, que
adoras e te adora, que vai ser dela, sem ti? –
Esperemos, que faça como gostarias e suporte a
dor, vivendo, para o neto e para o filho. O teu
filho! – O único; - o que nós falámos, dos
nossos filhos – tantas preocupações, com o seu
futuro. – Hoje, ele é, um homem e também pai.
Mas, não tem mais, o seu pai; o seu amigo,
conselheiro e apoiante incondicional. Vai ter,
de superar. Pela vida e pelo futuro. É a dura
realidade. Mas, que siga, o teu bom exemplo. –
Mas, devo estar parvo! Tu, deves estar a
pregar-me uma grande partida, Zeca. Eu bem sei,
o “malandro” que tu és, com esse teu bigode, que
ri. – Estou, tão dorido e desnorteado; para
aqui, tentando convencer-me, de que é uma
mentira. Mas, a verdade é, que não paro de
chorar. – Que raio de piegas que eu sou – Um
homem não chora! Mas, não me consigo conter. A
um murro tão tremendo no “estômago”, não há
homem que resista. Pois, a partida de um grande
amigo é, como se, um brutamontes nos espancasse,
nos atirasse ao chão, espezinhando-nos, sem
entendermos a razão, de tal castigo. Zeca Amigo,
não nos vamos encontrar mais(pelo menos nesta
vida); para uma voltinha à beira rio, na
companhia do Pedro, em amena cavaqueira,
contando aquelas anedotas malucas, que nos
punham a gargalhar. Ou falando, de recordações e
novidades, do nosso circulo de amigos e
conhecidos. – Morreste caraças! Estou zangado
com Deus! Vai doer-me muito. Mas, tenho de ir ao
teu funeral e constatar, que é real, este
pesadelo. Mas, nem preciso dizer-t--o, tu sabes
bem, que pela minha parte, não vais abalar de
todo; porque, enquanto eu, por cá andar, andarás
sempre comigo, Zeca Matias, meu Grande Amigo.
Eliseu
Pinto
“ O
Gralha “ 12/12
|
Título:Ferreirinha |
Autora: Maria
Florença Costa |
D.
Antónia Adelaide Ferreira nasceu em Godim, Peso
da Régua, a 4 de Julho de 1811 e faleceu aos 85
anos em Godim, Peso da Régua, a 26 de Março de
1896. Mais conhecida por Ferreirinha, foi uma
empresária portuguesa do século XIX.
O pai,
José Bernardo Ferreira casou-a com um primo, com
a intenção de que a grande fortuna que a família
possuía permanecesse “dentro de portas” mas,
este jovem sempre se mostrou pouco interessado
pelas terras e pela cultura da vinha e, mais
citadino, viajava, divertia-se e rodeava-se de
todos os luxos e extravagâncias. Aquilo que mais
fez na vida foi desbaratar o dinheiro amealhado
pelos seus. Pela vida devassa que António
Bernardo levava, trouxe-lhe a sífilis e a morte
prematura, aos 32 anos. D. Antónia teve dois
filhos: uma menina, Maria de Assunção, mais
tarde Condessa de Azambuja, e um rapaz, António
Bernardo Ferreira, que seria deputado pelo
Partido Progressista e presidente da Associação
Industrial do Porto.
D.
Antónia ficou viúva muito nova, aos 33 anos, com
dois filhos e um património sobrecarregado de
hipotecas. No entanto, não esmoreceu a sua
coragem, pois enfrentou as dificuldades com
trabalho e muita determinação.
A
viuvez despertou nela a sua verdadeira vocação
de empresária. Ficou conhecida por se dedicar ao
cultivo do Vinho do Porto e pelas notáveis
inovações que introduziu. A sua família era
muito abastada, possuía muito dinheiro e vinhas
do douro. Quando faleceu, deixou uma fortuna
considerável e perto de trinta quintas, um vasto
património.
Esta
empresária vinhateira mostrou-se uma notável
impulsionadora do desenvolvimento da região do
Douro.
Foi
introduzindo importantes inovações nesta
atividade agrícola, investiu em novas plantações
de vinhas em zonas mais expostas à radiação
solar, sem abandonar também as plantações de
oliveiras, amendoeiras e cereais.
Levava
uma vida simples, mais virada para o mundo
rural, sempre dedicada às suas vinhas, as quais
percorria e vigiava de perto para que fossem bem
cuidadas pelos seus trabalhadores.
Era
carinhosamente conhecida porque se preocupava
com as famílias dos trabalhadores das suas
terras e adegas.
Do
Douro para o mundo passou a lenda da sua
tenacidade e bondade.
Foi
apoiada pelo administrador José da Silva Torres,
que se tornou mais tarde o seu segundo marido.
Debateu-se contra a doença da vinha, a filoxera
e deslocou-se a Inglaterra para obter informação
sobre os meios mais modernos e eficazes de
combate a esta peste, bem como processos mais
sofisticados de produção do vinho.
Mercê
de bons acordos, grande parte dos vinhos foi
exportada para o Reino Unido, ainda hoje o
primeiro importador de Vinho do Porto.
O
saturado esforço, a par de obras que pudessem
beneficiar toda a produção vinhateira, foi-se
concretizando na compra de novas quintas para
alargar o cultivo da vinha, tornando o seu
império fundiário muito vasto.
D.
Antónia nunca colocou de parte o seu lado mais
humano, lutando sempre pelos mais necessitados,
nunca abandonando a ajuda dada aos seus
trabalhadores e a muitas famílias com
dificuldades exerceu uma ação Filantrópica
louvável, sendo benemérita de gente simples e
trabalhadora e de várias instituições (asilos,
hospitais, misericórdias, bombeiros,).
Na
notícia do seu falecimento o jornal “O Primeiro
de Janeiro” referia que partira a “ «mãe dos
pobres», como lhe chamavam na sua linguagem
simples a gente do povo”.
Todo o
país se reverenciava perante a perda de uma
grande empresária vinhateira que tinha estado
sempre ao lado do povo. A família real, o núncio
apostólico e outras altas entidades, todos lhe
prestaram homenagem, desde o envio de
condolências, até ao cortejo fúnebre que foi
acompanhado por 95 padres e por milhares de
pessoas que formavam uma barreira humana, ao
longo de quatro quilómetros, até ao cemitério da
Régua.
Os
jornais do Porto relataram que, à passagem do
féretro, homens e mulheres se ajoelhavam perante
aquela que consideravam uma protetora, prestando
“a última homenagem do seu respeito à
nobilíssima dama que fora mãe carinhosa de
tantos desgraçados aflitos”.
Maria Florença Costa
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Título:O Meu Girasol |
Autora: Maria
Florença Costa |
Maria Florença Costa
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Atelier de
Escrita e Leitura Publicado a 4-5-2021 |
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Título:
Lenda da Flor de Esteva |
Autora: Luísa Faria |
Lenda da Flor de Esteva
Estamos na Quaresma!
Tempo de reflexão e oração para os cristãos.
Neste tempo, também de confinamento, o que não
me tem faltado é tempo. Tempo para pôr em
prática, tudo o que a Quaresma representa, mas
sinto que este ano me falta algo para me guiar.
Será que estou a perder a fé? Mas ao olhar para
o ramo seco, que guardo do ano passado, benzido
no dia de Ramos e que espero puder trocar pelo
deste ano, tenho a certeza, que não, não estou a
perder a fé. Tudo não passa de um enorme
cansaço, que tenho acumulado ao longo deste
confinamento, que parece não ter fim.
Assim, tento ir ao passado para encontrar boas
recordações de outras quaresmas. E logo vou ao
encontro de uma pessoa muito especial para mim,
que me deixou marcas muito fortes destes tempos
de Quaresma.
A tia Violeta assim se chama, foi com ela que
aprendi muito sobre a vida de Jesus, deste o seu
nascimento, vida, morte e por fim a sua
ressurreição.
A tia Violeta, uma senhora muito religiosa e com
uma imensa fé, mas por estranho que pareça nunca
em tempo algum, a vi entrar numa igreja. Tal
como o seu passado, também a religião é tabu, e
quem a conhece, já sabe não são permitidas
perguntas e eu respeito.
Sendo uma extraordinária contadora de histórias,
sempre nos consegue prender horas a ouvi-la, a
contar de uma maneira muito peculiar, as
passagens da Bíblia. Noutros anos,
principalmente na Semana Santa muito havia para
ouvir. Muitas escritas no livro sagrado, outras
passadas de boca em boca, entre famílias.
Verdadeiras ou não? Quem sabe? As minhas
favoritas, sempre foram as que falam sobre os
símbolos associados à Paixão de Cristo.
Uma que sempre achei bonita, talvez porque na
minha terra, no pinhal existem muitas, é a lenda
da flor da esteva. Sei que existem muitas
versões, mas esta que vou tentar resumir, foi a
que me foi contada pela tia Violeta.
"Quando Jesus subia ao monte do Calvário, onde
seria crucificado, carregando a cruz nas costas,
o caminho onde passava estava ladeado de lindas
estevas floridas. Nessa época, todas as flores
das estevas eram brancas. Com a coroa de
espinhos na sua cabeça, à medida que caminhava,
pequenas gotas de sangue iam caindo em cima das
flores brancas das estevas, e assim todas
aquelas que o seu sangue manchou nunca mais
perderam a cor, as brancas são as que não foram
manchadas com o sangue de Jesus. "
Existem localidades no nosso país em que lhe
chamam mesmo a flor das cinco chagas.
São elas, ao desabrocharem na Primavera, que vêm
lembrar aos homens de boa vontade, as cinco
chagas do Redentor.
A seguir à Quaresma temos o tão aguardado
domingo de Páscoa. É tempo de alegria, é tempo
de festejar a Ressurreição de Cristo.
PÁSCOA, é, pois, uma época também de esperança.
Tempo de refletirmos sobre a nossa vida e
tomarmos consciência que para alguma coisa puder
renascer, temos de deixar partir aquilo que já
não precisamos.
Desejo a todos uma Santa e Feliz Páscoa.
Para quem não conhece a flor da esteva aqui
deixo uma foto, tirada no pinhal da minha bonita
terra, CABEÇÃO.
Clica na imagem para ver tamanho
grande
Luísa Faria |
Título:
Aromas de Vida |
Autora: Maria José
Domingos |
Aromas de vida
Dou um passo, depois outro e ainda
mais uns quantos,
Inundo-me de aromas, frutados, doces,
leves,fortes.
Tantos e tão variados,
Não os sei decifrar em pormenor,
Mas a cada passo mais um surge, ou se repete.
E lembro.
Lembro todos os aromas, ou quase
todos,
Que pela minha vida, passaram ou ficaram.
E lembro
O aroma da inocência, dos morangos
proibidos,
Dos campos sem fim, do verde das
pastagens,
Da flor do tremoceiro, da laranjeira,
da figueira no verão,
Do leite acabado de ordenhar,
da penugem dos pintos, dos ovos ainda quentes.
Lembro ainda, daquela farinha acabada
de torrar,
Das papas de trigo e milho (destas
menos), do mel,
Das estevas, do rosmaninho, da
alfazema,
Dos figos, dos diospiros, das laranjas, e das
raras uvas.
Lembro o aroma da terra acabada de
lavrar,
E depois das primeiras chuvas,
Dos orvalhos matinais, da brisa quente
Da lua e do sol,
Da noite e do dia
Lembro ainda o aroma
das noites quentes no Alentejo, aroma
a flores
a cansaço, a sono
solto e sem interrupção,
a sabor de comida noturna.
Lembro também o aroma
Do banho semanal com
Feno de Portugal,
Da roupa lavada, dos
lençois frescos,
Da casa lavada com
sabão azul e amarelo,
De abrir a janela para a entrada da
manhã.
E lembro mais
O aroma do medo, da
pequenez, da ingenuidade,
do desconhecido, do
incerto, e do certo também
Aquele aroma
desconhecido que rasga os horizontes
E origina a primeira
nuvem que afastamos,
E serão muitas, vida fora, sempre com
aromas diferentes.
Também lembro o aroma daquela rosa
especial.
Do primeiro perfume
embalado,
Da minha filha ao
nascer,
Do sangue que lhe deu
vida, do leite que alimentou,
O aroma da sua pele
com resíduos vários
E limpa do banho, e o
creme que a envolvia
E da ternura entre nós existente.
Lembro o aroma forte
do mar
E o leve do rio e
regatos,
Das madressilvas, das
gardénias,
Dos amores-perfeitos
em terras distantes,
Das rosas, dos
jasmins, do alecrim, das cravinas,
E outros tantos que a Natureza produz
Lembro o aroma do
incenso na rua,
Das especiarias
coloridas nos mercados,
Dos peixes
fermentados, e dos vários tipos de cogumelos,
E o aroma da paz numa
ilha Principesca,
Das suas gentes,
leves, famintas de tudo,
Oferecendo grãos de cacau acabado de
colher.
E absorve estes
aromas
Absorvo a sua
energia,
São pérolas que dão cor e aroma ao meu
dia.
Aromas tantos, tantos
Aromas que se
abraçam, se entrelaçam
E correm no rio da
ternura,
Alimentam-se das
belezas que nas margens surgem,
Recuperam mais
energia na pedra brilhante
Que os espera no
caminho e seguem,
Seguem sempre,
Procuram outros aromas, ou outras
vidas.
As minhas recordações começam sempre
num aroma.
22/ 03 / 2021
Maria José Domingos
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Título: Tenho o
Privilégio e a Alegria
|
Autor: Eliseu
Pinto |
TENHO O PRIVILÉGIO
E A ALEGRIA
Tenho o privilégio e a alegria
De ter na família, uma das razões, de não ter
Uma vida, triste e vazia.
Os traquinas, dos meus netos
São, o esplendor, de mil cores
Que me alegram, o pôr-do-sol.
E
este amor é, tão belo e profundo
Que não deve haver, maior riqueza
No mundo.
O
ter família é, ter raízes
E
sobressaltos. Mas também, dias felizes.
Tenho o privilégio e a alegria
De ter, bons amigos. Que são na minha vida
Duma grande valia.
E
assim, aos que fazem, o favor
De me dar, a sua amizade
Tenho o dever, de lhes dizer: Muito obrigado!
Meu caminhar, ganha mais razão de ser
Quando, pelos amigos acompanhado.
Seguir na vida com amizades, dá-me a vantagem
De não ir sozinho, ao longo, desta viagem.
Eliseu
Pinto
“ O
Gralha “ (27/09/13) |
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Atelier de
Escrita e Leitura Publicado a 21-4-2021 |
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Título:
ROUBO (DESPROPORCIONAL) |
Autor: José C. Fael |
ROUBO (DESPROPORCIONAL)
Hoje venho
reclamar sobre um roubo a que todos estamos a
ser sujeitos mas que atinge particularmente os
“velhotes”, ou “seniores” ou como lhe queiram
chamar.
E venho fazer
esta denúncia em defesa dos nossos mais que
legítimos interesses que já conquistamos ao
longo das nossas vidas.
Vidas que na
esmagadora maioria, foram vidas de trabalho
honesto, sério e duro.
E para
demonstrar a minha teoria vou socorrer-me da
matemática. Sim, porque isto que vou desvendar é
uma coisa importante e fundamental e quero que
os factos sejam indiscutíveis, cientificamente
provados.
Vou partir de
dois dados estatísticos e oficiais:
A esperança
média de vida em 2021 para as mulheres é de
85,88 anos.
Para os homens
é de 82,58 anos.
(As senhoras
vão desculpar-me mas como sou homem, vou
utilizar os dados masculinos)
Aos 25 anos e
considerando os valores acima indicados, um
homem tem uma esperança de vida ainda de mais
57,6 anos, ou seja, mais 691 meses para viver.
Aos 50 anos a
esperança é de mais 32,6 anos, ou seja, mais 391
meses;
Aos 75 anos a
esperança é de mais 7,6 anos, ou seja, mais 91
meses.
Assim sendo:
- 1 mês
confinado para quem tem 25 anos representa 0,15%
do resto da vida;
- O mesmo mês
para quem tem 50 anos, representa 0.25%
- Idem para
quem tem 75 anos, representa 1,1%
Portanto para
nós os “entradotes”, cada mês de prisão
domiciliária, representa uma “barbaridade” de
tempo !!!
Desde que isto
começou no ano passado, já lá vão quase quatro
meses e meio de prisão domiciliária:
Praticamente,
já lá vão quase 5% da nossa esperança de vida
!!!
E eu ainda
tenho muita coisa para fazer. Eu ainda quero
acompanhar os meus filhos e netos mais tempo. Eu
ainda preciso de fechar muitos dossiers da minha
vida. Eu ainda tenho sonhos a concretizar. Eu
ainda tenho mais aulas para leccionar. Eu ainda
tenho um livro para publicar. Eu ainda tenho
muitas viagens a fazer. Eu ainda tenho muitas
jantaradas a gozar. Eu ainda tenho muita gente
para aconselhar, para ajudar.Eu ainda tenho
muitos livros para ler. Eu ainda tenho muita
música para ouvir. Eu ainda tenho muito acordeão
para tocar. Eu ainda tenho muito amor para
partilhar.
Eu não posso
perder tempo.
Eu não
posso continuar preso nem mais um dia.
O tempo de
vida que me resta é precioso.
NÃO mo podem
ROUBAR.
José C. Fael
VilaLonga,
Abril de 2021 |
Título:
Imperfeição |
Autor: Lino Solposto |
IMPERFEIÇÃO
Chove copiosamente,
Está um frio de rachar,
Enquanto alguns, bem quentinhos à lareira,
Vários milhões, lá fora, a chorar.
Não gosto do frio,
E
se pudesse,
Decretava-lhe a extinção,
Amenizava o sofrimento
A
quem tarda solução.
Então, mãos à obra,
Vamos gritar a desigualdade,
Ajuda, e boa vontade,
Para retirar ao desperdício,
E
acrescentar na caridade.
Pobre, sem-abrigo, desafortunado,
Consultem o dicionário,
Lá está, em letras garrafais, escarrapachado,
Que são sinónimos de desgraçado.
O
Mundo está torto,
Cada vez mais desigual,
E
continuamos sem perceber,
Ano após ano,
Para que serve o Natal.
Jan/2021
Lino Solposto
|
Título:
A Senhora do Manto Verde
|
Autora: Luísa Faria |
A Senhora do manto verde
Numa paisagem coberta de neve, fria e
adormecida, no cimo da estrada, lá estava ela,
envolta num manto de cor verde, que lhe esconde
quase todo o corpo, só deixando vislumbrar um
pouco do seu longo cabelo loiro, parecendo uma
auréola sobre a sua cabeça.
Estaria assim a sua alma cheia de luz,
brilhando?
Em seu redor, um silêncio imenso…Nem viva alma
se ouve…
Onde estarão todos aqueles que fazem da floresta
a sua casa?
Com certeza também eles procuraram, um lugar
seguro para se abrigarem do frio.
Mas, pela estrada inclinada coberta de neve,
caminha um misterioso viajante, protegido por
uma longa capa negra, e só as marcas dos seus
pés, desenhadas no solo, denunciam a sua
presença.
Um pouco mais á frente, pára por instantes,
descansando, sob um velho carvalho, vergado pelo
peso da neve. Também ele sente o peso da sua
capa, mas as suas mãos, geladas, seguram com
firmeza, uma caixa junto ao peito, protegendo-a
da neve.
A distância que os separa vai diminuído, e o
misterioso viajante, vai pensando, como será a
senhora do manto verde, que por ele aguarda, no
cimo da estrada.
Será tão bela, como dizem? Serão os seus olhos,
verdes?
Momentos depois, ao chegar perto dela, de uma
maneira silenciosa mostra ao que vem. Ela,
estendendo as suas pequenas mãos, enluvadas, com
luvas de cor verde, recebe a caixa, que o
misterioso viajante lhe entrega, dizendo:
- Vens atrasado!
- Desculpe, Senhora – respondeu, o viajante,
baixando a cabeça, em sinal de respeito,
evitando olhá-la nos olhos. Seriam verdes?
Pensou novamente, mas continuou dizendo:
- Está entregue, agora é a sua vez, Senhora.
- Eu sei, e sei que não vai ser fácil, devolver
a Esperança a todos aqueles, que em 2020
a perderam – respondeu. A sua voz tremia, seria
do frio? Ou do poder, que agora, estava mas suas
mãos, ao receber a caixa da Esperança.
Em redor da caixa, uma luz quase invisível
pairava no ar.
Ao despedirem-se, por breves momentos, os seus
olhos cruzam-se, e o misterioso viajante pôde
finalmente confirmar, a Senhora do manto verde,
era realmente muito bela, e os seus olhos eram
verdes, verdes da cor da Esperança.
A luz da Esperança é a única, que nunca devemos
deixar apagar dentro de nós, devemos sim, tentar
mantê-la sempre acesa, no nosso coração.
"A ESPERANÇA, SÓ A ESPERANÇA,
NADA MAIS, CHEGA-SE A UM PONTO
EM QUE NÃO HÁ MAIS NADA SENÃO ELA.
É ENTÃO QUE DESCOBRIMOS QUE AINDA TEMOS TUDO "
(José Saramago)
Luísa Faria
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Atelier de
Escrita e Leitura Publicado a 4-4-2021 |
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Título:
Dia da Mulher |
Autora: Maria José
Domingos |
DIA
DA MULHER
Dia 8 de Março simboliza uma luta, que
outras mulheres anos antes encetaram para a
melhoria da sua vida, em várias épocas da
história, mas a mais consensual será a dos anos
1909.
Mas hoje a comemoração surge muito em
forma de raminho de flores, e outros vislumbres
do momento.
E é ver os homens de flor na mão, para
apaziguar a sua falta de solidariedade,
companheirismo e disponibilidade para ouvir as
angústias daquela mulher a quem se leva a flor,
mas de quem se conhece tão pouco as suas dores
de alma.
Esta Mulher limpa a casa, cozinha a
refeição, faz compras, trata da roupa, cuida das
crianças, dos pais, dos avós e de muitos mais, e
ainda trabalha no sítio estava disponível para
ela, e assim conseguir alguma independência
económica, ou até mesmo para sozinha sustentar a
família.
Esta mulher esgota-se todos os dias, e
todos os dias se reinventa, na cama que saboreia
como sendo o seu casulo de amor e proteção,
sonha com uma vida diferente e assim ganha
forças para outro dia igual.
Mas também existe a outra mulher que
carrega um filho nos braços flácidos de fome,
caminha por entre pó e lama, não sente os
insectos, nem as plantas que se deixam rasgos e
borbotos na pele áspera, preocupa-se em
incentivar as outras crianças que lhe puxam o
pano que lhe cobre o pano esfomeado, e foge,
foge dos homens, daqueles que lhes levam os
filhos, a maltratam, a violam, e foge!
E são muitas as que fogem dos homens,
quer estejam em situações tão desesperadas ou no
conforto do lar, aí onde ninguém vê e ninguém
ouve, e onde também ninguém quer saber.
E elas fogem e todas procuram o mesmo
amor, compreensão, paz, uma refeição que lhes
reponha as forças e a lucidez de pensamento, ou
só um gesto a dizer que não está só.
Mas é sempre o mesmo, e até já houve
tempos melhores, mas como em tudo até esta
pandemia está a trazer o retrocesso de valores
já conquistados e não me deixa celebrar algo que
não existe.
Penso que o respeito, a igualdade, a
liberdade ainda são escassos para as mulheres, e
aquelas que até os alcançam, nem sempre os
conseguem manter, pois á tantas condicionantes,
a maternidade é a felicidade que nos trama, e a
nossa sensibilidade também.
Não é por acaso que este conceito vai
sendo mencionado, mas de difícil reconhecimento
e aceitação pelos poderes instituídos “ Se as
mulheres estivessem nos lugares de maior poder,
se estivessem na Presidência dos Países com mais
que tudo podem, as guerras acabariam, as
sociedades avançariam e a desigualdade seria
muito mais igual”
E por isso eu não gosto do dia da
mulher.
E é porque todas nós de alguma forma,
somos a segunda hipótese numa fila de
igualdades, claro que somos capazes e que muitos
homens gostarão de ver a nossa capacidade vir ao
de cima em vento suave de ar fresco.
Bem-aventuradas as que conseguem,
porque muitas, mas mesmo muitas são
escravizadas, maltratadas, violadas, agredidas,
principalmente psicologicamente, e na maior
parte das vezes acham que isso é Amor.
Obrigado por ser Mulher, sou só mais
uma, mas todos os dias procuro fazer diferente,
e realmente não me dou bem com o “ Dia da
Mulher”.
6/03/2021
Maria José Domingos |
Título:
Monólogo Frente ao Espelho |
Autor: Eliseu
Pinto "O Gralha" |
MONÓLOGO FRENTE AO ESPELHO
Olha lá, ó seu espantalho
Que estás para aí, feito paspalho
Olhando-te, através do espelho
Será, que não tens mais, que fazer?
Do que estares a tentar ver
Antigas imagens perdidas
Pelos rigores do tempo erodidas.
Sabes bem, que o corpo é velho
Por isso, te dou, este conselho:
Não insistas, na palermice
De quereres parecer, o jovem
Que anda, na tua doidice
A correr, no campo da mente.
Cuida de ti, que é, bem diferente
De te andares, a enganar
Comprando juventude a metro
Só, se for, porque agora
Está na moda, o estilo retro.
Mas tu, que se presume: És, inteligente
E não consta, que sofras de Alzheimer
Põe os óculos e olha-te de frente
Pois, por nasceres, na primeira metade
Do atribulado, século passado
Não deve fazer de ti, um cismado
Com, a escorreita figura antiga
Que ficou, lá muito atrás
Quando, nem tinhas barriga.
Agora, combater a ferrugem
Deverá ser, a tua prioridade.
Para, as dobradiças, não emperrarem
E as tuas, muito usadas pernas, possam
Mais uns bons quilómetros andarem.
Vai gozando, o bom que a vida
Ainda, te pode proporcionar
E não dês confiança, ao sujeito
Que do espelho, te está a olhar.
Se o jovem, que há em ti
Te prega partidas e se esconde
Não ligues! São coisas, da juventude
Dá um piparote no espírito
E verás, que ele responde
Rindo. O que faz bem à saúde.
Não tenhas medo da luz
Nem dos comentários parvos
Que o teu reviver produz
Nos inevitáveis invejosos
Ao verem, que estás vivendo
Irrepetíveis, momentos preciosos.
Eliseu Pinto “ O Gralha “
07/03/19 |
Título: Chegou o
Inverno |
Autor: Luísa Faria |
Chegou o Inverno.
Abro a minha janela, e ao contemplar o
horizonte, num breve olhar, vejo-o. Ei-lo que
chega.
Vem envolto num enorme manto cinzento, adornado
de pequenas partículas de gelo, que ficaram da
geada da última noite de Outono.
Á sua volta ergue-se uma densa neblina,
tornando-o ainda mais misterioso. O seu andar é
pesado e ao mesmo tempo leve.
Sei que carrega consigo uma estrela, que roubou
ao céu, onde guarda as suas joias preferidas, a
Saudade, a Esperança, a Resiliência, a
Perseverança e o Recolhimento.
Vem cansado da longa viagem, e é o último a
chegar. O vento sopra forte, e as folhas oscilam
á sua passagem. No céu nuvens negras, carregadas
de saudades, deixam cair grossas gotas de chuva,
dando-lhe os bons dias.
Por todos é considerado frio, mas também, o mais
especial.
Todos o temem, como temem a velhice.
Será ele e a velhice, sinónimo de tristeza?
Quero acreditar que não. Como esquecer os dias
de calma e serenidade, quando nos oferece a
beleza inigualável das paisagens cobertas de
neve. E quem diz que a velhice é fria e triste,
está seguramente enganado. Pois a velhice também
pode ser, uma calorosa noite, junto da lareira,
na companhia de quem amamos, e de quem nos ama.
Penso que tudo é um ciclo, para que tudo possa
recomeçar e voltar á Primavera.
Respiro profundamente e vou abrir a minha porta,
dando-lhe as boas vindas, convidando-o a entrar.
Chegou o Inverno. (O meu Inverno).
Luisa Faria
Dezembro 2020
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Atelier de
Escrita e Leitura Publicado a 28-3-2021 |
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Título:
Crepúsculos da Luísa |
Autora:
Luísa Faria |
Clique na
imagem para ver em tamanho grande
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Atelier de
Escrita e Leitura Publicado a 8-3-2021 |
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Título:
Antónimos |
Autor: José C. Fael |
ANTÓNIMOS
Nestes tempos de confinamento e escolas
fechadas, dei por mim a fazer mais um inesperado
recuo para os tempos da minha meninice e – vá-se
lá saber porquê – lembrei-me de um episódio
ocorrido há talvez muito perto de setenta anos:
Naquele tempo havia na nossa família Fael o
hábito de todas as terças-feiras fazermos um
jantar familiar. O jantar era em casa dos meus
avós que era uma casa de quinta enorme, com a
particularidade de ter um pequeno parque
infantil com baloiços, um escorrega e um
minúsculo carrocel com cavalinhos, que nós
adorávamos.
No Verão os jantares eram na grande varanda que
corria toda a frente da casa e que tinha uma
vista panorâmica sobre parte da cidade da
Covilhã.
Naquele jantar estavam os meus avós, os meus
pais, o Tio Rui e a mulher, O Tio Alberto e a
mulher e o meu tio Júlio que ainda era solteiro.
E claro que também estávamos nós todos, a minha
irmã e eu e os outros primos todos.
No final do jantar (tantas vezes com as trutas
que o meu avô e pai pescavam nas barragens da
Serra e outras tantas com as perdizes que os
mesmos também caçavam) os adultos tentavam que a
gente fosse brincar para qualquer lado longe da
mesa de jantar para começarem com uma série de
anedotas e histórias só para adultos. Eu, como
era o neto mais velho, tinha curiosidade e
tentava brincar com os outros miúdos e miúdas,
mas disfarçadamente ficava com um ouvido à
escuta.
Claro que na maior parte das vezes, eu não
conseguia compreender as risadas provocadas
pelas anedotas …
E hoje lembrei-me duma que o meu tio Alberto
contou e que passo a reproduzir:
“ A professora de Português do Liceu da Covilhã
estava a explicar o que eram os sinónimos e
antónimos.
E a seguir a dizer uma frase qualquer, ia
pedindo aos alunos que dissessem outra frase com
sinónimos ou antónimos.
Depois de algumas frases mais ou menos felizes e
que os alunos com diferentes dificuldades foram
decifrando, lembrou-se desta para descobrir o
seu antónimo:
- As crianças no escuro fazem asneiras.
Olhou para a turma e perguntou a resposta ao
Ricardo, um aluno que era conhecido por ser mais
“sabido” que os outros e que ficava sempre numa
carteira da última fila.
O Ricardo levantou-se, pensou um minuto bem
medido e afivelando um ligeiro sorriso de
malandrice, respondeu:
- As asneiras no escuro fazem crianças.”
José C. Fael
Fevereiro 2021
VillaLonga |
Título:
As Minhas Bizarrias |
Autor: Eliseu
Pinto "O Gralha" |
AS MINHAS BIZARRIAS
Tenho as minhas bizarrias
E até, arritmias
Num coração adolescente
Gosto de frontalidade
Não olhem, à minha idade
E digam, se estou doente.
Mesmo, que tenha loucura
Ou até, um mal sem cura
O que me dói, é ser ignaro.
Quero saber, tudo de mim
Quer seja, bom ou ruim
Gosto, de tudo bem claro.
Ignorante, sou e fui
Mas, sei que no rio flui
A água doce, para o mar.
Tal, como sei, que na hora
Em, que a vida se for embora
É, a morte, que a vai levar.
Ando pois, treinando a mente
Para, não ser inconsequente
Como, se não houvesse final.
Podem achar, que é loucura
Que não tema, a desventura
Do meu apagão geral.
Não quero, seguir o caminho
Dos outros, sigo sozinho
Sem medo, não me vitimizo.
E quando vier que venha
Só quero, uma vida prenha
Com poemas, sem juízo.
Mas, racionalizando o caso
E desconhecendo o prazo
Que tenho, de validade.
O melhor é, ir nas calmas
Pois, não consta, que as almas
Sejam, fãs da velocidade.
Cá vou indo pois, então
À espera, do Armagedão
Sorrindo, se for caso disso.
Pois, não gosto de sisudez.
Mas, é no gozo da pacatez
Que vou fugindo, ao reboliço.
Eliseu Pinto
“O Gralha“ 14/09/19 |
Título: As Vacinas |
Autor: Lino
solposto |
AS VACINAS
Saiu remessa de vacinas para a mesa do canto,
Finalmente ia chegar a cura,
Para mais uns anitos de ventura,
Mas eis que alguns não compareceram,
E tudo mudou de figura.
E agora? Que fazer,
Problema para solucionar,
Suplentes na lista sem constar,
Imbróglio do caneco que urge resolver,
Antes que o liquido acabe por estragar.
Mas no lugarejo tudo se sabe,
E enlevados por servir,
Acorrem o edil que é inerente,
E com ele vem a mulher,
Mais a vizinha do quarto frente,
Que trás o cão amarrado,
Na esperança de alguma dose ter sobrado.
Dizem ser igual em qualquer parte,
Chico-espertos e gente desenrascada,
As culpas são da Úrsula e dos seus pares,
Que prometeram milhões e serviram milhares,
E do vil metal sempre na vanguarda,
Que tudo compra até na hora errada.
Ninguém queria ser primeiro,
Nem Marcelo, o pioneiro,
Eanes também recusou,
E a enfermeira em desespero, perguntou,
Afinal a quem é que dou?
Até que apareceu um voluntário,
E o homem não tombou,
Dissipando o nervoso instalado,
E logo outros avançaram,
E já foram alguns milhares,
Não tantos quantos queria,
Que a esperança não morra na praia,
Para nos devolver alegria.
Lino Solposto
Oeste, Fevereiro 2021 |
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Atelier de
Escrita e Leitura Publicado a 27-2-2021 |
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Título:
Para o Sr. Ramalho |
Autor: Gilberto de
Paiva |
Para o Sr. Ramalho
Olá amigo Ramalho
Vou dar-lhe a salvação
Não me dá trabalho
É um cumprimento são
Tenho receio que alguém não goste
Assumo a responsabilidade pelo que valho
Para tal tenho de ser forte
Quero homenagear o Sr. Ramalho
Foi isso que ele fez para mim
Não me sinto envaidecido
Os homens quando se respeitam são assim
Também por isso estou agradecido
Fiquei muito sensibilizado
E ao mesmo tempo pensando
Se eu merecia ser agraciado
Por este Sr. de Vila Fernando
Ainda estava em Videmonte
Estava a caminho da P.S.Iria
Lá bebia água boa da fonte
Que era tão amigo não sabia
Pediu-me para não mostrar
Aquilo que o amigo escreveu
Não me quero desculpar
Mas a D. Rosa já leu
ho receio de nada dizer
Tudo o que escrevo a seu respeito
Só espero que me venha a entender
Visto que para isso não tenho jeito
O amigo Ramalho não é exuberante
O que diz tem alma e talento
A sua calma é constante
Não diz as coisas antes do tempo
Depois de em Videmonte passar muitos escolhos
Em julho fui com a D. Rosa visitar uma orada
Nesse dia que recebi a sua MSG de lágrimas se
enxeram os olhos
Tudo isto após uma longa caminhada
Por agora vou terminar
Muito mais deveria de dizer
O meu léxico está a fraquejar
Terei oportunidade de agradecer
Repito a palavra amigo
Para pedir compreensão
Quase nada rima consigo
Por isso peço perdão.
Videmonte, 29/01/2021
Gilberto de Paiva |
Título:
Dão-se Beijos |
Autor: Mário
Oliveira |
DÃO-SE BEIJOS
Dão-se beijos á chegada,
Dão-se beijos á partida,
Dão-se beijos á nossa amada,
Dão-se beijos durante a vida.
Beijo atirado sem direção,
Pode perder-se no caminho,
Mas se for guiado com a mão,
É recebido com mais carinho.
Quem na face der um beijo,
Pode ser só para saudar,
Mas dado com muito desejo,
Pode dizer quero namorar.
E se o desejo for sentido,
Quem recebe vai corar,
Quem o deu fica envolvido,
Quem recebeu vai namorar.
Ao namorar com almejo,
Vários beijos se vão dar,
Mas o beijo que gera desejo,
Só os lábios sabem dar.
Forte da Casa, 21 de janeiro de
2021
Mário Oliveira
|
Título: Tralhara-lhe |
Autor: Emílio
Duarte |
Um inferno no Inverno
Era a terceira tentativa de fuga daquela terra
sangrenta. Na primeira vez, a caminho do
deserto, foram capturados por “Mujahidines” que
os obrigaram a retroceder.
Na segunda, depois de vários dias pelo deserto
escaldante, ei-los frente ao pequeno porto de
embarcações. A espera ia ser demorada sem o
saberem. O barco que lhes fora prometido, e que
os levaria até à liberdade, nunca iria aparecer…
Era assim, mais uma vez, a desilusão de uns
quantos, que tentavam fugir ao inferno da
guerra.
Mas para Amim, vinte e sete anos de idade,
engenheiro mecânico, e apaixonado por aviões,
não era tempo de desistir. A esperança de um dia
poder pisar uma terra sem guerra, era o seu
sonho.
Juntamente com a mulher e filha, refugiou-se
numa pequena tenda de um compatriota que
conhecera algum tempo antes na sua espera
inglória do barco que nunca apareceu. No seu vai
vem constante de e para o porto, conheceu um
homem que lhe indicou a maneira de sair dali.
No dia aprazado, juntamente com a família, Amim
apresentou-se no porto de embarque a meio da
noite. No meio da escuridão nem reparou no que o
rodeava. Passado algum tempo, o barco iniciou a
marcha pela escuridão com todas as cautelas, não
fosse aparecer por ali a polícia marítima.
Quando amanheceu, finalmente clareou para todos
a dura realidade: o pequeno pesqueiro, onde se
encontravam, estava a abarrotar de gente, mal se
podiam mexer. Era certo que a embarcação não
podia suportar o peso de tanta carga. Nas faces
daqueles homens, mulheres e crianças a esperança
por um lado e o medo de regressar eram uma
constante.
Ainda não navegavam há trinta horas, o armador
do barco avisou através do megafone: o motor
está a ficar avariado e vamos andar à deriva. Os
instrumentos de bordo já não trabalham e estamos
com peso a mais. Será necessário libertar peso o
mesmo quereria dizer que alguém teria de saltar
para a água. Entretanto as bagagens dos
“passageiros” foram deitadas ao mar para
aliviarem o peso. Leda, mulher de Amim,
segredou-lhe ao ouvido:
-O que vamos fazer? Teremos de sair do barco?
Será que existem coletes e bóias de salvação
suficientes para todos? – Começava o
tormento!
-Calma, não sabem o que vai acontecer!
- diz Amim à mulher sem soluções á vista.
O medo instalara-se dentro da pequena
embarcação…
Num canto do pesqueiro o mestre da embarcação,
deitava à água bóias de salvação e alguns
coletes para os desafortunados que iriam sair do
barco.
De repente, num gesto de grande violência, o
armador e mestre do pesqueiro, gritaram:
-Vocês aí da proa, só os homens e rapazes, têm
de saltar borda fora. Junto do barco têm bóias
de salvação e coletes!
Os homens, mulheres e crianças gritavam de
aflição. Quase nenhum sabia nadar e os perigos
eram inimagináveis, naquele mar imenso.
Perante a relutância dos “passageiros”, os
chefes do barco, dispararam dois tiros de
intimidação para o ar:
-Saem ou não? – Perguntaram os contrabandistas!
Nessa altura e com medo de serem atingidos, os
homens atiraram-se à água desesperadamente
tentando alcançar as bóias e os coletes. Eram
perto de dezena e meia de homens e mais alguns
jovens, que de repente, desapareciam nas vagas
altas de um mar agitado.
Dentro do barco, instalou-se o pânico com gritos
e choros de raiva pela perda dos familiares. Em
minutos, os corpos daqueles que se atiraram ao
mar, boiavam à superfície sem vida. Daí para a
frente, o mar imenso, engolia aquelas vidas
inocentes…
Algumas horas depois dentro do barco sem rumo,
eis que avistam uma embarcação ao longe. Esse
navio também os avistou dirigindo-se ao seu
encontro. Os restantes “passageiros” da pouca
sorte, lá aguardaram que os “salvadores”
chegassem.
Quando o barco maior se aproximou, logo o mestre
do pesqueiro exclamou:
-Piratas! São piratas!
Logo três homens armados saltaram para dentro da
embarcação e tomaram conta do seu destino.
- Quem é o comandante? Perguntaram do barco dos
piratas.
- Eu, afirmou o mestre!
- Então trate de juntar todo o dinheiro e
valores, seus e dos passageiros e entregue aos
meus homens, imediatamente, se não querem
regressar de onde vieram!
Alguns minutos depois os piratas regressaram ao
seu barco com dois sacos que entregaram de
imediato ao seu chefe. Após breve conferência
entre si os piratas decidiram afastar-se do
pesqueiro sem mais delongas.
O afastamento do barco dos piratas permitiu aos
“passageiros” do pesqueiro continuar à deriva no
oceano ao sabor da sua sorte. Sem agasalhos para
o frio, sem alimentos, e sem água, exaustos pelo
sol de dia e pelo frio à noite, de tão fracos
estavam que, alguns já pouco se moviam.
Dois dias depois do assalto dos piratas são
novamente avistados por um barco. Sem saberem, o
pesqueiro estava a um milha mais perto da costa
italiana. Quando o barco chegou junto deles,
logo se aperceberam da desgraça humana que
tinham na frente. Era um navio patrulha da
marinha italiana que os socorreu em condições
humanitárias e transportou os sobreviventes,
entre eles, Amim e a mulher já muito fraca.
A filha pequena, não sobreviveu ao inferno da
fome, sede e do frio. Os pais inconsoláveis,
aguardavam a passagem por terra, a fim de
fazerem o funeral da pequenina, o qual teve
lugar num cemitério italiano à chegada depois de
cumpridas as formalidades especiais.
O armador do pesqueiro, com receio de ser punido
por transportar pessoas e fazer transportes
ilícitos, atirou-se ao mar para não ser julgado
na justiça italiana. O mestre, foi preso e
entregue às autoridades.
Os restantes sobreviventes tinham agora outro
inferno para enfrentar: o inverno Europeu que os
esperava em Itália e na restante Europa, fossem
quais fossem os seus destinos.
Autorizados a ficar na Europa, a família de
Amim, recebeu alguns subsídios do governo
italiano para fazer face à sua sobrevivência.
Porém o seu sonho ainda estava longe de se
realizar. As suas ideias estavam bem claras:
queria emigrar para a Alemanha, onde pudesse
exercer a função de engenheiro mecânico. O seu
hobby era o xadrez. A sua mulher já recomposta
do abalo da fuga, sonhava voltar ao ensino,
agora ensinando na Alemanha a sua língua.
Na Síria de onde são naturais, a guerra não tem
fim. O casal tinha medo de algum dia ter de
voltar. Gostariam de um trabalho condizente com
as suas habilitações técnicas e literárias, na
Europa.
Quando a vida lhes permitiu, decidiram
abalançar-se em mais uma etapa das suas vidas.
Saíram da Itália e passaram por França com
destino à Alemanha.
Pelo meio, foram vivendo situações de desespero,
motivadas pela dificuldade de fazer face ao
Inverno rigoroso que a Europa está a suportar.
Amim reparava que a maioria tinha poucos
haveres, uns tinham sacos outros ainda possuíam
colchões velhos onde se deitavam ao ar livre sob
um frio gélido, que mais parecia um leito de
morte.
Amim quis sair desta situação por ter medo de
ser incluído naquela multidão de migrantes,
cujos destinos mais prováveis seria o regresso
às suas origens.
Como se as condições climáticas de frio e neve,
normais no velho continente não chegassem para
dificultar os caminhos daquela família, a chuva
forte começou a cair com intensidade nesses
dias.
Sem habitação, sem dinheiro, sem quaisquer
condições, só lhes valendo as organizações
humanitárias, para resistirem ao inferno do
Inverno rigoroso, chegaram à Alemanha, etapa
final de uma aventura que já tinha causado
vítimas, e onde foram acolhidos por organizações
altruístas.
Após alguns meses, sob o patrocínio de
organizações não governamentais, tiveram
oportunidade de se integrarem na sociedade alemã
e aprender a sua língua, resultante da política
do governo para os refugiados.
Passado um ano, Amim é quadro numa empresa de
automóveis na Baviera e a mulher Leda, é
professora de árabe na mesma região, e neste
momento, estão à espera de um filho…
Emílio Duarte
8/12/2019 |
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Atelier de
Escrita e Leitura Publicado a 19-2-2021 |
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Título:
Um amigo improvável |
Autor: Emílio Duarte |
Um amigo
improvável…
Desde que mudei para terras Alentejanas que
conheci um amigo improvável que me saúda
alegremente todos os dias. É impressionante a
assiduidade e generosidade de certos seres vivos
no dia – a – dia, serem de uma dedicação
invulgar, que, se alguns humanos soubessem, a
vida, - toda ela - talvez se tornasse mais
fácil.
Existe no meu terreno, várias árvores de frutos,
desde um pessegueiro, duas laranjeiras, dois
limoeiros e duas nespereiras, além de uma dezena
de oliveiras e uma romãzeira que teima em não me
satisfazer com os seus deliciosos frutos. Sem
expressão significativa, existe uma pequena
horta, onde conforme as estações do ano, a
natureza faz o favor de nos deliciar com couves,
alfaces, tomates, favas e cebolas.
Debaixo de uma árvore com frondosas folhas que
me protegem do calor, é hábito perder-me em
pensamentos perante a beleza dos seus ramos.
A vida do campo tem a particularidade de, quando
nos entranhamos no seu interior, apercebermo-nos
de fenómenos que transcendem a nossa
compreensão. Neste caso, refiro-me em concreto
ás aves de pequeno porte.
Voam, pousam, voam e voltam a pousar. É uma vida
alegre, a vida das aves, sejam elas grandes,
médias ou pequenas. Esta pequena história que
vos conto, tem a ver com uma pequena ave -
pardal - que todos os dias visita a árvore onde
eu gosto de me recolher em pensamentos.
É um caso absolutamente normal, pois todos nós
sabemos o que os pássaros fazem. Porém, o que
mais me chamou a atenção para com o meu “amigo”
passarinho, foi a sua “pontualidade” na chegada
diária aos ramos verdejantes da “minha” árvore.
Parecia uma combinação pré-estabelecida, e todos
os dias, aí estava ele sensivelmente á mesma
hora no ramo da árvore por cima da minha cabeça.
Pousava, cantava, era correspondido por outro e
passado algum tempo, voava para um telhado em
frente e passado um tempo regressava aquela que
agora era também a sua árvore.
Costumo estar naquele local sempre ao fim da
tarde aproveitando a frescura do dia. Um dia
reparei que o minorca, tal é o seu tamanho,
aparecia sempre por entre a folhagem dos galhos,
saltitando de um para o outro cantando no
chilrear jovem e, ali ficava tempo suficiente
para me encantar.
A sua rotina é diária pois a árvore é abundante
e tem muito por onde saltitar e as folhas
viçosas, são um chamariz apetitoso.
A minha surpresa foi sem dúvida, o horário,
sempre tão rigoroso, à mesma hora, que me
impressionou. Estou convencido, que não se trata
de nenhum fenómeno, mas gostava de compreender,
como os animais pensam, para nos surpreenderem…
Emílio Duarte
Agosto de 2020
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Título:
Acta única |
Autor: Lino
Solposto |
ACTA ÚNICA
Quinze horas de vinte de janeiro,
Entrou em marcha o projeto pioneiro,
De porta aberta,
Sem entrave ou barreira,
Onde se irá cantar, declamar, bailar ou tocar,
Cada um à sua maneira.
Veio gente de todo o lado,
Até da Câmara omissa,
Vai ser preciso aumentar a tela,
Para que todos caibamos nela.
Leva a Inês ao leme,
O convés a abarrotar,
Vai zarpar a Nau da Resistência,
Que terá muito para contar.
Entraram os acordes do Tomé,
A música inundou o ar,
Mas logo acudiu Domingos Barbosa,
Para desfazer o equívoco,
Que teria ficado a pairar.
Afinal o sete, não é o de Lisboa,
E os do Porto são do Benfica,
O que se estaria a passar?
Temos nova versão da história?
Instalou-se a dúvida na plateia,
Mau, mau, há qualquer coisa de errado,
Mas, afinal não havia,
E toda a gente percebeu,
Depois da forma como foi explicado.
Aplausos para o esmero dos Paivas,
Naquela rábula de humor,
A Florença sem tempo, e o tempo da poesia,
Ainda o Tomé para encerrar,
Fim da primeira parte, toca a despachar,
Que a segunda não tardaria a começar.
A Rutis marcou posição,
E não o fez com um qualquer,
Com a presença do Luís Jacob,
Teremos compromisso para o que der e vier.
Mas o Zoom, ainda está longe de afinado,
Que o digam a Lurdes e o Carrega,
Que entrando em contramão,
Interromperam o orador convidado.
Eliseu, de cognome o gralha,
Logo se lhe seguiu,
E após as primeiras notas da guitarra,
Voz maviosa surgiu,
Contrastando com a tristeza e nostalgia
Que Maria José disse que sentia.
Até que a chuva, forte e impiedosa,
Inda Leticia mal começara,
Aborta o sinal periclitante,
De um eremita num Portugal tão perto,
E ao mesmo tempo tão distante.
Oeste, 20.01.2021
Lino Solposto |
Título: Tralhara-lhe |
Autora: José C.
Fael |
TRALHARÁ-LHE
Dei-me conta agora que o nosso Presidente
Marcelo (voltei a votar nele) já não aparece em
directo na TV nem noutras notícias, há mais de
uma semana.
Para quem como ele que aparecia em tudo quanto
era sítio, conseguia aparecer nos noticiários em
meia dúzia de sítios diferentes num só dia e de
Norte a Sul do País, que quando um avião aterrou
dentro de um armazém em Tires apareceu antes de
alguns bombeiros, que apareceu com tudo a arder
nos incêndios florestais do centro e sul do
país, que apareceu logo a seguir a qualquer
acidente de qualquer tipo desde que tivesse
relevância para interessar ao Correio da Manhã
TV, que estava em "todas" com as suas
inesquecíveis selfies, que opinava sobre tudo e
qualquer assunto, agora ... "desapareceu".
Estará doente ?
Estará a estudar e conferenciar sobre o governo
presidencial que várias figuras da nossa praça
vaticinam ?
Estará desconfortável porque em tudo o que
apoiou o Governo quanto à Pandemia e às Vacinas
(ninguém pode dizer como se deve fazer, porque
nunca aconteceu uma coisa destas) afinal as
decisões foram erradas, dramaticamente erradas e
centenas de pessoas estão a morrer por causa
delas ?
Então não tem nada a dizer sobre estas
(esperadas) trafulhices com a administração das
vacinas ?
Na minha opinião, um político, para além de
muitas outras qualidades que todos referenciam,
tem de conseguir prever acontecimentos e para
isso tem um enorme staff à sua volta,
consultores, adjuntos, secretariado ...
E também tem que ter convicções e coragem para
decidir.
Governar é tomar decisões !!!
E foi então que me lembrei de uma figura típica
de há mais de meio século que na minha terra
natal, a Covilhã, numa situação destas, diria:
-
Tralhará-lhe acontecido alguma coisa ?
José
C. Fael
VillaLonga, 6 de Fevereiro de 2021. |
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Atelier de
Escrita e Leitura Publicado a 7-2-2021 |
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Título:
Outono na Quintinha (4, 5, 6) |
Autora:
Luísa Faria |
Clique na
imagem para ver em tamanho grande
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Atelier de
Escrita e Leitura Publicado a 7-2-2021 |
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Título:
Laços de Outono |
Autora: Luísa Faria |
Laços de Outono
O Outono está aí, e a natureza
volta a pintar-se de cores plenas de amarelos,
laranjas, vermelhos e castanhos.
As temperaturas vão diminuindo e
as árvores dançam ao som de um amargo lamento do
vento, deixando que os ramos libertem as suas
folhas.
Cheiros diferentes pairam no ar.
É o regresso do vendedor de castanhas, dos bolos
de canela, dos marmelos assados, no forno de
lenha. É a alegria de cortar os cachos de uva,
na vinha para fazer o vinho novo.
É a leitura de um livro, no
aconchego da lareira, que se volta a acender.
Outono e livros, uma perfeita
combinação, discreta e elegante.
Adoro o Outono e adoro os livros,
e, é de livros que vou falar.
Desde muito cedo, que tomei o
gosto pela leitura, e acho mesmo, que mais
depressa aprendi a ler, do que a escrever.
Há dias, ao passar os olhos pelas
notícias, uma em especial, despertou em mim,
boas memórias do longínquo Outono, de 1970. A
notícia em questão, referia-se à Fundação
Calouste Gulbenkian, que iria disponibilizar
centenas de edições online, gratuitamente, a
partir de 22 de Setembro 2020.
Achei, deveras interessante a
coincidência, pois faz precisamente 50 anos, que
tive o privilégio de me tornar uma leitora
assídua, dos livros que as bibliotecas
itinerantes, com as suas emblemáticas carrinhas,
de cor cinzenta, levavam de forma gratuita, à
população mais carenciada, do interior de
Portugal.
Depois de ler a notícia, a minha
memória voou à minha frente, e não resisti a
procurar se tinha escrito algo daquele dia, no
meu velhinho diário.
Folheei as folhas já um pouco
amarelecidas pelos anos, e lá estava o que tinha
escrito, no dia 22 de Setembro de 1970.
“22 de Setembro 1970
Desde cedo, que a chuva não pára
de cair, e o vento sopra com muita força, para
nossa tristeza. O São Pedro não dá tréguas,
parece querer estragar o nosso dia de festa.
Cá em casa, todos estamos muito
irrequietos e impacientes, e a Mãe, para nos
acalmar, vai dizendo:
- Meninos! Sosseguem que o sol
ainda vai aparecer.
Eu, então sou a pior, não páro
quieta, para desespero da minha Mãe, mas com
muita paciência, ela lá conseguiu que eu
estivesse quieta e finalmente conseguiu acabar
de entrançar o meu longo cabelo preto, dividido
em duas tranças, às quais, querendo eu ou não,
ela, quando terminou, colocou dois enormes laços
azuis de fita de cetim.
Apesar de me chamarem “Maria
rapaz”, adoro as minhas longas tranças, mas
nunca gostei de usar laçarotes no cabelo.
A Mãe, sabe que eu, à primeira
oportunidade os vou tirar, então apertou-os o
mais que pôde, para me dificultar o trabalho, e
com cara de respeito, olhou para mim, e disse:
- Luísa, nem penses tirá-los
hoje, antes da festa terminar! Reforçando, ainda
disse:
- Ouviste Luísa? Abanei a cabeça,
respondendo que sim. Também pudera, não tinha
outro remédio senão obedecer, não iria estragar
o dia, para isso já tínhamos o São Pedro.
A meio da manhã, finalmente o sol
irrompeu por entre as nuvens, para nossa
alegria.
Na vila, depressa o largo se
encheu de novos e velhos, mas não foi preciso
esperar muito, logo se ouviu ao longe, o barulho
de um carro, aproximando-se, o que fez, com que
todos virássemos a cabeça na sua direção. E eis
que, uma enorme carrinha, de cor cinzenta e de
chapa ondulada, vinha dirigindo-se para o largo.
Cuidadosamente, o motorista,
executando uma manobra, passou por entre a
multidão e estacionou junto do edifício do Café
Central.
Finalmente, a tão aguardada
carrinha da Gulbenkian, tinha chegado, e com ela
muitos livros, que eu espero ansiosamente, poder
ler.
Querido Diário, o dia está a
terminar e eu estou muito feliz. A festa correu
muito bem. Já agradeci ao São Pedro, por não ter
deixado a chuva estragar a nossa festa.
Ah!!, e ainda tenho os laçarotes
nas tranças!...
Eu”
Sorri, quando terminei de ler o
que tinha escrito naquele dia, e pensei…
Coincidência ou não, como
imaginar que, 50 anos depois, eu poderia ler os
mesmos livros, de uma maneira tão diferente e
inimaginável naquele tempo.
Como tudo mudou em 50 anos, mas o
que é meio século?
Luísa Faria
Outubro 2020
|
Título:
Nem Só de Pão Vive o Homem |
Autor: Gilberto
de Paiva |
NEM SÓ DE PÃO VIVE O HOMEM
Foi assim que Jesus Cristo respondeu
ao espírito mau quando O tentou seduzir no
deserto depois de jejuar quarenta dias e
quarenta noites, quando LHE disse para
transformar todas as pedras em pão.
Quero com isto dizer que há mais vida
para além do dinheiro, da ganância dos homens e
até da própria vida faustosa que muitos de nós,
seres humanos, fazemos. E digo nós porque,
eventualmente, também posso estar incluído
nesses tais seres. Quem sou eu para me pôr
acima dos outros? Não faço essa vida, na medida
em que, não tenho condições para tal em
comparação com muita gente dessa. Não quero com
isto criticar alguém, de maneira nenhuma, as
ações ficam com quem as pratica. Quem me conhece
sabe que nunca ousaria, pensar sequer, usar a
minha abundância para menosprezar queles mais
humildes.
Ao parafrasear desta maneira esta
minha epístola, se é que assim a posso chamar,
quero lembrar a vida social que nós alunos da
U.S de V.F. Xira levávamos antes da pandemia.
Para isso basta lembrar os sãos convívios que
tínhamos, nomeadamente, as tais visitas de
estudo acompanhadas de grandes almoços. Não nos
servíamos só do que vinha para a mesa como
também havia uma amena cavaqueira. Tínhamos os
almoços de Natal seguidos de um bailarico. Não
me posso esquecer dos célebres magustos, agora
que se está a aproximar o dia de S. Martinho,
onde a confraternização se fazia de um modo
muito salutar que além da vida social entrava a
ação feita por aquela Senhora que todos nós
lembramos com saudade, penso eu e creio que não
me engano, a Prof. Josepha que contribuiu para
que fossem distribuídos alguns cabazes a
famílias mais necessitadas da Póvoa de Santa
Iria, é lógico, que para isso teve a ajuda de
vários colegas, principalmente de Sr. Ramalho.
Depois a receita que resultava da disciplina das
Danças e Cantares, aquando da apresentação na
Filarmónica de Alverca, que era oferecida aos
Companheiros da Noite.
Isto sim era ação social.
A U.S. ficou a dever-lhe muito, espero
que não seja esquecida por quem tem obrigação de
a lembrar. Que a sua alma descanse em paz.
Como disse de inicio não era só
aprendizagem, aprendemos aprendendo, adquirimos
muitos mais conhecimentos, arranjámos amizades,
que se calhar muitos de nós pensávamos que com a
nossa idade já não arranjávamos e que vão
perdurar. Muito mais havia para dizer, fico por
aqui para não ser aborrecido.
Póvoa,25/10/20
Gilberto de Paiva |
Título:O Rio |
Autora: Maria
José Domingos |
O RIO
O rio hoje estava coalhado de ilhas, milhares de
minúsculas ilhas verdes, todas diferentes, quer
no tamanho ou forma.
As ilhas deslocam-se
pelo rio, mansamente, flutuam ao sabor da mansa
corrente, não se predem, nem oferecem qualquer
obstáculo, só flutuam, ora no sentido da
nascente e depois mais tarde, caminham para a
foz.
Algumas levam
gaivotas pousadas, outras até têm um tamanho
razoável para barco temporário, de gente muito
muito leve, lembram berços, ondem pequeninos
braços podem espreguiçar.
Mas também nos fazem
lembrar como a Natureza flutua e se desloca, sem
agarras, sem apegos, sem pensar onde fica a
casa, onde nasceram, e porque nasceram, só
deslizam e se por sorte ficarem numa margem a
ganhar tempo, então a seu tempo as belas flores
azuis surgirão, e são mesmo belas e perfumadas.
Como pode o belo ser
destrutivo, e se o é, pois todas estas pequenas
ilhas são de jacintos, planta que infesta
rodos os pequenos ribeiros e riachos, quando
olhamos vimos uma beleza enorme, mas esta planta
retira o oxigénio e a luz da água, e assim os
pobres peixes e outros seres, sufocam á mingua.
Os jacintos são
invasores das nossas águas, sim porque eles só
vivem bem rodeados e mergulhados de meio
aquático, e ainda me lembro como eles começaram
a povoar os nossos cursos de água, alguém tinha
trazido uma planta gira, que nem precisava de
muito para viver, só muita água, mas que se
reproduzia imenso, e de cada vez que se lhe
renovava o habitat, a água, pelo caminho que vai
dar ao rio iam sempre umas minúsculas sementes,
e começou a infestação.
E infestação porquê?
Ora porque não é faz
parte da nossa flora nativa, vêm de outros
lugares onde a sua reprodução se faz de forma
diferente.
Claro que a planta,
continua a ser a mesma, só que em grande
quantidade, causando problemas em quase todo o
sítio onde chama seu, mas não é a planta a
culpada, não! pois é só uma simples planta e
precisa de uma mão que a transporte, que a
coloque na água, que lhe dê o alimento e a
cuide, e vivendo em clima diferente
desequilibra a Natureza, pois não têm
predadores por aqui.
E é assim que de uma forma
simples, e aparentemente inocente o Planeta vai
sofrendo pequenas, grandes agressões, e depois
têm que se sacudir um pouco e dizer aos seres
humanos que também eles podem levar na mão o seu
pequeno inimigo, e passa-lo no mais
insignificante gesto de ternura.
Respeitemos pois
aquilo que é de todos, que é a casa onde
vivemos.
Fico mesmo triste por
ver agora umas nossas flores azuis, na beira dos
passeios, dos caminhos, onde calha, e que nós
tínhamos colocado na cara momentos antes, mas se
ninguém as apanhar do chão, quando a chuva forte
vier, levá-las-á para o rio e os mares fora, e a
comida dos seres que nessas águas vivem serão
estas flores azuis a que chamamos
máscaras.
Aproveitemos o tempo
de recolhimento da Natureza, vivamos esse tempo
para nos olharmos de perto, e não com
distrações, saboreemos o calor da nossa casa,
para que depois na Primavera possamos soltar os
braços ao sol morno, e caminharmos fortes
sentido o cheiro das flores que perfumam os
ares.
Com Amor
29/11/2020
Maria José
Domingos |
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Atelier de
Escrita e Leitura Publicado a 28-1-2021 |
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Título:
A Moda dos Laçarotes |
Autora: Maria Fernanda
Calçada |
A MODA DOS LAÇAROTES
Ao ser-me sugerido um texto, pequeno, ou nem
tanto, sobre os tempos em que se usavam laços no
cabelo, o primeiro pensamento foi para aquelas
imagens não muito antigas, das meninas das
escolas soviéticas, com os seus monumentais
laçarotes e as carinhas sem sombra de um
sorriso.
Nos meus tempos de menina, também os usei
(embora de tamanho mais comedido…) e lá fui eu
procurar fotos que o documentassem; encontrei
algumas e até numa delas ostento não um, mas
dois!
Numa outra estou na praia com um fato de banho,
uns óculos na mão (lembro-me muito bem de que
tinham os aros brancos e as lentes amarelas) e
um laço todo caidinho, talvez porque eu já
andara na água…
Numa outra, tirada em estúdio, sentada numa mesa
e com um ramo de flores na mão, ostento um laço
todo repenicado. Imagino que a minha mãe o
tivesse ajeitado para ficar bem na foto!
Sempre tive um cabelo farto e rebelde e essa
condição dava azo a muito choro e alguma
impaciência da parte da minha mãe. Se algumas
ocasiões houve, em que ela me penteava
amorosamente e com muita calma, sinceramente, e
quero acreditar que as tenha havido, não tenho
lembranças delas; Recordo sim as nossas lutas,
comigo a tentar fugir às suas mãos na altura de
ir para a escola ,toda aprumadinha na minha bata
branca e o laço a condizer. Mais tarde, no
colégio voltei a usar um laço, quase sempre de
cor azul para condizer com a bata própria e que
tinha o emblema do Damião de Góis bordado. Mas
não foi por muito tempo pois começavam a usar-se
as bandoletes e os laços foram ficando relegados
numa qualquer gaveta.
Maria Fernanda
Calçada |
Título:
Dia de Reis |
Autor: Gilberto
de Paiva |
DIA DE REIS
Gostaria de cumprimentar toda a comunidade
académica
Ao mesmo tempo desejar-lhes felicidades
Desejando que passe esta patologia pandémica
E dizer-lhes que dela (comunidade) já tenho
saudades
Desejar-vos bom ano acho que não me fica mal
Sendo que faz parte da boa educação
Dar um abraço a todos por igual
E dizer-vos que o faço com elevação
Não vos quero maçar mais
Penso que vai dizer algo alguém
O que escrevi e as intenções são reais
O homem vale pelo que é e não pelo que tem
Tudo o que escrevi e disse foi com sinceridade
Se dissesse o contrário mentiria na verdade
Despeço-me com simpatia , estima e amizade
Com esperança que nos voltemos a encontrar na
Universidade.
Póvoa,06-01-2021
Gilberto de Paiva |
Título:
Espírito Natalício |
Autora: Arlet
Alves de Sousa Pereira |
ESPÍRITO NATALÍCIO
|
|
agora que é Natal”...
A gente olha o Céu e agradece...
Olhando aquela estrelinha, lá mais ao
longe...! |
Homens do Mundo, vamos celebrar...
Rasteirar a Pandemia e, o Virús “matar”!
Aconchegando os estomagos e cantar, cantar...
Entre harmonia, sentir os sinos tocar, tocar
Num vaivém de vozes e melodias...
É dia de festa, nasceu Jesus...menino tão belo!
Salvador dos homens...A Ti, eu apélo
Senhor Jesus, Faz-nos acreditar na
esperança
Na doçura e no amor, do Teu olhar...!
Sejamos amor e confiança...
Versando Poesia e esperança
Lembrando as crianças e seu sorrir
E, em cada um de nós...seu “beijo abrir”
Abraçando o velhinho, beijando suas mãos
Dizendo-lhes palavras “doces”, aquietando seu
coração!
Com vacina ou sem vacina...a gente vai, se
divertir
Moderadamente e conscientes, numa aprendizagem
total
“E, agora que é Natal”, tudo vai ficar bem...!
Confinados ou não...
A gente gosta de viver...não tem sido fácil!
Pois não, pois não...não, não
Haja alegria, paz e amor, determinação!
Tudo passa, tem que passar!
Vamos dar o nosso melhor, descontrair e amar,
amar
Haja felicidade, muitas venturas para 2021
Não tenhamos medo: “E, agora que é Natal”...
Mil beijos ao Mundo, há humanidade e, cuidai-vos
amigos!
Com um olhar de saudade, “a todos que
partiram”...!
Bebamos então, um trago de Porto, uma razão...
Saborendo também, a bela da sericaia com
cheirinho a canela e contemplação...
Bolo-rei tradicional e felicidade; muita paz,
muita paz, paz...
Aos corações desassossegados, sejais
resilientes...
Ao vosso jeito, estai atentos...
Sensibilizados cantai, cantai, cantai nesta
quadra natalícia
Sêde afáveis e dai as mãos, porque agora é
NATAL, NATAL; NATAL
Tornai o Mundo melhor, com o vosso amor, vossa
garra e paz!
“E, agora que é Natal”: cantai com os
anjos ALELUIA, ALELUIA ALELUIA!!!!
Arlette
Alves De Sousa Pereira |
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Atelier de
Escrita e Leitura Publicado a 20-1-2021 |
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Título:
Outono na Quintinha (1, 2, 3) |
Autora:
Luísa Faria |
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Esta
imagem a servir de fundo, é uma fotografia de Mário
Oliveira, para ver no tamanho total,
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Atelier de
Escrita e Leitura Publicado a 19-12-2020 |
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Título:
Podas para que vos quero |
Autor: Lino Solposto |
PODAS PARA QUE VOS QUERO
Com o advento do outono a trazer ventos fortes e
alguma chuva, e a consequente queda das folhas,
começa a época da poda nas frutíferas, e a
exemplo do que nos é dado para observação em
grandes plantações na berma das estradas deste
país, também aqui pelo Oeste iniciámos este
ritual que irá condicionar o aparecimento de
bons frutos.
Abordando concretamente a videira, o interesse
já vem da remota infância, quando, coincidindo
com as férias escolares, as férias grandes como
lhes chamávamos, tinha oportunidade de ir
vindimar, ou com maior rigor, fazer companhia
aos vindimadores. Comia mais do que apanhava,
mas o meu avô nunca deixou de me convidar.
Lembro com saudade a hora da pausa, toda a malta
de roda dum velhinho alguidar, onde, no centro
das batatas cortadas a meio cozidas com pele,
assentava uma caçoila com bacalhau cozido
lascado, regado generosamente com azeite da
lavra, alho laminado e meia dúzia de gotas de
vinagre para dar gosto. O gesto era mecânico, em
todos aqueles anos foi assim, não havia prato
nem faca, só o garfo por companhia, que em riste
ia em busca da batata, que, já sem pele,
mergulhava e absorvia, antes do destino.
Entretanto, e para não embuchar, o palhinhas
entrava em ação e rodava, ora num, ora noutro
sentido, e ia ficando cada vez mais leve. Para
descanso de alguns espíritos devo dizer que não
chegava para mim, mas que fiquei com
curiosidade, sim, fiquei.
Está explicado a origem do meu interesse na
videira, a hora de manducar foi só um
acrescento, situar no tempo, dar testemunho de
um passado ainda não muito longínquo, também só
possível porque naquela época as coisas estavam
cristalizadas. Por exemplo, toda a gente sabia
que a escola primária reiniciava a sete de
outubro e a secundária a três, se não
coincidisse com um domingo, bem entendido. Havia
um ministro, era mais fácil. Hoje para além do
ministro que dizem que não ministra, tem um sem
número de parceiros que evito enumerar para não
correr o risco de involuntariamente me esquecer
de algum, e todos dão bitaites, e por via disso
torna-se complicado uma data de reabertura que
satisfaça toda a gente.
Tem um pequeno pormenor. Aprendi e já
experienciei que a lua fase minguante é a
preferida para este tipo de sessões, podas.
Podem ser feitas noutra altura, mas não é
aconselhável no crescente, quando se regista na
cepa maior atividade da seiva, daí que, após
cada corte a inevitável “lágrima” surja. Ora se
quisermos que ela seja nossa amiga, é sensato
que não lhe inflijamos sofrimento.
A
poda define a harmonia, é essencial para a
perenidade e saúde da vide. Poda curta ou poda
longa, não dispensa um exame prévio para
ajustar a carga. Dela hão de sair brotos e
destes os esperados cachos que fundamentam a
fase da vindima. Uma poda curta com poucos
olhos, numa videira vigorosa, não serve as
expectativas da planta, que sente que pode ir
mais além, “esperneia" solta rebentos, filhas,
não poucas vezes surgem até netas (das varas),
descurando a parte lúdica, os cachos, essenciais
para o produto final.
A
literatura vinícola tem fartos exemplos e
maneiras de as fazer, as podas. Existe até uma
lenda relacionada, cujo personagem, um burro,
teria passado por uma vinhedo à hora do almoço,
ou seria do jantar?, e não resistiu ao banquete
que estava à sua mercê. O lavrador maldisse o
jumento aos quatro-ventos, mas na hora encheu a
adega. Procurou-o para a safra seguinte, mas em
vão. Agora podia recorrer à panóplia de redes
sociais, e seria mais fácil encontrá-lo.
Quem tiver plantas, frutíferas ou outras, não
deixe de podar. A saúde o bem estar, até o humor
delas, dependem desse ato tão simples e básico.
Uma tesoura apropriada, um serrote bem afiado,
devidamente limpos e desinfetados, tempo
disponível, uma boa dose de carinho, é o
suficiente.
Não se esqueçam de se cuidar.
Atelier de Escrita
Novembro 2020
Lino Solposto |
Título:
Novo Ano |
Autora: Maria José
Domingos |
NOVO ANO
Novo Ano, nova esperança, vida nova, tudo vai
ser diferente, este ano é que vai ser o tal.
Frases que quase
todos repetimos, quase todos dizemos no primeiro
dia do Ano, mas lá para o dia 6 ou 7 já perdemos
algumas, ou porque ainda não fizemos nada de
diferente, ou porque a esperança está menos
nítida.
Mas vamos fazer deste
Ano um Ano diferente, e vamos começar pelo
cuidado connosco, vamos mimar-nos como mimamos
os outros.
Agora está muito
frio, mas comecemos agora aquela caminhada que
estamos sempre a adiar, o nosso corpo está a
precisar de se mexer, ele começa a estar zangado
connosco, pode ser depois do almoço, já está
mais quentinho.
Mas também podemos
dançar, coloquem uma música que vos provoque
ritmo e estendam os braços, alonguem o tronco em
movimentos fluidos, sintam-se bailarinas
dançando em nuvens de algodão, imaginem-se um
pássaro a dar voltas no ar aos primeiros raios
de sol, soltem-se, e abram os braços á vidam,
sorriam a cada manhã.
Vamos dar um passo de
cada vez ao nosso bem-estar físico e emocional.
Se tiverem um cão,
passeiem mais tempo com ele, brinquem mais,
sintam-se crianças despreocupadas.
Se tiverem um gato,
usem a sua traquinice para rir, aproveitem o seu
fofo mimo.
E sim façamos deste
um Ano um ano bom para nós, escolhamos
movermo-nos.
Movermo-nos em
direcção ao abraço desejado
Movermo-nos para o
aconchego do coração
Movermo-nos para
criar aquele texto á muito imaginado
Movermo-nos para os
passos no caminho deserto de gente
Movermo-nos para a
nosso cuidado com responsabilidade
Movermo-nos por e
para nós mesmos
Só simplesmente
movermo-nos.
No final deste Ano
estaremos melhor de certeza, porque assim o
conquistamos com o coração aberto para a vida.
Sejam felizes
5-1-2021
Maria José Domingos |
Título:
Bactírios |
Autor: José
C.Fael |
BACTÍRIOS
Nestes difíceis tempos de
epidemia que pelo menos me tem dado oportunidade
para pensar em tudo e mais alguma coisa, dei por
mim (lá pelas cinco da manhã) a matutar em como
terá começado o AMOR.
Sim, porque tudo tem um princípio
(e deverá ter um fim, nada é eterno ...)
incluindo o Universo com o tão falado Big Bang.
Então como é que começou o AMOR ?
Consultei a NET, horas e horas de
buscas, reli resumos de livros sobre o amor,
falei com muitas pessoas ilustradas que costumam
saber tudo, mas sem qualquer resultado; ninguém
me explicou como nasceu o AMOR.
E quem me conhece, sabe que eu
não sou de me ficar com estas situações: Se
ninguém sabe, então aqui está uma tarefa
tentadora e provocatória para eu descobrir como
foi que nasceu o AMOR.
Excesso de auto confiança nas
minhas capacidades ?
Vamos ver:
Sabem qual é a diferença entre
uma bactéria e um vírus ?
Ambos são invisíveis a olho nu,
mas uma bactéria é um ser vivo unicelular e um
vírus não passa de uma partícula infecciosa.
Não me vou alongar com mais
explicações científicas, mas uma bactéria é
muito mais que uma porcaria de um vírus que para
se reproduzir tem de descobrir uma célula
hospedeira de que se apodera e põe a trabalhar
para si.
Como ser vivo que é, uma bactéria
nociva (porque as há boas para nós, os humanos)
combate-se com um antibiótico, enquanto um vírus
ainda não se sabe bem como se combate e a melhor
maneira é evitar que ele entre dentro de nós,
nomeadamente tomando vacinas que estimulam as
nossas defesas naturais.
Pois eu cá para mim, penso que há
cerca de 350 mil anos quando se considera que o
Homem começou a pensar (Homo Sapiens), um dos
exemplares (provavelmente feminino) apanhou um
vírus ao beber água salobra ou outra coisa
qualquer (para o caso não interessa). E este
vírus, talvez por inexperiente, alojou-se numa
bactéria boa ( as únicas que nesse tempo
existiam no corpo humano ...), que confundiu com
uma célula normal.
A bactéria reagiu, mas o vírus
era persistente e nada o demoveu pelo que pela
primeira vez na vida, foi criado um organismo
novo a que eu vou chamar de BACTIRUS.
Esta minha mania dos neologismos
...
E foi este primeiro bactirus,
fruto da união de uma coisa boa com uma outra
maligna, que deu origem ao AMOR.
Espalhou-se por toda a parte, não
havia SNS, nem vacinas, nem nada; por isso
exageradamente passou a chamar-se amor a tudo e
mais alguma coisa: Amor maternal, amor à Pátria,
amor a Deus, amor ao próximo, amor ao dinheiro,
amor a tudo ... Mas na sua génese, o bactirus
deu origem ao AMOR entre as pessoas, daí o
aparecimento do conceito de família, da
necessidade de garantir a propagação da raça
humana, da vida em comunidade.
Tudo o resto, todas as outras
aplicações da palavra AMOR foram usurpadas, o
que se compreende porque o nome é mesmo muito
bonito: AMOR.
Depois, ao longo destes milhares
de anos, foram aparecendo alguns indivíduos que
condensaram em si este conceito na sua essência
pura, muitos ninguém sabe hoje quem foram, mas
uma criança que nasceu há vinte séculos na
Palestina, uma Madre Teresa que viveu em Calcutá
ou um Papa Francisco, estes são com certeza
alguns deles e mesmo assim a criança da
Palestina também expulsou os vendilhões do
templo, a Madre também dava repreensões a quem
delas precisava e o Papa também deu uma palmada
numa mão demasiado invasiva ...
Bom Ano Novo de 2021
José C. Fael |
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Atelier de
Escrita e Leitura Publicado a 19-12-2020 |
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Título:
O Que me Faz Feliz |
Autor: António
Henriques |
O QUE ME FAZ FELIZ
Não é fácil escrever sobre o que me faz feliz e
passo a explicar:
- Ao ver o Mundo como está, com tantas
desigualdades e injustiças, com tantas guerras,
tanto ódio, tanta falta de amor e compaixão,
digam-me… como posso ser feliz?
Ao ver tantas crianças e jovens sem vislumbrarem
um futuro à sua frente, só com fome e miséria
por companhia, digam-me…como posso ser feliz?
Ao ver seres humanos a explorarem outros seres
humanos, a matarem, violarem, sem qualquer
sentimento de culpa, mas sim com total
indiferença, ficando muitas vezes impunes estes
seus actos criminosos, digam-me… como posso ser
feliz?
Ao ver uma parte do Mundo vivendo bem e
esbanjando recursos e outra parte na miséria.
Gente fugindo à fome e à guerra e ninguém querer
saber deles, negando-lhes a possibilidade de uma
vida decente e digna, digam-me… como posso ser
feliz?
Claro que tenho também momentos em que me sinto
feliz, quando estou junto da minha família e
participo em alegres brincadeiras com as
crianças que existem no seu seio, no convívio
com amigos, em passeios pelo campo vendo a bela
natureza em todo o seu esplendor, quando, junto
do mar, perco o meu olhar na sua imensidão,
escutando das ondas o seu esbatido som ao
desmaiarem na areia, ao ouvir música, que me
enleva a alma e me faz esquecer os horrores que
ouço e vejo no dia-a-dia. Quando estou só com os
meus pensamentos e consigo dizer o que me vai na
alma, em palavras, que num gracioso bailado, a
minha mão, vai transcrevendo para o papel. Só
nesses raros e fugazes momentos consigo ser
verdadeiramente feliz.
O homem, desde os primórdios da história, sempre
andou em guerra, contra o seu semelhante.
Qualquer pretexto servia para a desencadear,
matando e escravizando o seu irmão. Essa era de
brutalidade nunca cessou verdadeiramente, nos
nossos dias temos exemplos vivos disso.
O porquê de tal acontecer, atribuo à ganância e
à infinita sede de poder que o ser humano tem.
Mesmo agora, que a sociedade humana avançou
consideravelmente em quase todas as áreas, no
íntimo de algumas pessoas, continua viva essa
tendência nefasta para dominar e explorar o seu
semelhante, para o mais forte se sobrepor sempre
ao mais fraco e o dominar.
Nós, humanos, somos seres imperfeitos e será
essa nossa imperfeição que nos levará à ruína e
extinção, se não soubermos banir de dentro de
nós esses nefastos sentimentos.
Por isso, o que me faria verdadeiramente feliz,
seria ver o Mundo caminhar noutra direção, com
amor, compreensão, amizade, fraternidade, sem
guerras e violências, sem fome, sem miséria, sem
haver exploração do homem pelo homem e era tal
fácil isso acontecer, bastava o homem querer,
mas isso, creio ser apenas uma utopia, mas com a
qual continuo, ainda, a sonhar.
António Henriques |
Título:
A Vingança da Ciência |
Autor: Lino Solposto |
A VINGANÇA DA CIÊNCIA
Está prestes a chegar a esperança,
Que toda a humanidade anseia,
Vem em forma de vacina,
Esperamos não faça destrinça,
Seja para gente rica, ou plebeia.
Também por esta altura,
Uma estrela brilhou em Belém,
Um menino por Reis adorado,
Veio por um Mundo mais justo,
Blasfemaram,
Acabou cruxificado.
Metais preciosos, são cotados,
A arte, os artistas, endeusados,
Diz-se, serem fruto das regras do Mercado,
E que, da oferta e da procura,
Sobrevem a fome ou a fartura.
Já passaram dois mil anos,
Terão de passar quantos mais?
Até que o Mundo entenda,
E reordene as prioridades,
Focando no todo, e só depois, as vaidades.
Esta pandemia,
Pelo espaço que ganhou,
Também já tem a sua luz,
E uma leitura já podemos retirar,
Dever a humanidade adquirir consciência,
Que de todos, o bem maior,
É o primado da ciência.
Atelier de Escrita
Natal de 2020
Lino Solposto |
Título:
Amanhã é Que Vais Ver |
Autor: Mário Oliveira |
AMANHÃ É QUE VAIS VER
Não ouvi boa história,
Da festa pra onde vais,
A água é sempre irrisória,
O vinho é sempre demais.
Vais acabar bebendo,
Branco tinto tanto faz,
Dez copitos vão escorrendo,
Mais não sei se és capaz.
Não te armes em valente,
Tem controlo no copinho,
Um a mais e de repente,
Tens azar no teu caminho.
Da festa onde estiveste,
Tens boas recordações,
As do vinho que bebeste,
E o regresso aos trambolhões.
Amanhã é que vais ver,
O que a ressaca faz,
A cabeça a ferver,
O corpo a andar pra traz.
Forte da Casa, 26 de Novembro de 2020
Mário Oliveira |
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Atelier de
Escrita e Leitura Publicado a 12-12-2020 |
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Título:
O Abraço Que Nos Falta |
Autora: Maria José
Domingos |
O ABRAÇO QUE NOS FALTA
Levantei-me cedo, um costume que ainda mantenho
do tempo em que tinha que ir trabalhar, sempre
gostei de chegar cedo ao local de trabalho.
Gostava de ver os lugares ainda todos vazios de
gente, aquele silêncio acolhedor, era o meu
organizador de mente para o dia agitado que me
esperava.
Mas agora ainda me
levanto cedo e até acordo ainda com a noite
instalada, e gosto de ver o sol a despontar no
horizonte, ainda só um risco de luz a espreitar
nas nuvens matinais, que aos poucos se vais
expandindo enchendo tudo de brilho, e aquecendo
todos e tudo que se abre aos raios da estrela
que dá vida.
Felizmente tenho uma
vista magnífica, a esta hora matinal lá está o
sol a emergir do leito do rio, qual estrada
dourada a prolongar-se até á minha janela, que
abro para o ar limpo e fresco da manhã, o gato
faz-me companhia.
Olho esta maravilha
com gratidão, o meu coração recebe um pouco do
calor ténue, mas não fica totalmente
aconchegado, sinto que esta melancolia,
tristeza, o que se quiser chamar não me larga.
Sou de muitos
afectos, gosto de dar muitos abraços, de um
afago na face de um desconhecido, de um toque no
ombro, uma conversa no meio da rua com alguém
que passeia para espantar a solidão, e ver-lhe o
sorriso a surgir à medida que espanta um pouco a
sua falta de companhia.
E gosto muito de
sentir um suave abraço, bem abraçado, em que o
carinho invade todos os poros.
Mas ó tormenta de
novos tempos, tudo isto nos está vedado, temos
que cuidar de nós e do outro, seja ele conhecido
ou não, agora até estamos em casa com a cara
vedada, pois os nossos netos preocupados
connosco assim o exigem.
Todos sabemos ser
necessários, mas ficamos tristes.
E eu não quero ficar
triste, só quero viver o amanhã com saúde,
alegria e comtemplar o sorriso grande, dos que
me rodeiam.
Sim hoje acordei a
louvar a vida, pois o sol brilha, e pensei, já
que não podemos ver o sorriso nos lábios do
outro, pelo menos vejamo-lo nos olhos de quem
por nós passa e deixa um pouco do seu aroma,
agora imaginado.
29-10-2020
Maria José Domingos |
Título:
Saudades |
Autor: Lino Solposto |
SAUDADES
Olá
colegas do atelier de escrita. Lembrei-me de
vós, estou com saudades vossas, não tenho visto
nem lido nada desse lado, espero não se ter
tornado insolvente por falta de matéria.
Hoje
tivemos, desde o início do confinamento, o
primeiro almoço em família. Fomos visitados, e
foi uma alegria e prazer enorme, revê-los.
Contudo é estranho. Sem beijinhos, abraços, nem
sequer aquele aperto de mão que se dá quase
gratuitamente. Isto assim, dizem já, o "novo
mormal", não pode ser para durar, ou então
teremos que nomear outra causa para a diminuição
da população.
O
tempo a Oeste ameaça chuva, carregado que está
de nuvens, e tempo fresco e chuvoso é tudo o que
os meus feijoeiros e batateiras não precisam,
daí que tenha acabado mesmo há pouquinho de lhes
ter feito um tratamento anti-mildio para
prevenir um eventual ataque, que, a acontecer,
frustraria as minhas intenções de colheita e
proveito. Mesmo não sendo para comercializar, (
menos um a fazer queixinhas às TV's, pedindo
apoio porque chove ou graniza, ou porque a seca
é extrema), tenho um gostinho especial por
colher e usufruir do que cultivo, e sempre é
melhor que a coisa corra bem.
Finalmente sentado e a ler as notícias, e-mails
incluídos, aferimos por estes, de uma forma
geral, quem não nos esquece. Um do António
Ramalho despertou-me particular atenção. Vinha
bem documentado, fotograficamente falando,
quando, ainda não há muito tempo, só por carta e
depois do rolo ir a revelar. Reportagem da
entrega da Taça de vencedor de mais um CCGeral
da Rutis, este ano de 2020, na Arena de Évora, à
Universidade Sénior de VFXira, o seu tetra.
Não
conheço o local, mas pela sumptuosidade, presumo
tratar-se do Salão Nobre da Câmara Municipal. As
honras devidas ao nosso trio maravilha, Paulo,
Roma e Eliseu, por certo não deixaram de se
fazer, e para tal, as individualidades
identificadas no espaço, apesar de, com máscara,
não regatearam, acredito, os maiores encomios.
Depois do "passeio" do ano anterior em Odivelas,
as equipas representativas das US's, normalmente
concorrentes, esmeraram-se, aprimoraram-se, uma
pelo menos, sabemos, com uma aquisição da
sociedade eclesiástica, que lhe deve ter custado
um dinheirão em bulas, deram uma luta tremenda
até ao final. Por isso, Paulo e companheiros,
cautelas e caldos de galinha nunca serão de
mais, até porque, já observamos mais que uma
vez, o speaker, não é grande apreciador das
virtudes ribatejanas.
Era
só esta nota, dizer-vos que até ao momento ainda
não fui incomodado por este bicho que nos
atormenta e rói , espero que estejam bem
dispostos, de boa saúde e até já.
2020.06.06
Lino Solposto |
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Atelier de
Escrita e Leitura Publicado a 6-12-2020 |
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Título:
Arte Fotográfica ao Por do Sol |
Autor:
Eliseu Pinto "O Gralha" |
Clique
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Atelier de
Escrita e Leitura Publicado a 26-11-20200 |
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Título:
Viagem a Maiorca |
Autor: Mário Oliveira |
Dois casais com seu conforto,
Pra Maiorca quiseram ir,
Chegados ao aeroporto,
Alguém resolveu cair.
Corpo esticado de morte,
Viram a vida tramada,
Mas foi grande a sorte,
E pequena a cabaçada.
Muito atentos à sinistrada,
Despacharam a bagagem,
E de negras bem equipada,
Lá seguiram em viagem.
A viagem foi de avião,
E não teve incidentes,
Depois de poisar no chão,
Ficaram todos contentes.
Ao hotel foram levados,
E formalidades cumpridas,
No snack-bar alimentados,
Nos quartos as dormidas.
Primeiro dia foi passear,
De clima bem divertidos,
Mas depois ao regressar,
Já eles estavam perdidos.
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Não tem nada que enganar,
Rua acima ou rua abaixo,
Mas é melhor pela beira-mar,
Que o hotel é mais pra baixo.
Num dia de sol encoberto,
E um mar de água quente,
Foram ao banho ali perto,
Mas alguém sai de repente.
Foi culpa de um ser marinho,
Que fez o que não devia,
Mordeu lá no joelhinho,
E que bem que isso doía.
Pra toalha foram secar,
Há mais nada pra ninguém,
Banho quentinho e jantar,
E a noite é dormir bem.
Mas agora dá para rir,
E têm muito a recordar,
A boa cabeçada ao partir,
E os passeios de relaxar.
Até o grupo se perdeu,
E os peixinhos mordiscaram,
Mas tudo muito bem correu,
E os casais lá regressaram.
Mário Oliveira
Maiorca, 24 de setembro de 2018 |
Título:
Resistir é a Palavra |
Autor: Eliseu Pinto "O
Gralha" |
RESISTIR É A PALAVRA
Estamos presos, na incerteza
Manietados, pelo medo
Desse, vírus manhoso
Que nos deixou, sem defesa
Debatendo-nos, no enredo
Deste tempo perigoso.
Olá! Então, como vão?
Perguntamos, distanciados
E de máscaras no rosto
Aos filhos, netos, ao irmão
De afectos, carenciados
Nos olhos, lê-se, o desgosto.
E o tempo, vai passando
Com, a vida retraída
Esperando, melhores dias.
Vamo-nos aguentando
Mas, sem vermos, uma saída
Temos falha, de alegrias.
Resistir é, a palavra
Que nos faz erguer
E enfrentar a pandemia
Que pelo mundo lavra
Causando, tanto sofrer
Mas, tem de acabar, um dia!
Porque, o Exército da Paz
Sem descanso, está a lutar
Em defesa, de todos nós.
E decerto, vai ser capaz
Da humanidade livrar
Desse vírus, tão atroz.
Eliseu Pinto
“ O Gralha “ 14-11-20
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Título:
Saudações 25 de Abril |
Autor: António
Henriques |
SAUDAÇÕES 25 DE ABRIL
As minhas saudações 25 de Abril
Meu bravo companheiro e amigo
Por vírus que é mortal e muito
vil
Com pena, este ano não consigo
Poder andar com muitos outros mil
A desfilar p’la rua e estar
contigo.
Se forte abraço não te posso dar
Dou-te de casa, um, que é virtual
Posso até dizer e te afiançar
Que vale para mim como um real
Embora à distância o esteja a dar
É de amizade forte, sã, leal.
A todos nós trouxeste a liberdade
Que Portugal não tinha, mas
queria
Nota-se a falta da fraternidade
Que havia nesse teu honroso dia
Perdida anda também a igualdade
Que o teu doce nascer, nos
prometia.
De ti, imensa é, minha saudade
Quando p’las ruas, livre,
passeavas
Em forte e bem fraterna unidade
E muita, muita gente, abraçavas
Em maré de esperança e felicidade
E rubros cravos, nas mãos
agarravas.
Os nossos jovens não te
conheceram
Nem sabem como foste essencial
Nos tempos que felizes se viveram
Um vento de mudança, radical
Nos sonhos e certezas que fizeram
Do jugo, libertar-se, Portugal.
Abril, à escuridão trouxeste côr
Na revolta de heroicos capitães
Enorme foi seu mérito e valor
Lutando contra muitos desses
“Cães”
Que ao povo provocaram tanta dor
Profunda gratidão, de milhões,
tens.
António Henriques
25-Abril-2020 |
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Atelier de
Escrita e Leitura Publicado a 18-11-2020 |
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Título:
No Início o Antes e o Depois |
Autora:
Maria
José Domingos |
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No Ínício do dia
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Atelier de
Escrita e Leitura Publicado a 10-11-2020 |
Título:
Mãe Querida |
Autor: António
Henriques |
MÃE QUERIDA
Mãe, nascente de vida, terno amor
Coração preenchido com doçura
Estrela iluminando a noite escura
Sorriso cativante, encantador
Presente, o teu amor, ainda tenho
Regato murmurante de carinho
No leito dos teus braços, o meu
ninho
Desse tempo, saudades, que
retenho
Teu fascinante enlevo o recordo
As lições e os teus ensinamentos
Dados, nessa infância já perdida
Nas noites inquietas, em que
acordo
Em tão breves lampejos, por
momentos
Sinto os teus doces beijos, mãe
querida
António Henriques
03-MAIO-2020 |
Título:
Máscaras |
Autor: Lino Solposto |
Máscaras
Em alguns países europeus ainda
não chegou ao final a discussão da chamada “lei
da burka”, para proibir o seu uso em público, e
já se decreta em sinal contrário a
obrigatoriedade de esconder o rosto. Até parece
contraditório, mas, vendo bem, qualquer das
medidas tem como objetivo, a defesa e segurança
das populações, independentemente da ameaça, a
que na altura estejamos submetidos. Já se
aplicavam multas ou coimas, pela exibição, sendo
que agora, infringe as regras e é, será
penalizado aquele que omitir o procedimento.
Filmes marcantes como o Fantasma
da Ópera, Batman, ou ainda uma versão mais
recente de Zorro, onde a Zeta-Jones dava dez a
zero ao objeto de disfarce do defensor de fracos
e oprimidos, foram pioneiros deste adereço que
faz moda neste tempo. E existe uma profusão de
tapa-rostos a que chamamos máscaras, que o
embaraço está na escolha. Na impossibilidade de
apresentar uma cara bonita, um sorriso
resplandecente, até uma felicidade estampada,
melhor para compensar, só uma que reúna alguma
daquelas particularidades.
Os homens do marketing e da
publicidade, bem à sua maneira, aliados à
indústria, dão o seu contributo para amenizar a
contrariedade, sendo certo, que para alguns
seres humanos permanentemente feios, a coisa
pecou por tardia, e de repente vemo-las por aí,
de todas as cores e feitios, deslumbrantes, às
riscas ou com bolinhas, mas, confesso, das que
gosto mais, são as personalizadas, das figuras
públicas, começando nas do senhor presidente,
todas verdes com aquele símbolo da república
estampado, até acabar nas utilizadas por
representantes de partidos e de clubes de
futebol.
A situação está difícil de
controlar. Provavelmente porque não estamos a
fazer o que devíamos? Não sei, talvez ainda
ninguém saiba. Não fomos concebidos para estar
isolados. Sair de casa, por necessidade
imperiosa, ou para fazer uma simples caminhada,
ver gente, mesmo que anónima, observar o
movimento da rua, longe do que era ainda não há
muito tempo, ajuda a serenar e a tranquilizar,
dá esperança.
Desci a Quinta pelo caminho de
terra batida do Poente, olhei as nogueiras que o
ladeiam, algumas ainda esperam ser “depenadas”,
e parei junto ao condomínio da bicharada, qual
arca-de-Noé do Séc. XXI. Indiferentes ao
momento, conviviam como sempre o fizeram, como
sempre conhecemos, e até o ritual incessante de
saudar alguém que se aproxime da vedação foi
praticado. Dali avista-se o Palácio, e enquanto
mantiveram a esperança de serem presenteados,
não me viraram as costas.
Entretanto e dada a proximidade,
vieram as memórias e as saudades. As aulas, as
amizades que se fizeram, as assembleias pejadas
de retórica, as rodas de leitura, as visitas de
estudo, as festas da associação de alunos, as
danças e cantares, as peripécias e as emoções
dos CCG, o som do teclado do Neves, principal
referência de qualquer manifestação musical,
foram, entre outras, partes dum tempo, que
receio, não volte a acontecer.
Uns metros mais à frente, e já
com a abobada da entrada na mira, procuro alguém
daquele tempo. Talvez na próxima. E enquanto ia
descendo a alameda que tantas vezes subi à
pressa para não chegar tarde à aula, o que
infelizmente aconteceu algumas vezes, fui-me
mentalizando que fora melhor assim. E, vendo
bem, caraças e ainda distanciamento não se
recomendam para uma boa conversa. Vamos
aguardar, e paciência, precisamos muita.
Outubro 2020
Lino Solposto |
Título:
Cravos de Abril |
Autor: António
Henriques |
CRAVOS DE ABRIL
Fria madrugada… Ordens se
cumpriram…
As tropas na estrada… Aos poucos
surgiram…
Grândola se cantou… A senha era
esta…
O Povo acordou… E ficou em festa…
Lisboa mudada… Com gente nas
ruas…
Nessa alvorada… Elas eram suas…
Todos se abraçando… Risos e
alegria…
Assim festejando… Esse novo dia…
Cravos nas espingardas… Portugal
unido…
Os civis e as fardas… Fascismo
vencido…
Ninguém queria crer… No que se
passava…
Nem mesmo o Poder… Nisso
acreditava…+
Mas era verdade… Estava a
acontecer…
Era a Liberdade… Por fim, a
Nascer…
Querida Revolução… Liberdade
trouxeste,…
Tudo, tudo então… Tu nos
prometeste…
Havia mais luz… Havia calor…
Acabara a Cruz… Da Agonia e Dor!
E desejos mil… Que os tempos
mudassem…
E os Cravos de Abril… Para
Sempre, Durassem!
António Henriques
25 de Abril de 2015 |
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Atelier de
Escrita e Leitura Publicado a 27-10-2020 |
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Título:
Tejo em Manhã de Outono |
Autora:
Maria José Domingues |
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Clica
na imagem para ver maior
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Atelier de
Escrita e Leitura Publicado a 20-10-2020 |
Título:
A Pandemia do Nosso Descontentamento |
Autor: Lino Solposto |
A PANDEMIA DO NOSSO
DESCONTENTAMENTO
Hoje, 10 de outubro de 2020, foi assinalado o
maior número de infeções pela Covid-19 desde o
início da pandemia. Longe vão os tempos das
duas, três centenas que se registavam em
Julho-Agosto, e que permitiram uma certa folga.
Mesmo que não tivesse sido oficialmente
divulgado, depois de muitos dias a dar palpites,
concluímos que afinal o pico, (o nos Açores é
com maiúscula) nunca foi alcançado, andámos
sempre em planalto, ouvíamos dizer.
Desconfinar, foi na altura o verbo ( que não sei
se existe) mais utilizado. Encheram-se as
praias, ainda que com a vigilância atenta de
semáforos, os restaurantes, e os aviões voltaram
a ter uso, e também, com as devidas distâncias,
reabriram-se os teatros e as salas de cinema.
Fazendo parte do nosso quotidiano, não faltaram
também manifestações políticas e religiosas.
Tudo parecia correr bem, afinal o milagre
português tinha sido real. Entretanto, íamos
ouvindo martelar amiúde, que era necessário
redobrar de atenção porque uma segunda onda, e
esta mais apetrechada, iria causar problemas
graves, numa população de um país economicamente
débil como é o nosso, trabalhadores em layoff,
com créditos à habitação e ao consumo com
dilação de pagamento.
Estes anúncios, para um tipo que pouco mais tem
que a escolaridade obrigatória, ai se naquele
tempo se fizessem disciplinas, hoje cadeiras,
com créditos, se existisse democracia com
Partidos à luz do dia, outro galo cantaria. Ao
mexer neste tema, há muitos mais, quase perdia o
fio à meada. Ia na instrução, por causa das
afirmações de entendidos na matéria, que me
causavam um certo desconforto, mas ao mesmo
tempo admitia sem qualquer azedume admiração
pelo orador de ocasião. Como é que esta gente
sabia dessa tal segunda vaga?
Acho que nunca revelei a ninguém a dificuldade,
e só mais tarde vim a perceber, em responder nas
provas, agora testes, talvez para não conflituar
com o verbo provar, que a Terra gira à volta do
Sol. Podia lá ser!. Quando passava alguns dias
na aldeia, via-o erguer-se por detrás do telhado
da casa de uma tia, e esconder-se num pinhal não
muito distante, mas no lado contrário,
invariavelmente, dia após dia, e o meu avô
falava muitas vezes em nascente e poente, o que
ajudava a aprofundar a minha convicção.
A avaliar pelos números atuais, seja a segunda
ou terceira vaga, pouco importa. Não está fácil
para ninguém, e os valores, também noutros
países, têm estado em crescendo. Dos nossos
representantes ouvimos que não podemos voltar a
parar. Percebemos porquê. Submersos numa dívida
superior a toda a riqueza produzida, definhamos
lentamente pedindo esmola. A Justiça, com todo o
garantismo trabalhado pelo poder Legislativo,
também não ajuda o Executivo, que apesar de mais
escrutinado, por mais vontade que tenha ou que
tivesse, não é imune a pressões.
Por maioria de razão não foi oportuna esta
intromissão do sacana do vírus nas nossas vidas,
nem nunca o seria.
Um reputado Escritor da nossa terra, diria, se
perguntado acerca do ou da COVID-19, qualquer
coisa como isto: uma merda, uma merda.
Outubro-2020
Lino Solposto |
Título:
Já Chegaram as Setembras |
Autor: Eliseu Pinto "O
Gralha" |
JÁ CHEGARAM AS SETEMBRAS
Já chegaram as setembras
Dizendo, que o outono, já lá vem
Decerto, ainda te lembras
De que há um ano estávamos bem.
Gozávamos de liberdade
E com gosto de aprender
Íamos p’ra Universidade
Onde, podíamos conviver.
agora
é, tão cinzento
Este tempo que vivemos
No triste confinamento
Mas felizmente mantemos
Para, nos dar algum alento
As amizades que temos.
Eliseu Pinto
“
O Gralha “ 10-09-20
|
Título:
Sangue Lusitano |
Autor: António
Henriques |
Neste dia, saúdo todos os trabalhadores,
mulheres e homens, que com seu valioso labor,
fazem desenvolver e avançar o nosso País no
caminho do progresso.
O meu agradecimento especial para
aqueles, que, com o seu esforço exemplar,
contribuem para que o nosso dia-a-dia seja o
mais normal possível. Enumerá-los seria
fastidioso, correndo o risco de cometer a
injustiça de deixar alguém de fora.
Quero realçar, também, o trabalho
essencial de muitas empresas e seus
funcionários,
que reconverteram as suas normais
actividades, para confeccionarem novos
materiais,
máscaras, luvas, gel, etc, etc, que o
país tanto necessita.
A todos os outros, que, generosamente,
trabalham em prol dos mais desfavorecidos e a
muitos, muitos mais, que se esforçam para que
tudo corra bem e se possa ultrapassar
esta dura provação, o mais rápido
possível.
Este é o tempo de se porem de lados as
diferenças, fazendo valer a força da união.
Pretendo desta forma singela, mostrar
o quanto vos estou grato. Um forte e solidário
abraço a todos. Bem hajam.
SANGUE LUSITANO
Médicos e enfermeiros esforçados
Enfrentam inimigo tão mortal
Sendo por assistentes, apoiados
Lutando em combate desigual
Ficando das famílias afastados
Fazendo o seu melhor por Portugal.
Seu grande feito é reconhecido
Por um povo, que está agradecido.
Quem para salvar vidas, se arrisca
À sua própria vida vir perder
Do título de herói faz a conquista
Provando essa honra merecer
Mostrando o seu lado altruísta
O respeito de todos deve ter.
Devemos ter presentes na memória
Aqueles cujos exemplos fazem história.
Cientistas, os polícias, os bombeiros,
Forças Armadas, são essenciais
Em valiosa ajuda, os primeiros
Tão preciosos são, como outros mais
Do sangue lusitano são
herdeiros
Heróis desconhecidos e normais.
Todos aqueles que não podem parar
Merecem do País, louvor, ganhar.
E muita gente há em toda a parte
Tentando ajudar nesta aflição
Valendo-se do seu talento e arte
Já especial ajuda, também dão
Não havendo tarefa que os farte
E desafios a que não ponham mão
Se a vida apresenta provações
Tem o engenho humano, as soluções.
Soldados veteranos que enfrentaram
Inimigos, em guerras bem diferentes
Tantos, nesta batalha, soçobraram
Mas muitos mais são os sobreviventes
Contra rival, que nunca imaginaram
Provando o seu valor de resistentes.
Juntos enfrentaremos os reveses
Que forte é o querer dos portugueses.
Nosso brioso povo está lutando
Mostrando a sua garra e valentia
Perigoso inimigo, enfrentando
Em combate que é feito dia-a-dia
E nunca da vitória duvidando
Na luminosa esperança que o guia.
Até na mais horrenda tempestade
Tem a força humana mais vontade.
Já muitos oponentes enfrentámos
Bravas feras e outros seres humanos
Mas inimigo assim nunca pensámos
Um invisível mestre dos enganos
O seu poder também o relevámos
Pagando duro preço, graves danos
Embora em toda a parte ande espalhado
P’lo tempo e p’la ciência é derrotado.
Muitos séculos de história são
herança
Deste mui nobre povo português
De meio mundo teve a liderança
E glória, alcançada tanta vez
Nunca perdendo a fé e a confiança
Com a cabeça erguida e altivez.
Honrando-vos, assim, heróis do povo
De Portugal, o nome, ergueis de novo!
António Henriques
01 Maio de 2020 |
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Atelier de
Escrita e Leitura Publicado a 16-10-2020 |
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Título:
Arte com Mascaras na Pandemia |
Autora:
Maria da Luz Raposo |
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Atelier de
Escrita e Leitura Publicado a 30-9-2020 |
Título:
As Minhas Mãos |
Autora Luísa Faria |
AS MINHAS MÃOS
No interior da igreja, espera-me um silêncio,
que me recebe em acolhimento de paz e oração.
Pelos vitrais das laterais, os raios de sol,
iluminam o altar de Nossa Senhora da Conceição.
A seus pés, uma senhora de bastante idade,
encontra-se ajoelhada em oração, com as mãos em
prece, e são as suas mãos secas, enrugadas e
débeis, iluminadas pelos raios de sol, que me
levam a olhar para as minhas, às quais, viro as
palmas para cima, para melhor as observar.
Também elas mostram que o tempo não as tratou
com o devido carinho.
Demoradamente, olhei para as duas como nunca
antes tinha feito, e pensei nelas como um grande
álbum de fotografias:
o
A primeira vez que mãos cheias de
amor, as receberam e seguraram.
o
Quando, com ternura, foram
guiadas para dar os primeiros carinhos.
o
Num singelo gesto, acariciaram o
rosto, de quem lhe sorria.
o
A felicidade, com que escreveram
as primeiras palavras.
o
Quando, aprenderam a juntar-se
para rezar.
o
No dia, em que nelas foi colocado
o corpo de Cristo, pela primeira vez.
o
Mais tarde, outras mãos, lhe
deram como oferenda, um lindo anel de ouro, para
que todos pudessem ver, como eram amadas com
muito amor.
o
Entrelaçadas, caminharam longos
caminhos. Umas vezes rápido demais, outras
aproveitando para admirarem a paisagem.
o
A sensação de serem aquecidas
pelo calor suave do sol, em dias de Inverno.
o
O que sentiram, quando se
tornaram inábeis, ao segurar pela primeira vez,
pequenos seres acabados de nascer.
o
Quando a tremer, aconchegaram
outras mãos, muito queridas e as entregaram em
paz, nas mãos do Criador, ajudando depois a
secar as muitas lágrimas que desciam num rosto
carregado de tristeza.
o
Com humildade ajudaram a
levantar, aqueles que não o conseguiam fazer.
Chegando aqui, parei e entrelacei as minhas
mãos, tentando fechar o álbum das memórias. É
impossível descrever tudo o que sentiram e
fizeram por mim. Sempre estiveram presentes e
disponíveis para me ajudar, são as minhas
melhores amigas, tem enormes poderes e são
poderosas.
“SÃO AS MINHAS MÃOS”
Luísa Faria
Agosto 2020 |
Título:
Sorrisos São Precisos |
Autor: António
Henriques |
SORRISOS SÃO PRECISOS |
Ver assim estas crianças
Do futuro as esperanças
Cada um com seu sorriso
Dão a todos mil razões
Que em todas as ocasiões
Sorrir é sempre preciso
Ver a face sorridente
Alegre e muito contente
De toda esta criançada
Lembrará a muita gente
Que anda por aí descontente
Que sorrir não custa nada
Tire esse ar carrancudo
Essa cara de sisudo
Nem torça o seu nariz
Se sorrir fica diferente
Ficará bem mais contente
Não parecerá infel |
Vá lá, sorria também
Vai sentir-se muito bem
Com um sorriso no rosto
Terá melhor harmonia
Mostra aos outros, alegria
Ficará mais bem disposto
Ah, se os homens sorrissem
E de mãos dadas seguissem
Em vez de ódio destilar
Com clemência e perdões
Abrissem seus corações
Deixando o amor entrar
Ódio e guerra acabavam
Fome e tristeza afastavam
O mundo era um lugar lindo
A vida de todos mudava
Nunca mais ninguém chorava
Com toda a gente sorrindo.
António Henriques
Junho 2017 |
Título:
Tempo Diferente |
Autora: Maria José
Domingos |
TEMPO DIFERENTE
Na sexta-feira passada, num meio
final de tarde, sim com estas mudanças de hora,
ando um pouco baralhada, pois de manhã, tenho
tendência para me levantar à hora que me
levantei durante todo o Inverno, e a tarde fica
longa e assim, seis da tarde, parece-me uma meia
tarde.
Mas dizia eu que na sexta-feira
passada, com um pouco de sol ainda a fazer-se
sentir, estava no terraço da casa, este terraço
fica ao nível do telhado e assim podemos ver o
rio Tejo e toda a rua, vemos as janelas e
varandas, onde as pessoas que estão em casa vão
espreitando, para verem outras pessoas, ou
simplesmente sentir a brisa da tarde na cara.
E estávamos a observar a paisagem
entre os intervalos de saltar á corda, pois era
o que estávamos a fazer no terraço, eu dava à
corda, pois já sou menos ágil, e o meu neto e a
minha filha saltavam, e riam, riam tanto que o
rapaz rebolava no chão, e saltava, para
descansarem um pouco, espreitávamos a rua.
E começamos a prestar atenção ao
movimento que se fazia sentir, ali duas pessoas
conversavam, mais à frente três adolescentes
caminhava, um homem já com alguns anos passeava
o cão, e mais umas pessoas também passeavam os
cães, e começamos a achar estranho, um leve
susto invadia-nos a alma.
Estava muita gente na rua! Mas
seriam para aí dez ou pouco mais. E a nós
parecia uma multidão, e assustava-nos.
Que coisa esquisita, que sensação
sem sentido, será?
Não, isto é o fruto dos novos
tempos, e passou tão pouco tempo, interiorizamos
que nos temos que afastar, e agora dez pessoas
espalhadas, são uma multidão que nos causa
desconforto, pois pensamos quantos vírus andarão
por ali, e quantos contágios podem acontecer,
que situação complicada vivemos neste tempo
diferente.
Queremos muito sair de casa,
apanhar um sol e ar no rosto, mas sem ninguém
por perto.
Queremos muito falar com os
vizinhos e conhecidos, mas quando nos cruzamos
com eles, por acaso numa ida às compras, criamos
logo um grande espaço, e nem lhes vemos a face
toda, pois alguém já se habituou a usar máscara.
Que tempo este, tão diferente,
mas mesmo assim com muito potencial escondido,
pois aprendemos a apreciar o mais simples.
Acordo lentamente e sinto o
prazer da espreguiçadela matinal, fico algum
tempo a saborear o aconchego dos lençois quentes
e perfumados.
Tomo o pequeno-almoço lentamente,
a fatia de pão de centeio barrada com manteiga,
um pouco de doce de tangerina, que fiz no
Inverno passado, uma fatia de queijo de cabra
fresco, ainda com perfume das plantas do
Alentejo, saboreio tudo em pequenas dentadas,
sorvo um pouco de café quente, nesta manhã, tudo
me parece novo, único e muito bom.
Olho o dia lá fora, ouço o canto
matinal dos pássaros, e sinto que uma orquestra
de sons me invade o espirito ainda pouco
desperto, bebo mais goles de café lentamente, e
vou para o quintal sentir a temperatura, o ar
frio sabe-me bem.
Olho as plantas, que enchem o meu
quintal de cor, pois quase todas as manhãs tenho
uma nova flor, mesmo que seja pequena, é sempre
mais uma.
Que bom sabermos apreciar todas
estas coisas simples, são elas que nos vão dando
os pequenos prazeres do dia a dia.
2 Abril de 2020
Maria José
Domingos |
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Atelier de
Escrita e Leitura Publicado a 26-9-2020 |
Título:
Arte da Fotografia na Pandemia |
Autoras:
Um Bom Início de Outono - Luísa Faria
Flores para o Outomo - Maria
José Domingos |
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Atelier de
Escrita e Leitura Publicado a 24-9-2020 |
Título:
Tempo de Piqueniques |
Autora Maria Fernanda
Calçada |
Tempo de piqueniques
Estamos ainda no
Verão, época ideal para fazer piqueniques; este
hábito tão agradável e salutar foi-se perdendo,
com um novo conceito de vida, em que as pessoas,
preferindo a comodidade de comer em
restaurantes, foram perdendo o gosto de fazer
refeições ao ar livre.
Na minha família,
desde sempre o praticámos e ainda agora o
fazemos. Dá algum trabalho, mas sabe tão bem… E
não é que, depois do confinamento que tivemos,
se deu um movimento nesse sentido? As pessoas
sentiram necessidade de respirar natureza,
liberdade. E é uma boa solução para uma reunião,
familiar ou de amigos, onde ao ar livre, o
perigo de contágio fica diminuído.
Desde criança que me
habituei a ir com meus pais e familiares a
locais bonitos, cheios de sombras onde se
passavam umas horas em convívio, e se comiam uns
belos petiscos. Recordo bem o cheirinho bom do
arroz de tomate, que, (para estar quentinho) ia
muito bem embrulhadinho em papel de jornal,
naquele tempo não se falava em malas térmicas.
Aí que entusiasmada ficava ao ver a minha mãe
desembrulha-lo, que bem que cheirava! E a
acompanhar havia uns pastelinhos de bacalhau, ou
“joaquinzinhos” fritos, coisas simples, mas
gostosas! Outra coisa por que eu ansiava era um
pudim Royal feito com três sabores, baunilha,
chocolate e morango, em camadas, numa certa taça
de vidro. Que momentos bons eram aqueles!
Certa vez, foi
organizado um piquenique, numa herdade para os
lados de Azambuja e como poucos tinham
automóvel, arranjaram uma camioneta para levar
os mantimentos, os cobertores para o chão, a
garotada e os homens. As mulheres iam nos
carros, as sortudas! Uma vez lá chegados, houve
que ir apanhar gravetos para assar as sardinhas
e os chouriços; os homens estavam a montar umas
mesas, as mulheres descascavam as batatas e
faziam a salada. A garotada foi em busca de algo
para fazer as brasas, mas fomo-nos aventurando
e, sem grande noção do espaço chegámos a um
local onde interrompemos o descanso de uns
quantos bois (ou vacas tanto fazia…eram
assustadores…) É que naquela herdade faziam
criação de gado bravo.! Largando tudo, fugimos e
tivemos a peregrina ideia de entrar num grande
tanque que havia ali ao pé! Era onde os animais
iam matar a sede! Tanque esse com o fundo cheio
de lodo, que provocou umas quedas, eu fui uma
delas; começámos a gritar por socorro; por sorte
nossa, os bichos não estavam com sede, mas nós
não saímos dali, até sermos ouvidos e os pais
aparecerem e com gritos e ramos os afastarem.
Fomos gozados, o almoço fez-se, mesmo com algum
atraso e eu passei o resto do tempo enrolada
numa toalha, enquanto o meu vestido enxugava ao
sol.
Maria Fernanda
Calçada |
Título:
Palavras Afagadas Pela Brisa |
Autora: Maria José
Domingos |
PALAVRAS AFAGADAS PELA BRISA
Caminho pela beira do rio
Olho as pequenas flores, oiço o
som dos pássaros
Mas em nada o meu pensamento se
fixa
A ondulação baloiça suavemente,
Indiferente ao vento que a tenta
agitar.
Caminho, um passo, segue o outro
Caminho, um pensamento vêm, e
outro espreita.
E eu caminho
Vejo as buganvílias, as de cor
violeta acompanham-me
As borboletas brancas fazem-lhes
concorrência
Umas e outras ajudam-me na
libertação da nostalgia que me invade.
Onde estão os meus sorrisos de
menina?
Onde estão os abraços de
aconchego?
A ternura dos beijos com ranho
misturados?
O cheiro teu, cheiro meu e o
cheiro de todos,
Que hoje não sinto.
Será que voltam?
E eu caminho
Pois com o caminhar a zanga
desvanece-se.
Encontro outro rosto
Aflito de medo, tempos incertos
num inesperado
Lágrimas afloram os olhos,
Sinto um impulso de carinho
Mãos que se esticam, braços que
se encolhem
Afago contido, e um beijo preso.
E eu caminho
Pois novos dias virã.o, e a luz
depois das trevas também
Assim eu caminho
7-06-2020
Maria José
Domingos
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Título:
Para
o Gilberto de Paiva |
Autor: António
Rouqueiro Ramalho |
Para o Gilberto de Paiva
Videmonte viu nascer
Um excelente rapaz
E o que ele sabe fazer
E do que ele é capaz
De seu nome Gilberto
De Paiva está errado
De Videmonte correcto
Seria mais acertado
Faz grelhados de excelência
Utilizando a sua garagem
Gabo-lhe a arte e a paciência
Além da grande coragem
Toca viola, canta é actor
Um artista multifacetado
É estudante universitário
Só ainda não o ouvi cantar um Fado
Da homenagem que prestou
Fez-me reavivar a memória
Na capital do seu distrito
Tive momentos de “glória |
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Na minha relação com as gentes
Do Cantinho do Céu à Adega de Pinhel
Guardo momentos excelentes
Aguarelas sem pincel!
Em Almeida, nas margens do Côa
Saboreámos uma feijoada
Assistimos à final da Taça
Não me lembro de mais nada!
Vou-me ficar por aqui
Com estas excelentes memórias
Outros lugares percorri
Com lindas e belas histórias
Agora que na Universidade
Tínhamos tanto para aprender
Tramou-nos o COVID-19
Vamos aguardar para ver
Cá o espero de volta, não se esqueça da sua viola, muito menos
da D. Rosa, conduza com calma, sem
pressas!
Um grande abraço.
5 De setembro de 2020
António F. R. Ramalho
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Atelier de
Escrita e Leitura Publicado a 7-9-2020 |
Título:
Arte de Fazer e Vestir as Imagens na Pandemia |
Autora:
Maria da Luz Raposo |
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Atelier de
Escrita e Leitura Publicado a 16-9-2020 |
Título:
O Tempo do Zoom |
Autor: Lino Solposto |
O Tempo do Zoom
Ainda cheguei a tempo
da música e letra de autor, marcando o evento,
De ver lavores
femininos por gente prendada,
De alguém que faz
força para combater este tempo,
Que é duro, feroz,
inclemente e incerto.
E em Quatro Estações
bem marcadas,
Conseguimos ver olhos
brilhando de alegria,
Ainda adivinhámos
ternura quando se disse poesia.
Um punhado de bravos
deram testemunho,
Estarem dispostos a
lutar,
Também a dar e
receber.
Então, ousemos, não
nos acanhemos, ninguém nos irá julgar,
Haverá sempre um
talento escondido, pronto a desabrochar.
E não adianta
decalcar,
Fartos que estamos de
frases feitas,
Esperámos em vão,
promessas e mais promessas, por executar.
É também tempo que
devia ser de férias,
Local próprio de
brincadeira e fantasia,
Mas os arautos de
serviço nem espalham a esperança,
Nem projetam o
futuro, que está tão perto, já amanhã.
Enquanto isso,
vamo-nos mascarando, antecipando o Carnaval,
E entrincheirados,
aguardamos que alguém erga a bandeira,
Escorrace o medo, e
devolva à vida, a alegria
Atelier de Escrita
Julho-2020
Lino Solpost |
Título:
O Ano de 1968 |
Autor: Eliseu Pinto |
- As voltas da vida – ou
recordando 1968, em tempo de covid -
O chefe do escritório chamou-me e
disse: Ó Pinto, você é, quem está no serviço, há
menos tempo e como a obra está a terminar, o
melhor será procurar outro emprego. Pois, vai
ser o primeiro do escritório, a ser despedido.
Se precisar de tempo para tal, ou, de carta de
recomendação, é só dizer. - E assim, o senhor
Martins, pôs-me perante a triste realidade, de
ter de procurar trabalho. Pois, não tinha jeito
para o gamanço, e só me ensinaram a trabalhar
para, ganhar a vida. - Depois, de várias
diligências, disse-me um colega de escola, que
na firma onde ele trabalhava, iam admitir um
escriturário.
Fui, à morada que me indicou,
tentar a minha sorte. Era em Lisboa, no 3º andar
de um prédio com elevador. Situação embaraçosa:
Eu, o aldeão, que aos 18 anos, nunca tinha
andado em tal coisa, achei melhor ir pelas
escadas; não fosse o diabo tecê-las e eu ficar
fechado lá dentro. Mas, apareceu o porteiro; o
qual me perguntou ao que vinha. Disse-lhe, o
porquê da minha presença no seu domínio; e ele,
vendo que eu continuava com intenção, de ir
escada acima, tomou a iniciativa de me levar no
ascensor, até ao 3º andar. E assim foi, o meu
batismo na ascensão vertical. – Agradeci e
dirigi-me ao guichet, onde estava escrito
“Expediente”; o funcionário que me atendeu,
chamou o chefe e apareceu um mal-encarado, que
ao ouvir a minha pretensão, despachou-me de modo
seco e desabrido, dizendo: Não há vaga nenhuma!
A que havia, já está preenchida.
Saí atordoado, bastante
frustrado, não só, por não conseguir a
colocação, mas também, pela forma como fui
tratado. Pois, o homem não me deu a mínima
hipótese. À noite, quando encontrei na escola
(em Vila Franca) o meu colega, que trabalhava no
tal escritório, contei-lhe o sucedido. E ele,
assegurou-me, que o lugar continuava em aberto.
E esclareceu-me de que eu, tinha ido ao guichet
errado. Pois, a vaga era para a contabilidade e
não para a secção de expediente. Onde, logo por
azar, o chefe era um mal disposto crónico; com a
agravante de detestar guedelhudos. Ponderei a
situação e disse, cá para mim: Vamos lá a ganhar
tento rapaz! Tens de fazer pela vida. E com
estes considerandos, delineei a estratégia a
seguir.
No dia seguinte, logo que abriu a
barbearia, fui ao sacrifício, entregando-me aos
desvarios, da tesoura do barbeiro. O qual,
desbaratou num ápice, a minha adorada cabeleira
à beatle e a rala barbicha. Depois, vesti a
fatiota de “ver a Deus”, (mas, sem calças à boca
de sino, então na moda) engravatadinho e
engraxadinho, lá fui, para o combate. – Entrei
no prédio, dei os bons dias ao porteiro, que me
olhou com ar intrigado (talvez pelo novo visual)
decerto admirado pela mudança radical. E
demonstrando eu, que o elevador para mim, já era
tu cá tu lá, nele subi ao piso, onde se ia ditar
a minha sorte, tentando mostrar uma segurança
que não tinha. Desta vez, fui direitinho à
Contabilidade. Falei com o chefe que se mostrou
agradado com as minhas referências; e a coisa
correu tão bem, que tive logo ordem, para me
apresentar ao serviço na segunda-feira. Como,
era quinta-feira, fui de imediato, comunicar ao
senhor Martins. O qual, não pôs qualquer objeção
à minha repentina saída do emprego. Despedi-me,
grato pela forma como fui tratado, não só pelos
colegas como pelo chefe, que me disse: Tenho
pena, de não poder continuar a trabalhar
consigo. Mas, continue a ser quem é, e vai ver,
que as suas qualidades, irão ser reconhecidas; e
vai ter sucesso na vida. - Foi bom ouvir, tais
palavras. - Os dados estavam lançados.
Preparei-me, para
ingressar, naquele que foi, o meu posto de
trabalho, durante doze anos. - Ainda, que à
custa do corte, do meu rico cabelinho à beatle e
da barba. – Enfim… Ao que um jovem se “tinha de
sujeitar”, para fazer pela vida. Eram, tempos
difíceis e com as suas bizarrias, ditadas pelo
atraso que no país subsistia . E por muito
mérito que se tivesse, em certos empregos, não
havia lugar para modernices. E muito menos, com
certas pessoas em cargos de chefia e com
mentalidades retrógradas, como era o caso, do
chefe do Expediente. O qual, durante uns tempos
me olhou de lado, talvez, reconhecendo em mim, o
sujeito a quem ele, tinha despachado
desabridamente. Mas, no entanto, nunca tal
assunto abordou e como eu, não era seu
subordinado direto, mantive sempre uma certa
distancia.
No dia aprazado lá fui, de
comboio até Sta. Apolónia e depois apanhei o 12.
Mas, ia tão desorientado e pouco habituado à
cidade que, passei pela paragem onde deveria
descer e nem me apercebi. Só lá mais adiante é
que, achando estranho, não reconhecer qualquer
local por onde passava, perguntei ao cobrador. O
qual me disse, que deveria ter descido duas ou
três paragens antes. - Mas, que grande bronca!
Logo no primeiro dia, ia chegar atrasado. Desci
na paragem seguinte e voltei para trás a pé.
“Com os bofes à boca”, finalmente cheguei e
muito encabulado, dirigi-me ao gabinete do
chefe, apercebendo-me que toda a malta
cochichava a minha chegada fora de horas. Fui
recebido friamente, com estas palavras: Logo no
primeiro dia a chegar atrasado! Não haja dúvida,
que está a começar bem. - Nem me consegui
explicar. Pois, o senhor Vilela estava mesmo
zangado e nem quis ouvir as minhas razões. Só
faltou, pôr-me logo na rua. Depois, com maus
modos chamou um funcionário e disse-lhe: Explica
aqui a este “senhor”, qual vai ser a sua função,
e esperemos que esteja à altura. Pois, na
pontualidade, está a começar muito mal. E eu,
transpirava por todos os poros e com, uma
terrível vontade de urinar – Felizmente, o novo
colega, fez-me recuperar a confiança,
dizendo-me: Tenha calma, que os “azeites”
vão-lhe passar. Eu então, disse-lhe que
precisava de ir à casa de banho. Ele indicou-me
onde era e lá me fui aliviar. Felizmente, o
resto do dia correu satisfatoriamente.
Por sorte e também, porque, algum
valor em mim habita, passado pouco tempo, o
chefe, tinha-me em alta consideração. E delegava
em mim, certas tarefas (hoje arcaicas) a que ele
dava muito apreço; tal como, escrever em letra
“inglesa” ou “francesa”, os títulos das capas e
lombadas das pastas do seu gabinete. E como a
Caligrafia era, uma das disciplinas do meu Curso
Comercial, eu safava-me bem com a escrita. -
Sorrio, ao pensar, como certos atributos, hoje
sem relevância, foram enxadas úteis, no início
do meu percurso profissional.
Eliseu Pinto
“ O Gralha “ 17-08-20
|
Título:
Pedaços da menina que
fui |
Autora: Maria Fernanda
Calçada |
Pedaços da menina que fui
Esta manhã na rotineira ação de
limpar o pó à estante da minha sala, atirei ao
chão uma moldura, que se desfez em mil pedaços.
Era uma daquelas molduras muito
em voga há uns anos atrás, em que na cartolina
estava desenhada uma árvore, e nos ramos havia
espaços para inserir fotografias; esta tinha
seis. Naturalmente alterada com o acontecido
comecei a escolher de entre os restos, as fotos
que lá tinham estado anos; e dei por mim,
saudosa, a relembrar as várias épocas que elas
eternizaram. A mais antiga mostra-me bebé de
poucos meses, de mãos na boca, reclinada num
cadeirão, com um vestidinho comprido cor de
rosa, com a fímbria toda bordada a branco.
Enternecedora, sim, mas, como é lógico não
guardo recordações desse tempo.
Depois há uma outra, um pouco
mais tarde em que estou ao colo de minha mãe,
mas sem dar muita atenção ao fotógrafo, meu pai,
que queria mostrar o seu talento, mas eu não
facilitei a tarefa Mas a minha mãe ficou linda.
Uma outra, de quando eu teria
talvez uns cinco anos estou entre os meus pais e
ostento, orgulhosa uma boneca, que, maravilha
das maravilhas, tinha a cabeça de loiça .Essa
boneca ,que era o meu encanto, (até lhe lavava a
cara) teve um fim trágico numa certa noite ,em
Lisboa ,em casa dos tios João e Matilde, De
visita lá a casa, os meus pais e o casal foram
ao teatro ,deixando-me entregue à criada ,uma
senhora já com muitos anos que estando a fazer
renda, se deixou adormecer .A certa altura
resolvi visitar o sótão da casa ,.local onde não
me deixavam ir sozinha, e acendendo a luz
comecei a subir as escadas silenciosamente. Já
estava lá no cimo, quando me surge pela frente a
gata enorme e arisca de quem tinha um medo
terrível; quis virar-me para descer, pus um pé
em falso e aí vou em grande velocidade aterrar
no corredor e acordando a minha guardiâ em
sobressalto. Quando os meus pais voltaram
encontraram-me com a cabeça enrolada numa toalha
molhada, sem danos maiores que uns valentes
altos na cabeça …mas chorando com todas as
forças pois a minha adorada boneca estava
sem cabeça! Só no Natal seguinte tive direito a
receber outra. Numa outra foto estou junto a um
avião, creio que um Lancaster usado na 2º guerra
mundial, no dia do meu1 º voo; apanhei tosse
convulsa e, depois de várias tentativas para me
curar sem êxito o meu pai arranjou lugar para 2
voos na base da Ota. Foi para mim um
acontecimento ;era a única criança a bordo e
recordo que iam lá senhoras, familiares dos
militares daquela base .Lembro ainda o barulho
ensurdecedor que fazia dentro do avião, as
pessoas gritavam para se fazer ouvir ,os
assentos estavam com as crinas todas a aparecer,
e o meu pai até ralhou comigo por estar
entretida a puxá-las!
Aquele avião fora utilizado na
guerra, estava nas Lages para reparação e quando
esta acabou foi cedido a Portugal. Velhinho e
maltratado, mas não caiu!
Da “2º vez já fui bem mais calma,
estava a tornar-se uma coisa normalíssima!
A tosse convulsa, passou, se foi
por andar de avião nunca me questionei.
Mais uma foto, esta em cima de um
camelo no Jardim Zoológico. Naquela época era
costume meter as crianças (eram duas) em duas
cadeirinhas a par no dorso de um camelo e lá
íamos nós todos contentes dar uma voltinha! Não
pedíamos muito para se ser feliz! Era a minha
madrinha, residente em Lisboa que me arranjava
sempre motivos para ficar contente. Outras vezes
íamos de elétrico até ao fim da linha, na Cruz
Quebrada, onde tomávamos um capilé e um pastel
de nata!
A restante foto mostra-me com ar
preocupado, sisuda mesmo: é a foto tirada para o
meu primeiro bilhete de identidade; via entrar
no liceu, uma nova etapa. Por mais que a D.
Aurora, a fotógrafa me aconselhasse um
sorrisinho, eu não lhe fiz a vontade. Quiçá a
interiorizar que os tempos da infância ficavam
para trás, e o futuro traria desafios
desconhecidos que seria necessário encarar.
Tenho de arranjar maneira de
encaixar estes pedaços de mim para memória
futura
Fernanda Calçada |
|
Atelier de
Escrita e Leitura Publicado a 12-9-2020 |
Título:
Arte Quatro Fotos na Pandemia |
Autor:
Manuel Silva |
|
Atelier de
Escrita e Leitura Publicado a 9-9-2020 |
Título:
Celebrando a Primavera |
Autor: António
Henriques |
CELEBRANDO A PRIMAVERA
Primavera colorida, celebro a tua
chegada,
Vieste de sol vestida e de
flores, perfumada.
És bem-vinda e desejada, neste
novo recomeço,
Ansiosamente esperada, de ti
nunca eu me esqueço.
Com dias de chuva e vento,
alguns, sem nada mexer,
Uns serão talvez tormento,
outros, um doce prazer.
Mas és o tempo das flores, e dos
campos verdejantes,
Inspiração de pintores, em
quadros tão fascinantes.
És canção para os cantores, és
paixão para os amantes,
És também fonte de amores, em
regatos murmurantes.
E poetas te louvaram, nos versos
que te fizeram,
E a todos nos encantaram, nos
poemas que nos deram.
A paisagem já se altera, em
explosão de verde e flores,
E foste tu Primavera, que a
pintaste de mil cores.
Renova-se a Natureza e novos
seres vão nascendo,
Tanto esplendor e beleza, por
todo o lado se vendo.
O céu azul vai ficando, o calor
já está vindo,
Os frutos vão despontando, e
belas flores vão abrindo.
Os dias são mais compridos, as
noites são mais amenas,
Os campos estão coloridos, de
papoilas e verbenas.
Assim se renova a vida, nesta
bonita estação,
És por mim a preferida, eu tenho
por ti, paixão.
António Henriques
Março 2018 |
Título:
As Meninas |
Autora: Maria Fernanda
Calçada |
LEMBRANÇAS
Hoje, 20 de Abril de 2020,
acordei especialmente triste e desanimada. A
noite foi má, não por causa de sonhos maus ou
pesadelos, mas por falta de sono. As
preocupações com o que se está a passar e o medo
do que vem aí, não me deixam dormir.
Quando peguei no telemóvel e abri
o facebook, eis que me apareceu uma memória
minha, de uma foto que tirei no dia 20 de Abril
de 1986, há 34 anos, a qual eu tinha publicado
há uns anos. Estava grávida da minha primeira
filha, na altura não sabia o sexo, portanto era
o meu bebé, que viria a nascer no dia 4 de Maio
de 1986.
Eu tinha 26 anos, tinha toda a
força do mundo. Éramos todos vivos,
juntávamo-nos muitas vezes, eramos muitos,
fazíamos grandes almoços, jantares, celebrávamos
os aniversários de todos, enfim, era uma vida
com muita alegria.
Naquele ano, a 25 ou 26 de Abril,
aconteceu uma grande tragédia ambiental, uma
explosão na Central Nuclear de Chernobyl. Os
russos tentaram camuflar a gravidade da
situação, mas acabou por se saber. Foi um grande
desastre ambiental para todos, seres humanos,
animais, natureza, ainda hoje há zonas onde não
nasce uma erva e há seres humanos a sofrer com
as doenças provocadas pela radioatividade
emanada para a atmosfera.
Eu andava tão empolgada com o
nascimento do meu primeiro bebé que o desastre
de Chernobyl, passou-me ao lado, até porque não
havia tanta informação, quer na TV, quer nos
jornais e não havia facilidade em consultar
noticias pela Internet, pelo que não nos
apercebemos bem da gravidade da situação.
20 de Abril de 2020, 34 anos
depois, eis que dou comigo a lembrar dos
desastres ambientais e biológicos que já
aconteceram e a pensar que afinal o ser humano é
prejudicial ao Planeta Terra, pois estamos a
braços com mais um desastre humanitário, desta
vez biológico, o vírus Covid-19, que nome
pomposo, ou o novo Coronavirus, termo mais
calão.
De notar que muitos desastres
ambientais e biológicos aconteceram, por
exemplo, no início da década de 80, apareceu a
SIDA, e na época lembro-me que foi alarmante e
aterrorizador, pois as pessoas tinham medo do
contágio, mas penso que quase nada superou o
medo que o Covid-19 nos trouxe. O ser humano
está em grande perigo, pois há muito para
descobrir até se debelar este vírus.
Então, aqui estamos nós em casa,
em distanciamento social, não podemos tocar, não
podemos abraçar, não podemos acariciar, beijar,
estamos limitados ao uso de máscara, luvas,
lavar as mãos vezes sem conta, etc., estamos
confinados ao medo!
O que nos reserva o futuro?
Doença, fome, tristeza, abandono?
Pode ser que a humanidade aprenda
que o Planeta Terra não é para destruir, mas sim
para respeitar, amar e proteger, para que assim
todos os habitantes deste planeta maravilhoso,
possam viver tranquilos e disfrutar de tantas
coisas boas e lindas que a Mãe Natureza tem para
nos dar e que nos fazem sentir tão bem.
Maria do Carmo Roldão Fernandes Nunes
Aluna nº 1658
20 de Abril de 2020
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Título:
A Pandemia por Corona Virus |
Autora: Maria Florença
Pires |
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Atelier de
Escrita e Leitura Publicado a 7-9-2020 |
Título:
Arte na Pandemia |
Autora:
Maria da Luz Raposo |
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Atelier de
Escrita e Leitura Publicado a 4-9-2020 |
Título:
O Tempo das Maçãs Riscadinhas |
Autora: Maria José
Domingos |
O TEMPO DAS MAÇÃS RISCADINHAS
Estamos no tempo das
férias, e eu lá rumei mais uma vez para as
terras do Oeste.
Já lhes conheço os
humores, pois já são muitos anos por essas
paragens, primeiro fui muitos anos para Santa
Cruz, praia linda de mar azul, revolto, cheio de
energia, areia dourada, minúsculos seixos que de
tão polidos deram origem á macia areia, que nos
afaga os pés a cada passagem.
Também frequento
muito a Ericeira, mas nos últimos anos tenho ido
mesmo para a Foz do Arelho, pois a sua Lagoa de
águas calmas é mais própria para o meu neto
tomar o seu banho, sem eu ficar com o coração
acelerado.
É uma zona simpática
e tranquila, com uma praia enorme, e onde
podemos estender a toalha bem longe do vizinho.
Normalmente o tempo é
um ziguezaguear constante, previsões são coisa
que pouco resulta, assim é esperar a hora
seguinte, para ver se o sol aparece.
Sim porque no Oeste,
podemos num dia ter neblina, chuvinha, um belo
sol, e depois um ventinho, ou também, como este
ano, podemos ter a neblina, uma chuvinha, um
ventinho, e o sol a aparecer por escassos
momentos.
Mas eu gosto muito de
praia, e assim mesmo com este tempinho, até vou
saboreando a tarde soalheira, ou a manhã que
desponta nebulosa e depois, e depois se abre num
oásis de calor brando.
Já deixei estas
paragens, e quando cheguei a casa o calor fazia
sentir-se com elevada intensidade, e pensei “
que bem se estava no Oeste”.
Voltei á rotina, mas
eu tenho quase sempre de quebrar a rotina, e
este ano deu-me para as pinturas.
Já em Maio tinha
pintado os muros do quintal, nunca tal tinha
feito, achava que não tinha jeito, mas até
ficaram bem e agora passei para móveis.
Sabem aqueles móveis,
que nós vamos herdando, e que até são
engraçados, mas já começam a ter alteração na
cor, ou machas de muitas mãos que lhes tocaram,
pois a alguns resolvi retirar as impressões
digitais e pintá-los de branco, pois está na
moda.
Parece que também não
ficaram mal, uns pequenos, tipo mesa até foram
para colocar junto da cama do meu neto, e ficou
bem, mesmo bem.
E assim pintei também
umas cadeiras e mais um banco alentejano, pelo
menos ficaram com ar limpo, e desinfectado.
E assim vou alternado
as minhas rotinas, não dispenso a minha
caminhada a meio da manhã, para que já sinta na
pele o calor do sol, até porque a vitamina D é
muito importante, para combater as infecções, e
activar a imunidade.
E do que precisamos
mesmo é de bastante imunidade, ao “bicho”, e
outras situações menos agradáveis que vão
aparecendo.
Todos vamos
descobrindo ocupações, capacidades
desconhecidas, e vivendo a vida com a alegria,
que nos é necessária e benéfica.
Até já fiz uma viagem
de comboio até ao Fundão, e foi bastante
tranquilo.
Vivamos normalmente,
com as precauções devidas e assim vamos
saboreando as maçãs riscadinhas que aparecem
neste tempo.
Costumo comprar estas
frutas a pequenos agricultores, e outro dia
comprei umas maçãs saborosas, perfumadas que me
transportaram para as maçãs que comia na minha
infância.
E o tomate coração de
boi, que também está com um sabor esplêndido,
entre a compra e a dádiva, eu e a minha família
temos comido umas saladas cheias de sabor.
Apreciemos pois estes
dias ainda cheios de Luz, saboreemos todos os
frutos e legumes desta época espetacular, uma
boa sopa de beldroegas, com um ovo escalfado,
uma fatia de queijo fresco ou seco, é especial.
E vivamos felizes.
18-08-2020
Maria José Domingos |
Título:
As Meninas |
Autora: Maria Fernanda
Calçada |
As Meninas
cordo-as
sempre juntas evidenciando a cumplicidade que se
manteve ao longo da vida. Ainda
hoje, já na casa dos noventa, assim continuam,
inseparáveis.
Nascidas numa pequena terra, no seio de uma
conceituada família formada por uma professora
primária e um lavrador remediado foram
primorosamente criadas num ambiente conservador.
Lourdes, a mais velha, morena como sua mãe, foi
uma menina exemplar, senhoril e sossegada. Já a
mais nova, Odete de seu nome, loira como o pai,
foi sempre a rebelde; o seu feitio irrequieto
levava-a a alterar as normas estabelecidas. Não
brincavam na rua, o quintal da casa era o seu
mundo; a imaginação prodigiosa de Odete fazia a
sua velha avó Mónica (lembro bem aquela
figurinha franzina encimada por um carrapito
todo branco) sair do sério. Fizeram a escola
primária na terra, seguiram os estudos na vila
próxima e posteriormente em Lisboa. Para onde ia
uma, ia a outra; na terrinha eram chamadas As
MENINAS…
Meninas eram e, meninas ficaram, pois nunca
casaram; ainda hoje os habitantes mais antigos
se lhes referem como AS MENINAS!
A certa altura da vida, com os pais já idosos foram morar para
junto da cidade grande, por conveniência
relativamente aos seus empregos. Deslocaram-se
pela Europa fora num flamante carro cor de
laranja e, com o passar dos anos trocaram-no
pelo avião, que no caso da Odete a levou a mais
de uma centena de países, com muitos episódios
que dariam para encher mais umas folhas…Quando
as conheci (eram vizinhas dos meus avós) bem
mais velhas do que eu, sempre me senti atraída
pelas duas irmãs e até hoje quando falo com
elas, (pessoalmente ou ao telefone) começo por
perguntar:Então como vão as MENINAS?!
Há anos atrás, aquando de uma visita onde me foi
oferecido um chá, com o requinte que sempre lhes
conheci, elogiei uma toalha lindíssima que
estava na mesa. Disseram que fora bordada por
elas, para um enxoval que nunca fora preciso, e
um dia quando da sua morte, para onde iria
parar, dado não terem familiares próximos …Com o
à-vontade de muitos anos de amizade saí-me a
dizer:-Mas não seja por isso, deixem um
bilhetinho escrito a dizer:-A toalha de linho
bordada a azul fica para a Maria Fernanda!
Seguimos com o lanchinho, os anos passaram e não
é que há semanas atrás, numa visita que mais uma
vez lhes fiz, tinha em cima do sofá um saco à
minha espera?!
Diz a Odete muito prazenteira:
-Neste saco que vais levar, está a toalha. Olhei
para as duas com uma certa estranheza, pois
nunca mais de tal me lembrara. Minhas ricas
MENINAS que não param de me fascinar! Com muito
carinho trouxe a toalha para casa e logo de
seguida num almoço com toda a minha família, a
toalha de linho bordada a azul, em ponto grilhão
fez um brilharete!
Maria Fernanda
Calçada |
Título:
Naturalmente |
Autor: Gilberto de
Paiva |
NATURALMENTE
Daqui da cidade
mais alta de Portugal
Cumprimento a
Comunidade Académica
Localidade de
uma beleza natural
Com um pouco de
poesia sem estética
Acredito que
todos me vão desculpar
Por ter este meu
atrevimento
Mas é uma maneira
de na vida estar
Espero que tenha
o vosso consentimento
Talvez haja
alguém que não me queira ler
A esses não levo
nada a mal
Na vida nem tudo
o que é, parece ser
Vou vivendo como
é normal
Naturalmente o
que com isto quero dizer
É que vim por
algum tempo para a minha terra
Aldeia de
Videmonte que me viu nascer
Com uma beleza
extrema na encosta da serra
Pertenço ao
concelho da Guarda
Que também tem
nomes sonantes
Da Guarda o meu
amigo me tarda
Era isto que D.
Sncho dizia antes
Carolina Beatriz
Ângelo, médica e feminista
Eduardo Lourenço
Faria, filósofo e professor
Fernando Carvalho
Rodrigues, físico e cientista
Agora mando para
vós como lembrança e amor
D. José Saraiva
Martins sua Eminência Cardeal
Também na Guarda
a Torre dos Ferreiros e a Sé
Mais ao alto
sobranceiro o castelo sempre leal
A estátua de D.
Sancho, a Praça Velha e a Casa do Bom Café
Até poderia
mencionar muitos mais
Tal como Abílio
Fernandes, botânico
Pedro Carvalho
ator e outros que tais
Álvaro de Castro
primeiro Conde de Monsanto
A socialite
senhora D. Lili Caneças
Comendadora e
politica a senhora Odete Santos
Com os
Egitanienses não há meças
E as judiarias lá
por outros cantos
Para terminar
vou falar das praias fluviais
Temos Valhelhas e
Quinta da Taberna
Aldeia Viçosa e
ainda há mais
Lindas para as
moças mostrarem a sua perna
E Videmonte nem é
vila nem cidade
È uma aldeia
pequenina, onde reina a mocidade
Tens o encanto e
a beleza natural
És a aldeia mais
bonita deste nosso Portugal.
Gilberto de Paiva |
|
Atelier de
Escrita e Leitura Publicado a 28-8-2020 |
Título:
Arte Fotográfica na Pandemia |
Autor: Lino Solposto |
Clique
na imagem para ver ecrã total
|
|
Atelier de
Escrita e Leitura Publicado a 25-8-2020 |
Título:
Janela da Vida |
Autora: Maria Fernanda
Rodrigues Martins Gomes |
JANELLA DA VIDA
Cores que nascem espreitam a terra.
Lá fora o silêncio é tanto,
E o azul de primavera,
Na janela onde olho enquanto
Uma vida adormecida,
De um mundo que não quer cair,
Não deixa a janela dormir,
Em silêncio invadida.
E desta janela espreito,
Operários de sonhos e vida,
Que em primavera florida,
E juntos fazem perfeito.
Não é fácil e é urgente,
Trazer sonhos a mãos vazias,
E dar vida a toda a gente,
Em noites nuas d’alegrias.
A tão nobres operários,
De hospitais sem dormir,
Que trabalham noite e dia,
Para que o mundo possa sorrir,
Em momentos tão medonhos.
E um desejo tão magoado,
Tornando os nossos sonhos,
Em silêncio acordado.
8 de Abril 2020
Maria Fernanda
Martins Rod
|
Título:
O Tempo dos Melros |
Autor: Lino Solposto |
O tempo dos Melros
Confinamento, parte não sei qual, podia ser o
mote para retomar uma nova série com novos
episódios do tema, recorrente, que todos os dias
nos alerta, que se estranhou, mas agora bastante
entranhado vai condicionando a nossa forma de
estar, sentir e viver.
Ainda que, com mobilidade menos reduzida,
continuamos inconscientemente a desconfiar de
tudo e todos, e qualquer sinal por menos
habitual, capaz de gerar incerteza e algum
pânico.
O outono está à porta, e aqui no Oeste os
últimos dias são o sintoma de que a terceira
estação do ano, pela ordem que me ensinaram, não
vai tardar. Os frutos vão amadurecendo, o feijão
seco já está na arca, e a rama da batata doce
vai fazendo o seu caminho, enquanto o nervoso
miudinho aumenta por não ver chegada a hora da
vindima, pois a cada dia que passa, diminuem
igualmente os bagos, e alguns cachos já foram
totalmente despojados, por obra, e sem graça
nenhuma, de umas aves pretas e de bico amarelo,
que conhecemos por melros.
Experimentem porem-se no lugar de um
vitivinicultor, gestor de mais ou menos cem
videiras, sei o número exacto mas nem todas
ainda dão, contar com aqueles baguinhos, que,
sem incidentes não seriam muitos, e ainda ter
que partilhar. Que raiva.
O espaço onde está instalada a minha vinha tem
um rádio, espantalho, garrafas e garrafões
espetados em canas, um catavento
espanta-pardais, e esta época, quatro mochos, a
última maravilha para meter medo,
asseguraram-me. Têm garras afiadas, o bico
pontiagudo, movimento de cabeça a qualquer leve
brisa, mas estão estáticos e neste momento
servem de componente estética do local. O
prejuízo não foi total, além de gostar deles,
nunca irão estar de baixa, muito menos
organizarem-se em sindicato.
Todos os anos há perdas, maiores ou menores, só
piso o que eles deixam e só recentemente entendi
o porquê dos "meus colegas" do Douro, Dão,
Bairrada, e alentejanos mais os cartaxenses
nunca se queixarem desta praga. Só aumentando a
produção minimizo o problema.
Fui procurar respostas. Estas avezinhas, espécie
protegida, se confortável onde nidifica,
protegida em sebes, ou árvores de folha perene,
terras de cultivo, insectos em profusão, e
bagas em abundância para alimento, clima
temperado, até se esquece de migrar, daí a
catrefa de melros existente que me atezana nesta
altura do ano. Aquele característico tché, tché,
tché, irritante, deambulando por entre as cepas,
ignorando olimpicamente qualquer "obstáculo"
atrás referido, autoriza qualquer falta de
remorso, quando na fase de aprender a voar,
alguns fazem a aprendizagem à boleia, entre os
dentes do Charlie, ou quando este farejando algo
dentro de um arbusto, resolve, mesmo que sem
mandato, embargar a obra clandestina, porque sem
o seu beneplácito. Está comigo desde que
desmamou, trabalha, agora menos, já faz mais
pausas para dormir. Compreendo.
Nas pesquisas encontrei um poema maravilhoso de
Guerra Junqueiro, e que anda à volta de um melro
que deu cabo do juizo a um padre-cura, e que
começa assim:
O melro, eu conheci-o:
Era negro, vibrante, luzidio,
Madrugador, jovial
Logo de manhã cedo
Começava a soltar, dentre o
arvoredo, . . . . . . ( o resto, procurem ).
A minha guerra com eles, os melros, está para
durar. Desistir de tentar fazer um vinhinho está
fora de questão.
Assim vai decorrendo o tempo, até que surja
outro tempo, e entretanto tratemos de dar tempo
ao tempo, porque como no provérbio, atrás de
tempo, tempo vem.
Abraço, Lino
Solposto |
Título:
O Lugar Onde Nasci |
Autor: João Batista |
O LUGAR ONDE NASCI
Nasci num bonito
lugarejo chamado Vidigal, na freguesia de
Estreito, concelho de Oleiros, distrito de
Castelo Branco.
Da origem do nome
pouco se sabe; Vidigal há muitos, o mais próximo
dista cerca de quinze quilómetros, o mais
distante, ou perto disso, é uma famosa favela do
Rio de Janeiro. Quem sabe se a origem do nome da
minha aldeia terá sido o apelido do primeiro ou
primeiros povoadores do lugar!
Com a serra do
Muradal ali tão perto, desenhando a linha do
horizonte em todo o lado nascente e fazendo
parte do Trilho Internacional dos Apalaches, a
minha aldeia caminha a passos largos para a
desertificação humana.
Este Trilho
estende-se do norte da Europa à América do
Norte, passando pela Península Ibérica e norte
de África. O percurso português foi inaugurado
em Março de 2015.
Com a desagregação do
super continente Pangeia, ocorrida há centenas
de milhões de anos, segundo a teoria da deriva
dos continentes de Alfred Wegener, a zona de
Vidigal, Estreito e Oleiros, até então vizinha
das zonas de Nova Iorque e Boston, deixou de o
ser.
Veremos por quanto tempo se mantém este
afastamento, pois já se fala numa reversão,
melhor dizendo, numa agregação dos continentes.
Atelier de escrita e leitura
João Batista |
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Atelier de
Escrita e Leitura Publicado a 23-8-2020 |
Título:
Arte de Renda na Pandemia |
Autora:
Maria Fernanda Calçada |
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Atelier de
Escrita e Leitura Publicado a 21-8-2020 |
Título:
Esperança |
Autor: António
Henriques |
ESPERANÇA |
São duros estes tempos que vivemos
Exigindo de nós grandes mudanças
Mas só unidos, o mal venceremos
Renovando em todos as esperanças.
O nascer e morrer é natural
Em tudo que no Mundo é ser vivente
Mas só se vencerá todo este mal
De forma cautelosa, inteligente.
Seguindo com rigor as instruções
Que são por todo a lado difundidas
Tomando as devidas precauções
Para assim se poderem salvar vidas.
Desde os primórdios da humanidade
Que todo o ser humano anda a lutar
Grande parte do tempo, na verdade
Andou seus semelhantes, a matar.
Então se uns aos outros nos matamos
Porque ficamos tão admirados
Por este vírus causar tantos danos
Se por nós, tantos foram, já causados.
E se nem na desgraça aprendemos
Que a força da união é essencial
Desunidos, batalhas perderemos
Ganhando este inimigo, no final. |
Esta doença que agora grassa
E que afecta apenas os humanos
Com a união de todos, logo passa
Mas deixa, duros e pesados danos.
Mesmo com ameaça tão mortal
Pendente sobre toda a humanidade
A unidade, que era essencial
Tão pouca ela é, na realidade.
E às guerras acesas pedem pausas
P’ró novo inimigo combater
Esquecendo diferenças e as causas
Que as fizeram a todas acender.
Depois do inimigo ser vencido
E tudo ter voltado ao seu normal
As guerras não farão qualquer sentido
Tendo que se dar fim a esse mal.
Sei que o poder do vírus é imenso
Disso tenho a certeza, sem engano
Mas acredito em nós e digo e penso
Maior é o querer do ser humano.
A tempestade um dia vai passar
Soprando a doce brisa da bonança
Mas tem a humanidade que mudar
Dando ao mundo amor e esperanç |
ANTÓNIO HENRIQUES
MARÇO 2020 |
Título:
Laços de Primavera |
Autora: Luísa Faria |
Laços de Primavera
28 DE MARÇO DE 2050
Depois de um Inverno rigoroso, finalmente, a
Primavera tinha chegado, com todo o seu
esplendor.
Cerejeiras floridas, cobrem toda a paisagem com
um lindo e majestoso manto branco. Em todo o
pomar, a natureza revela-se de uma beleza
incrível, quase angelical e surreal, em cores
suaves.
Caminho, lentamente entre as veredas de erva
verdejante, tendo como companheiros de percurso,
coloridas borboletas e alguns pássaros. Aprecio
cada momento, e mesmo devagar, no meu peito, o
coração bate irregular devido ao esforço que lhe
é imposto. Na mão direita, seguro a bengala, que
me auxilia a equilibrar, esperando eu que ela
não se engane no caminho, e que eu tropece e
caia, o que seria desastroso, e ao qual a minha
filha, logo diria:
- Ó Pai! Que falta de bom senso!
Devagar, finalmente chego ao meu destino. O
velho banco, que construíra ainda jovem, e que
se encontra debaixo da frondosa cerejeira,
talvez a mais antiga do pomar.
Já sentado, acaricio, com as minhas débeis e
enrugadas mãos, a inscrição gravada de modo
simples, a um canto do banco, um coração com
duas iniciais interlaçadas, já gastos pelo tempo
e pelas intempéries, sentindo um misto de
nostalgia, ternura e saudade. Em meu redor um
silêncio, que não é silêncio, pois toda a
natureza fala a sua própria linguagem.
No ar, impera um cheiro aromatizado e doce das
flores das cerejeiras, uma leve brisa faz dançar
as flores, fazendo voar pétalas, que suavemente
vão caindo sobre mim, parecem pedir, que eu as
segure para que não caiam no chão. Sorrio, abro
e fecho os meus olhos, como se fotografasse,
aquele momento, quase solene, para que fique
guardado na minha memória para sempre. É como se
existisse uma simbiose entre mim e a cerejeira,
em que não é preciso dizer em voz alta, que é o
prenúncio da nossa despedida. Pois é certamente
a última Primavera que passamos juntos. Ela, a
cerejeira, no seu melhor toda florida, e eu no
limiar da minha longa vida.
Entre os meus devaneios, oiço ao longe a minha
neta a gritar com toda a força dos seus pulmões
de criança, perguntando:
- Avô, posso ir ter contigo?
- Podes. Disse-lhe, mas quando me
virei já ela estava ao pé de mim!
- Leonor, se a tua mãe sabe que
estamos aqui em cima, vamos os dois ficar de
castigo!
Disse, rindo.
-
Não faz mal, avô. Respondeu, colocando
carinhosamente os seus bracitos á volta do meu
pescoço. Os seus olhos castanhos luminosos,
iguais aos de sua avó Leonor, a minha amada
esposa, realçavam o seu rosto, muito branco, mas
agora um pouco mais rosado, resultante da
corrida que acabara de fazer, para vir ao meu
encontro. Trazia o seu longo cabelo preto,
entrançado preso com uma fita de cor vermelha, a
tiracolo uma pequena bolsa de onde rápidamente
tira um livro, e diz:
-
Avô, sabes que dia é
hoje?
Como se eu não soubesse! pensei, mas ela
continuou…
-
Avô, hoje na escola, a minha professora
ofereceu a todos os seus alunos este livro que
ela diz ser muito importante, pois nele está
escrito todos os acontecimentos que ocorreram no
nosso país no ano de 2020, e em especial neste
dia, razão por que ela o ofereceu hoje. O livro,
fala de uma pandemia provocada por um vírus,
muito mau que viajou por todo o mundo, inclusive
o nosso país e que se chamava Covid-19, da
família do Coronavirús.
Recuei ao ano de 2020…
No dia 28 de Março, partia para a
eternidade a minha amada esposa. Fazendo parte
dos números das estatísticas daquele negro dia,
de Março, em que se ultrapassou as cem mortes em
Portugal, por infecção do Coronavírus. Muitos
dias de sofrimento e morte ainda estariam pela
frente até o vírus ser eliminado.
Voltando a MARÇO DE 2050…
Eu tinha sobrevivido, tinha sido mais forte que
o vírus, mas não tinha conseguido salvar a minha
esposa.
Ainda hoje, não sabia como tínhamos ficado
infectados!
Uma lágrima quis descer pelo meu rosto, mas eu
não deixei. Não quero chorar à frente da minha
neta. Ela ao ver o meu rosto tão sério, sorrindo
diz:
- Avô; depois vamos juntos ler o
livro, está bem?
Abanei a cabeça, como sinal que concordava e
beijei o seu bonito rosto. Peguei em algumas
pétalas das flores das cerejeiras, que ainda
segurava nas mãos, e disse:
- Querida toma, coloca-as dentro
do teu livro para guardares e recordares mais
tarde, um pouco da Primavera deste ano.
Ela abriu o livro, colocando as pétalas no seu
interior e fechando-o, disse:
- Avô está guardada a Primavera,
até para o ano.
JUNHO DE 2050
Leonor, subia os degraus da escada que conduzia
ao quarto do avô, dois a dois para que mais
rápido chegasse para mostrar a sua surpresa, uma
cesta cheia de lindas, vermelhas e suculentas
cerejas, que trazia para o avô, colhidas na sua
cerejeira preferida. Ofegante, Leonor abriu a
porta do quarto, e as suas pequenas mãos não
foram fortes o suficiente para segurar a cesta,
e todas as cerejas rebolaram escada abaixo.
Leonor, olhava para o lugar perto da janela onde
se encontrava a cama do seu avô. Sua mãe,
ajoelhada à cabeceira da cama, tinha as mãos no
seu rosto, escondendo as lágrimas. Leonor logo
percebeu. Chegando mais perto do avô, olhando
para o seu rosto, carinhosamente disse:
- Mãe, não chores. O avô
simplesmente adormeceu, mas continua acordado
nos nossos corações.
Perto da cama, algumas pétalas de flor de
cerejeira, estavam caídas no chão, Leonor
lentamente apanhou uma a uma, colocando-as junto
das outras que se encontravam no livro que o avô
tinha em suas mãos, o livro que, juntos tinham
lido.
28 DE MARÇO DE 2060
Uma senhora e uma bonita jovem carregando um
lindo e enorme ramo de flores de cerejeira,
caminham juntas, e de mãos dadas, entram no
cemitério da pequena aldeia perto do Fundão, na
Beira Baixa.
Tinha chegado a Primavera com todo o seu
esplendor!
Luísa Faria
Abril 2020 |
Título:
O Impacto da pandemia de COVID-19 - 2020 |
Autora: Maria Florença
Costa |
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UNIVERSIDADE SÉNIOR DE
VILA FRANCA DE XIRA
O impacto da pandemia de
COVID-19 - 2020 |
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Os melíficos e os benefícios
da COVID-19
Os malefícios:
Perda de vidas, cerimónias
fúnebres restritas, algumas sem acompanhamento
de familiares e amigos.
Os profissionais de saúde
estiveram na linha de frente da pandemia por
amor à bata, por juramento de ética e moral em
nome de vida.
Privaram-se da companhia de sua família distanciando-se
para não os contaminar saindo das suas casas, do
seu conforto familiar. Viveram em vários sítios
como em casas particulares, hotéis e caravanas
cedidas por terceiros. Algumas vezes
alimentaram-se da generosidade da população.
Houve muita solidariedade com
estas pessoas tão humanas, que tudo fizeram para
salvar vidas.
Vestiram fatos desconfortáveis,
usaram materiais de diversas espécies,
utilizaram desinfetantes, com mais abundância.
Trabalhando até à exaustão,
atualmente sentem-se cansados física e
psicologicamente, alguns com problemas de saúde,
uns foram contaminados e outros acabaram por
falecer com o vírus.
A Proteção Civil, forças
militares e militarizadas tiveram que entrar em
Acão no combate ao vírus, os bombeiros
transportaram doentes com Covid-19 para os
hospitais ficando alguns contaminados, tendo que
fazer a quarentena nos quarteis, encerrando-os.
A população teve que entrar em
quarentena e houve necessidade de mudança no seu
quotidiano.
Fecharam empresas, escolas,
universidades, tiveram que trabalhar em on-line.
Alguns cidadãos sofreram física e
psicologicamente com a quarentena, medo da
doença, morte e impotência para enfrentar a
pandemia, tendo que recorrer a cuidados médicos.
As pessoas mais vulneráveis
receberam muito apoio de terceiros no domicílio.
Alguns jovens voluntariaram-se, levando
alimentos, medicamentos e palavras de conforto a
quem mais necessitou, principalmente a quem
vivia só. Muitas consultas de outras
patologias, exames e cirurgias foram adiadas.
Os que foram contaminados tiveram
menos qualidade de vida, alguns perderam a vida
e outros ficaram com mazelas, para sempre ou
não.
A maioria dos óbitos deu-se nos
Lares de 3ª Idade dado o elevado nível etário
dos utentes com outras patologias que os
debilitaram ainda mais.
Houve desemprego, fome, tendo que
recorrer ao Banco Alimentar, falta de
rendimentos para poderem pagar as
suas contas e sustentar os seus, Aumentou o
número de sem abrigos e a violência doméstica.
A economia teve uma queda
abrupta, o comércio, a indústria e os serviços
reduziram repentino e vertiginoso decréscimo a
sua atividade.
A Bolsa de valores deixou de
funcionar.
Os benefícios
A Pandemia trouxe grandes
mudanças e comportamentos a muitos níveis.
Antes de este vírus aparecer, a
humanidade falava da poluição, mas, pouco ou
nada fazia para reverter a situação.
Com as empresas e as fronteiras
fechadas, diminuiu o tráfego aéreo, marítimo,
fluvial, rodoviário e ferroviário.
Não houve turismo, assim não
houve tanto consumo, diminuindo os resíduos. Com
a Pandemia e a quarentena diminuíram, as
emissões de gases com efeito de estufa, a
poluição, o ruido, o dióxido de azoto
proveniente de centrais elétricas, o monóxido de
carbono, dos veículos diminuiu
substancialmente.
Melhorou o ar, a terra, os
oceanos e os rios.
O ar que respiramos é mais
saudável.
A fauna e a flora respiram melhor
e reproduzem-se com mais quantidade e qualidade.
As águas do mar e dos rios estão mais limpas
permitem aos que neles habitam viver mais
saudável e a reproduzir-se em mais quantidade e
qualidade.
Os nossos amigos golfinhos que
habitam o Sado, deslocaram -se até ao rio Tejo
para exibir o seu talento aos Lisboetas e também
por haver melhores condições na qualidade das
águas.
A quarentena fez com que as
pessoas ficassem em casa para não contaminar e
nem serem contaminadas.
Ganharam-se melhores hábitos de
higiene e mais intensos, lavar as mãos,
higienizar os produtos, usar desinfetantes,
constituíram uma regra obrigatória.
As empresas tiveram que mudar a
organização e os métodos de funcionamento,
algumas delas reconverteram a sua produção em
bens e produtos para a proteção e combate à
pandemia.
As pessoas viviam numa azáfama e
queixavam-se que não tinham tempo para nada.
Neste período tiveram tempo para si próprios,
puderam dar atenção aos seus cônjuges, aos seus
país e acompanhar os seus filhos no crescimento,
nas brincadeiras nos trabalhos da escola e
ensinar a fazer lida doméstica.
Quem não sabia limpar, lavar,
passar a ferro e cozinhar aprendeu até a fazer
máscaras.
Trabalharam on-line, foi mais uma
tarefa a desempenhar.
Assim não se enervaram no
trânsito, não despenderam dinheiro em gasolina,
ou andaram em transportes públicos, não perderam
tempo.
Tivemos a perceção do consumo que
fazemos desnecessário, havendo pessoas a viver
com 1euro por dia e alguns sem nada!
A Pandemia uniu mais as pessoas
tornando-as mais solidárias.
Aumentou o interesse por
aparelhos eletrónicos e pelas novas tecnologias.
Estas ferramentas foram muito importantes como
meio de comunicação neste período. Os meios de
comunicação social, os telemóveis, os telefones,
os computados e as redes sociais deram uma
enorme contribuição nesta situação.
Recebemos informação através da
comunicação social, da OMS e da DGS, programas
de sétima arte que foram muito importantes e
animadores, o camião de esperança que circulou
por vários locais, os padres que percorreram
vários locais com as imagens santas nos andores,
as missas emitidas.
Os políticos de todos os
quadrantes convergiram no combate deste vírus
deixando as suas divergências políticas de lado.
A OMS, a DGS e os governantes
fizeram o melhor que puderam e souberam.
Ninguém sabe nada em concreto
qual a composição deste vírus, para poder
erradicálo.
Os que estiveram em quarentena
deram um grande contributo para controlar a
pandemia.
Os que tiveram que sair de casa
para trabalhar foram grandes heróis.
Agradeço a estes grandes heróis
que me permitiram ficar em casa, não deixando
faltar nada.
A humanidade convergiu na procura
da cura e vacina para combater este Corona
vírus.
Maria Florença Costa
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Atelier de
Escrita e Leitura Publicado a 20-8-2020 |
Título:
Arte Fotográfica na Pandemia |
Autor:
Eliseu Pinto |
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Atelier de
Escrita e Leitura Publicado a 17-8-2020 |
Título:
Estado de espirito |
Autora: Maria do Carmo
Roldão Fernandes Nunes |
ESTADO DE ESPIRITO
Perante a realidade que
estamos a enfrentar, fico muito duvidosa
quando oiço na TV, vezes sem conta “Vamos
ficar todos bem” e “Fique em casa”.
Ora bem, quanto ao vamos
ficar todos bem, falta uma palavra para
completar a frase de acordo com a realidade
e a palavra é mal, ou seja a frase
correta é: “vamos ficar todos, bem mal”.
Estou a ser pessimista, eu sei, mas não
consigo ser otimista, perante tudo o que se
está a passar.
Vamos ser realistas, o vírus
Covid-19, apareceu, ou nasceu em
laboratório, quem sou eu para afirmar como
foi, mas uma coisa é certa, ele está cá e
tanto no mundo cientifico, como no mundo
médico, há muita coisa que não se sabe e
muita coisa que se falou ou fala que se
chegou à conclusão que não está correto ou
que afinal aquele procedimento não é ou não
era correto, ou seja, há muito para se
descobrir, até se conseguir debelar o
Covid-19, se é que o vamos conseguir fazer.
Mal a todos nós, o Covid-19
já fez, muito mal. São todas as pessoas que
já faleceram, são as pessoas que estão nos
hospitais a lutar pela vida e as que estão
de quarentena em casa.
Depois há as pessoas que
tiveram até agora a sorte de não terem sido
contaminadas, mas que estão confinadas em
casa e esse confinamento já dura há muito
tempo, sim, porque para as pessoas
confinadas em casa, um dia parece uma
semana, e já se começa a notar saturação e
mau estar nas pessoas, até o simples ato de
ir às compras, começa a ser um suplicio.
Até quando vamos aguentar
isto?
Depois a outra frase, “Fique
em casa”…
Ora bem, então é assim,
ficamos todos em casa, e vem o Pai Natal e
manda pela chaminé, o nosso meio de
subsistência, ou seja, o dinheiro para
podermos pelo menos, comer e pagar as nossas
despesas fixas, era muito bom que fosse
assim, mas o Pai Natal não existe, é puro
sonho de crianças, e a realidade é muito
mais cruel.
Não podemos sonhar e
idealizar que vamos “todos ficar bem e vamos
todos ficar em casa”.
Continuando a minha análise
pessimista, estamos a sofrer com a situação
da saúde pública, saúde mental, saúde
monetária e com uma total insegurança em
relação ao futuro e para meu espanto, já se
fala novamente na “Geração à Rasca”,
lembram-se? Claro que se lembram, não foi
assim há tanto tempo.
Acho que esta Pandemia de tão
violenta que é, será falada no futuro e
ficará nos anais da História do Planeta
Terra.
Bem Hajam Todos e que não
venha novamente a “Geração à Rasca”, para
bem de todos nós!
Maria do Carmo Roldão Fernandes Nunes
Aluna nº 1658
26 Abril 2020 |
Título:
Estimados colegas |
Autor: Gilberto de
Paiva |
Estimados colegas.
Não sei a que horas ou dias vão ser lidas estas
palavras que estou a escrever, mas também não
interessa isso o que importa é que quem as leia
esteja bem de saúde e sua família também, e que
apesar da situação que estamos a atravessar
neste momento temos de todos nós acreditar que o
sol vai voltar a brilhar e amanhã será outro
dia.
Tenho lido muitos textos excelentes mas os da
Luísa e Lino tiro-lhes o chapéu que normalmente
ponho na minha cabeça.
Sem ser preciso ler o texto do Lino já me estava
a lembrar da sra Lagarde com rosto da cadáver (carne
dada aos vermes) não me esquecendo do atual
deputado eleito por um partido conservador,
assim o chamou o presidente do Governo
Espanhol, e representante dos eleitores do
distrito da Guarda. Na altura quando falou dos
cabelos grisalhos eu nem queria acreditar.
Falar em casos reais é muito doloroso mas todos
nós vemos e ouvimos mentes iluminadas a insinuar
e alegadamente afirmar o que eventualmente pode
suceder com os mais idosos. Por muito que não
queiramos somos levados a acreditar. É como
aquele ditado que diz, água mole em pedra dura
tanto bate até que a fura.
Não é novidade para ninguém, principalmente para
os mais atentos, que em Itália e em Espanha, os
próprios médicos tiveram de optar e em Portugal,
alegadamente, também já houve insinuações e quem
sabe até intenções que estão na gaveta. Vamos
ter fé que nós os de setenta e tal ainda
valhamos alguma coisa talvez não nas cabeças das
lagardes e outros. Para esses não lhe vou
desejar o que eles pensam de nós mas gostaria de
lhes dizer que o lugar que eles ocupam a nós o
devem.
Vou despedir-me com desejo de boa saúde para
todos com vontade de nos voltarmos a encontrar
tão depressa quanto possível.
Beijos para todos à distância e até um dia
Póvoa de Santa Iria,14 de Abril de 2020-04-14
Gilberto de Paiva
|
Título:
Celebrando a Primavera |
Autor: António
Henriques |
CELEBRANDO A PRIMAVERA
Primavera colorida, celebro a tua
chegada,
Vieste de sol vestida e de
flores, perfumada.
És bem-vinda e desejada, neste
novo recomeço,
Ansiosamente esperada, de ti
nunca eu me esqueço.
Com dias de chuva e vento,
alguns, sem nada mexer,
Uns serão talvez tormento,
outros, um doce prazer.
Mas és o tempo das flores, e dos
campos verdejantes,
Inspiração de pintores, em
quadros tão fascinantes.
És canção para os cantores, és
paixão para os amantes,
És também fonte de amores, em
regatos murmurantes.
E poetas te louvaram, nos versos
que te fizeram,
E a todos nos encantaram, nos
poemas que nos deram.
A paisagem já se altera, em
explosão de verde e flores,
E foste tu Primavera, que a
pintaste de mil cores.
Renova-se a Natureza e novos
seres vão nascendo,
Tanto esplendor e beleza, por
todo o lado se vendo.
O céu azul vai ficando, o calor
já está vindo,
Os frutos vão despontando, e
belas flores vão abrindo.
Os dias são mais compridos, as
noites são mais amenas,
Os campos estão coloridos, de
papoilas e verbenas.
Assim se renova a vida, nesta
bonita estação,
És por mim a preferida, eu tenho
por ti, paixão.
António Henriques
Março 2018 |
|
Atelier de
Escrita e Leitura Publicado a 9-8-2020 |
Título:
Artes na Pandemia |
Autora:
Fernanda Cravo |
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|
|
Atelier de
Escrita e Leitura Publicado a 6-8-2020 |
Título:
A Minha Janela |
Autora: Luísa Faria |
A MINHA JANELA
Em tempos de isolamento fiz
da janela do meu quarto um portal para o
mundo exterior. Os meus olhos perdem-se no
verde da relva do jardim procuro no verde, o
verde esperança para me dar alento para
continuar nesta minha falta de liberdade.
Nas árvores do jardim, as folhas dançam ao
som do canto afinado dos melros, que todas
as manhãs me concedem um concerto privado,
com as suas melodias preferidas. Hoje a
manhã despontou, envolta numa auréola de cor
laranja, trazendo um radioso sol e um céu de
um azul único inundando de luz a minha
janela e até uma borboleta voando espreitou
dando-me os bons dias.
Mas os meus olhos verdes
perdem-se olhando o horizonte querendo mais.
Abro a janela, deixando o sol
entrar, permitindo que acaricie a minha pele
ao sentir o seu morno e suave toque, é como
se recebesse aquele abraço tão desejado,
carregado de saudades, e o meu coração ao
sentir aquele calor fica feliz fazendo
brilhar os meus olhos que por momentos
fecho.
Imediatamente, esqueço a
razão de não ter liberdade.
Vejo-me agora fora da minha
janela, caminhando num silêncio que á muito
não encontrava em mim Vejo a minha paisagem
preferida, o meu sítio as minhas terras
sinto a erva macia, humedecida pelo orvalho,
das noites de Primavera nos meus pés
descalços. Abraço as minhas árvores, ouvindo
com o coração, o alegre chilrear dos
pássaros que se acoitam nas altas copas das
frondosas árvores centenárias oiço o
murmúrio das águas puras e cristalinas
correndo entre as pedrinhas gastas pelo
tempo, debaixo da velhinha ponte romana, da
ribeira. Vejo as borboletas não terem medo
do vento, vencendo-o, para poderem beijar as
flores uma a uma provo as amoras silvestres,
pedindo desculpa de as colher. É a Primavera
plena de liberdade na natureza onde cores e
cheiros se misturam.
Finalmente respiro o ar que
existe para além da minha janela. Vejo-me
num mundo onde a Primavera ainda tem
arco-íris sem algemas.
Pura ilusão!!!!
O cantar dos melros,
trazem-me de volta à realidade à minha
janela onde encontro o vazio que nos últimos
tempos tenho tido como companhia. O dia
passa trazendo a tarde e depois a noite
depressa a escuridão envolve a minha janela.
Acendo a luz, ficando no vidro da janela
apenas o meu reflexo.
Deito-me na cama esperando
que o sono não demore a chegar, chama-me
amanhã um novo dia e com ele renasce para
mim a esperança que tudo irá passar. TUDO
IRÁ FICAR BEM!!!!!
Luísa FARIA
Maio 2020
|
Título:
O Antes e o depois |
Autora: Maria Fernanda
T. Calçada Henriques |
O antes e o depois
E a vida decorria
serena, rotineira, com os pequenos problemas
mais ou menos facilmente resolvidos; havia
convívio, demonstrações de afetos despreocupação
no modo de nos darmos com os outros…
Uma doença,
desconhecida a nível planetário, acabou com
aquilo que tínhamos como certo, trazendo o medo
e dúvidas que tardam em ser esclarecidas.
Buscando a
resiliência que cada um tem em si, temos que
seguir em frente, com novos hábitos, é certo,
mas a vida tem de continuar da melhor maneira
possível, e, se não puder ser como antes,
pois vamos viver o depois tirando partido
do que temos.
Não temos aulas na
Universidade? Pois vamos aderir às reuniões pelo
Zoom. Não é a mesma coisa, pois não?! Não, não
será, mas ainda assim, vai permitir que nos
encontremos virtualmente e constatarmos que
estamos prontos para abraçar os projetos que,
desejo veementemente, venham a aparecer
Maria Fernanda T. Calçada Henriques
|
Título:
Socorro! Acudam aos idosos |
Autor: Lino Solposto |
Socorro! Acudam aos idosos
Estando a maioria neste vale de
lágrimas, pela informação que vou vendo e
ouvindo, em que toda a gente opina, ou tem algo
para dizer, desde especialistas, mais ou menos
apetrechados até aos denunciantes de actos de
toda a espécie, que o senso comum ou
simplesmente eles, acham não serem adequados ao
momento, até aos chamados sindicalistas
produzidos nas máquinas dos partidos e que
encontram nos sindicatos tempos preciosos de
folga e lazer, até completarem o tempo da
merecidissima reforma.
|
|
Atelier de
Escrita e Leitura Publicado a 30-7-2020 |
Título:
Artes na Pandemia |
Autora:
Maria da Luz Rapozo |
Clique
nas imagens para ver ecrã total
|
|
Atelier de
Escrita e Leitura Publicado a 26-7-2020 |
Título:
Aqui existe amor |
Autora: Arlette Alves
de Sousa Pereira |
AQUI EXISTE AMOR
Hoje, estás tão bonita...
Vou-te…levar a jantar fora
Tens uma pele...de “miúda de
agora”
Quanto mais os anos avançam
Mais, o nosso amor cresce...
Também, a família aumenta...
Há, tanto amor em nós...
Filhos e netos, nossa…prol
cresce
Com muito amor e felicidade;
ai, ai nós...!
Hoje, estás tão bonita...
Fazes, me lembrar...quando,
eras rapariguita!
Mas, tu...estás muito bem!
A gente, gosta de se
divertir...
Dar risadas, brincar...sentir
Não, temos traumas da
idade...
Em nós, tudo se conjuga, é a
realidade
Duas almas que
nasceram...p'ra se amarem
Serem felizes e, crescerem na
prosperidade...!
Hoje, estás tão bonita...
O teu olhar é, "doce" e
meigo...
Fizeste, um novo penteado...
E, não é.…que é, tão do meu
agrado!
Cachopa sessentona, eu me
orgulho de ser teu amado!
Temos tantas histórias,
vivências...
"Um mundo sem
fim"...ciências...
Estamos juntos, somos eternos
amantes...!
Hoje, estás tão bonita...
Teus olhos, brilham de
contentamento
Não importam as rugas, são a
força do tempo!
És, tão linda, tão vaidosa...
Mas eu te adoro e, te doo uma
rosa
Mulher sensacional...ainda,
me embriagas a voz!
Temos química e ritmamos o
prazer...
Ambiciono, contigo...até ao
fim, viver
Desculpa-me, se às vezes, fui
um pouco indolente
Também, "um pouquinho chato",
quando estou doente...!
Hoje, estás tão linda...
Puseste o teu vestido
vermelho e sapatos de salto...
Sei, que é
sacrifício...apenas, para me agradares
Mas, tu, também gostas de te
sentires bonita...
Teu odor, é especial...tu, és
incrível
Sempre, me
surpreendendo...nosso amor é incondicional e
nato!
Ainda, te hei-me, fazer um
poema, talvez te cante um fado...!
Hoje, estás tão bonita...
Convido-te, para irmos ao
cinema...
Ela- Pois é, pois é, meu
amor...eu, até aceito!
Obrigada João...nós somos um
par, p'ra ninguém pôr defeito!
Não, somos rezingões nem
rabugentos...
Apreciamos e valorizamos a
família… tentamos ajudar
Se, há
divergências...tentamos saná-las
Obrigada, pela família que
temos: ai, ai amar...
Nós somos, o exemplo e
complemento do amor; ai, ai meu João, João,
João
Ele- Margarida, amor, eu te
quero muito bem; estás tão bonita, bonita,
bonita..!!
Arlette Alves De Sousa Pereira |
Título:
As voltas que a vida dá |
Autora: Maria do Carmo
Roldão Fernandes Nunes |
AS VOLTAS QUE A VIDA DÁ
Eu sou daquelas pessoas que acha
que todos temos o nosso destino traçado, à
nascença, não sei porquê, mas tenho essa
convicção.
Durante a nossa adolescência, o
período dos sonhos, em que tudo parece fácil, e
que vamos realizar tudo aquilo com que sonhámos
ou tudo aquilo que gostamos, vamos exercer a
profissão que gostamos, vamos ter a casa que
idealizámos, etc., mal nós sabemos as voltas que
a vida dá…….
Aos 52 anos fiquei desempregada,
a empresa onde trabalhava entrou em insolvência
e no dia 2 de Outubro de 2012, ouvi na sala de
audiência do Tribunal em Lisboa, a juíza
declarar a empresa insolvente e dizer: a empresa
está encerrada a partir de hoje e pum, bateu com
o martelo na mesa, aquele baque foi como se
arrancassem algo de dentro de mim, não queria,
gostava do meu trabalho, gostava dos meus
colegas e amigos que todos os dias conviviam
comigo.
A minha vida mudou radicalmente,
de um dia para o outro, fiquei sozinha em casa,
tive de aprender a gerir o meu tempo.
O dia nascia, a noite chegava,
tudo acontecia normalmente, mas a minha vida
mudava todos os dias.
Como nada, é tudo mau ou tudo
bom, reencontrei algumas amigas que não via há
muito tempo e passámos a encontrarmo-nos e a
conviver quase todos os dias.
Os anos passaram, nunca mais
arranjei emprego, também já não estava muito
disposta a receber ordens de patrões.
Até hoje, muita coisa aconteceu,
muita doença pelo meio, morte de entes queridos,
mas fui sempre conseguindo dar a volta por cima.
Hoje aos 60 anos, vejo-me
confinada em casa, situação algo inédita, para
mim e para todos nós, mas é uma situação tão
nova, tão surreal que há dias que quando acordo
penso: isto foi um pesadelo, está tudo bem,
veste-te, vai fazer a tua vida, beber um café
com as amigas, vai ao supermercado, mas assim
que chego à janela e vejo a rua deserta, não há
praticamente ninguém na rua, vejo que não foi um
pesadelo, mas sim, é a dura realidade.
Então pensei, vou fazer
arrumações, vou ler os nãos sei quantos livros
que comprei e que pensava sempre, quando estiver
reformada tenho tempo para os ler todos, vou ver
as séries todas que há tanto tempo ando para
ver, mas tudo vai acontecendo muito lentamente,
falta inspiração, falta alegria, falta motivação
e acima de tudo, falta paciência. A culinária
ainda é o que me dá um pouco mais de ânimo, vou
fazendo pão, bolos, sobremesas, receitas novas,
enfim, é no meio disto tudo, o que me dá mais
alento, para passar as horas.
Não convivo com as minhas filhas
desde 9 de Março, altura em que se começou a
falar da gravidade do problema, falamos por
vídeo chamada, vou a casa dos meus pais só em
extrema necessidade e estamos a falar à
distância….ao que chegámos!
Que grande volta, deu as nossas
vidas, uma volta muito traiçoeira, desgastante,
arrasadora.
Eu pessoalmente não estava
preparada para atravessar um momento tão
constrangedor, porque além deste malvado vírus
que na minha opinião alguém criou, algo que vai
destruir a nossa estada no planeta Terra, tudo
em prol da ambição humana e consequentemente
para o confinamento que estamos a passar, mas há
uma outra coisa que eu sinto, que é insegurança,
incerteza, desânimo e medo do futuro.
Que vai acontecer?
Como vai acabar?
Será que vai acabar?
Vamos ter de andar de máscaras, a
falar com metro e meio de distância da outra
pessoa?
Vamos ter de andar a tocar em
tudo com luvas?
Até medo de respirar parece que
temos…
Tenho muita pena das crianças do
nosso mundo, pois penso que para elas o futuro
está muito complicado, ou talvez não, talvez
esteja a ver tudo negro à minha frente.
Os nossos avós deixaram-nos um
planeta limpo, saudável, honesto, e nós vamos
deixar às crianças do seculo XXI, um planeta
sujo, não muito saudável, e onde a corrupção, se
implantou de uma forma transversal ao nosso
mundo de hoje. Neste mundo de hoje, onde se
criam vírus para destruir tudo e todos, em prol
do dinheiro…pura ganância humana.
A Primavera chegou, indiferente a
tudo isto, trouxe as andorinhas, os passarinhos
andam felizes e entoam os seus cânticos e as
flores crescem lindas e perfumadas, como se nada
se passasse, não precisam de nós.
O Verão, também não sabe de nada
e quando chegar o dia, ele chegará, como sempre
o faz, o campo e a praia estarão lá para nós,
mas se não formos, eles lá estarão felizes,
porque eles não sabem de nada e não precisam de
nós… E Nós, de que precisamos?
Talvez, aprender a viver, a
respeitar, não só os seres humanos, mas
respeitar os animais e a nossa Mãe Natureza,
porque Nós é que precisamos deles, eles não
precisam de Nós.
Maria do Carmo Roldão Fernandes Nunes
Aluna nº 1658
16 Abril 2020 |
Título:
Brindo à vida |
Autor: António
Henriques |
BRINDO À VIDA
Brindo à vida, erguendo a minha
taça, nestes momentos difíceis que vivemos.
Brindo à vida, olhando as ruas
que são tão tristes e vazias, sem ela.
Brindo à vida, tendo saudades de
ver crianças a brincar nos parques e jardins,
para nos aquecerem as almas com os seus
sorrisos.
Brindo à vida, embora querendo
mas não podendo, abraçar todos os amigos e
familiares que estão em casa confinados, como
eu.
Brindo à vida, conhecendo a
terrível ameaça que pesa sobre toda a
humanidade.
Brindo à vida, em comunhão, com
todos os companheiros que perderam as suas vidas
na frente da batalha.
Brindo à vida, com profunda
gratidão, pela bravura daqueles soldados que
estão na linha da frente do combate, também, por
todos os outros que são essenciais e apoiam a
rectaguarda.
Brindo à vida, mesmo sabendo que
a luta é dura e difícil, mas tendo a certeza que
vamos ganhar, porque o homem é maior que o seu
próprio medo.
Brindo à vida, sempre que a noite
me traz frios e horríveis pesadelos.
Brindo à vida, mesmo não sabendo
quando a irei perder.
Brindo à vida, sem saber sequer o
que o amanhã possa trazer.
Brindo à vida, embora vendo que
esta, que deveria ser a melhor altura para todos
estarem unidos, certos países não o querem
fazer. Este é o tempo de dar e partilhar e não
de dividir.
Brindo à vida, esperando que
todos possam aprender com os erros cometidos e
que o futuro possa ser melhor, mais justo, mais
feliz.
Brindo à vida, hoje, amanhã e
sempre, erguendo a minha taça a transbordar de
esperança, pedindo que todos me acompanhem neste
brinde, dizendo-vos, que mesmo nas piores
circunstâncias, a vida encontra sempre um
caminho para prosseguir.
BRINDO À
VIDA
ANTÓNIO HENRIQUES
MARÇO 2020 |
Título:
O que te
faz feliz |
Autora: Arlette Alves
de Sousa Pereira |
O QUE TE FAZ FELIZ
Há tanta coisa, tanta coisa…
Pequenos nadas, me satisfazem
Basta um olhar, um sorriso, um
aceno…
Coisas simples…me dão prazer
Olhar, cheirar uma flor…
Um beijo, um abraço de amor
Uma orquídea “me olhando”, no seu
simples existir…
Um olhar de criança…me sorrindo
Um grito de amor, para além da
conta; ai, viver…!
Há tanta coisa, tanta coisa…
Um simples passeio à beira mar…
Um refúgio no silêncio, para
meditar!
Uma canção, um beijo ao luar…
Um campo colorido, parecendo a
mais linda tela…
Banhos de mar, adormecer,
sonhar…
Uma roupa nova, mesmo “a matar”
Uma ida ao cinema, teatro,
jantar…
Boa cavaqueira e um belo, licor a
saborear…
Pessoas bonitas, que se deixam
amar…!
Há tanta coisa, tanta coisa…
Eu, quase não as sei decifrar…
Manta de retalhos, bordados a
preceito…
“O chamar, d’um coração” a meu
jeito
Um poema, me inebriando a alma
Gente boa, pacata…calma
Ai, meu Jesus…vós, estais na cruz
“Fruta madura” …alguém, que me
seduz
Metro a metro… “alcateia de lobos
ferozes”
Armadilhas da vida, querendo
comer as nozes” …!
Há tanta coisa, tanta coisa…
Que eu queria eternizar…
Desde o nascer…até, um dia findar
(morrer)
Coisas belas, coisas
minhas…coisas
Um sonho de menina, num afago de
mulher…
Beijada ao entardecer…
Nos braços do homem…que “a faz
viver”
Entre “nuvens e loucuras”, mas
também de pés no chão…
Rosas vermelhas, cor da paixão;
ai, ai paixão…!
Há tanta coisa, tanta coisa…
Que, me apetecem dizer…coisas
Ter saúde, ter trabalho, ter
amor, família e amigos!
Viajar no tempo, com todos os
mais queridos
Ser feliz e dar felicidade aos
demais…
Sentir-me útil, fazendo feliz
alguém
“Doces palavras”, risos e
lágrimas…mãe
Obrigada à vida, aos sonhos,
realização…
Obrigada, obrigada Senhor: sou
feliz, sou feliz, feliz…!!!!
Arlette Alves De Sousa Pereira |
|
Atelier de
Escrita e Leitura Publicado a 15-7-2020 |
Título: Pinturas em
Tela |
Autora: Aida Matos |
Clique
nas imagens para ver ecrã total
|
Atelier de
Escrita e Leitura Publicado a 13-7-2020 |
Título:
O Que Me Faz Feliz |
Autor: Eliseu Pinto "O
Gralha" |
O QUE ME FAZ FELIZ
É, o deslumbre de petiz
Correndo atrás de borboletas
Com que me envolvo
Nas cores da primavera
Deixando as obsoletas
E dogmáticas cartilhas
Como suportes da prateleira
Onde poiso, o vaso das
maravilhas.
Pois, quer se queira, ou não
queira
O mundo vai sempre rodando
Ainda, que por vezes, recuando.
O que me faz feliz
É sair, do não crer, acreditando
E libertar-me da capsula do tempo
Planando no céu, dum lindo
sorriso
Escutando o eco, do “grito do
Ipiranga”
Propagando-se pelas quebradas
E sentir-me aconchegado, pelas
fadas
Que me envolvem nos seus véus
E me levam, pelos caminhos do
bosque.
E agora mais terra a terra, digo:
O que me faz feliz
É colher limões.
Sim, colher limões
E olhar, a bela fruta, como a
tosões
Não de ouro; mas, de saúde.
E também me faz muito feliz
A alegre reunião anual
Da família, em minha casa
No dia de Natal.
O que me faz feliz
É estar com amigos a petiscar
Beber uns copos, cantar
E porque não, dizer umas
parvoíces.
E animar os mais idosos, que
estão nos lares
Com poemas e cantares
E receber, a ambicionada paga de
sorrisos.
O que me faz feliz
É ver que há jovens a crescer
Já tão, ou mais adultos, que os
adultos
Conscientes
De que o planeta terra, precisa
de humanos
Responsáveis e inteligentes.
O que me faz feliz
É ter, a alegria de poder
Estar feliz, porque a vida
Me convida a viver.
Eliseu Pinto “
O Gralha “ 02-03-20 |
Título:
O Que Me Faz Feliz |
Autor:
Gilberto de Paiva |
O QUE ME FAZ FELIZ
Só o título da epístola sobre o qual eu vou
escrever já me faz feliz. A palavra feliz está
associada à felicidade, por isso, quando se é
feliz é sinal que há felicidade sendo assim são
da mesma família e para se ser feliz tem de
haver motivos para se procurar a felicidade.
Falando de mim próprio, faz-me feliz ao
lembrar-me do meu passado quando era ainda muito
jovem. Provavelmente há de haver alguém no local
onde se vão ler estas duas páginas, e digo isto
porque pode haver mudança de sala, que já leu
algo sobre mim quando eu não era feliz.
Ora aqui está faz-me feliz lembrar o que passei
quando nem sequer tinha onde dormir e agora ter
uma casinha para mim e minha mulher, a Rosa,
onde foi criado e educado o nosso filho saindo
de casa para a vida tal e qual como os
passarinhos quando deixam os ninhos que os seus
progenitores construíram para ali se criarem e
aprenderem a voar.
Faz-me feliz na hora em que os meus netos me
encontram ou me vão visitar, por agora
acompanhados dos pais, e que, na minha maneira
de ver estão a ser educados, não exatamente como
a Rosa e eu educámos o Paulo mas ele e a Anabela
fazem os possíveis para lhe incutir no espirito
de que têm de respeitar os seus semelhantes a
fim de eles serem respeitados também, mas nunca
deixando que alguém os humilhe.
Faz-me feliz viver a vida intensamente apreciar
o que há de belo e a beleza que a vida nos dá
desde ver as serras, a água a correr pelo seu
leito, as bonitas paisagens principalmente na
primavera quando os campos estão floridos enfim
uma infindável maneira de ver, ter amigos,
daqueles do peito, aqueles que eu escolho, sim
porque eu escolho-os, embora se diga que os
nossos amigos outros amigos têm, mas também se
diz que quem não arrisca não petisca. Apesar do
que atrás disse vale a pena ter amigos para que
tenhamos um pouquinho de vida social a não ser
que estejamos nesta vida por ver a estar os
outros.
Faz-me feliz lembrar e dizer por onde ando que
fiz parte dos Órgãos Sociais da ARIPSi,
Associação de Reformados e Idosos da Póvoa de
Santa Iria, como voluntário durante dez anos,
primeiro como vogal da direção depois como
secretário e mais tarde como vice-presidente. É
sempre agradável darmos algo de nós para bem da
sociedade foi o que eu fiz não o digo com
vaidade mas sim com um bocadinho de orgulho de
dever cumprido.
Como sou humano faz-me feliz pensar também nos
outros, naqueles que não têm um teto, nos que
são abandonados pelos seus parentes mais
próximos, nos que por vezes nem direito a uma
sopa quente têm e que os nossos governantes por
muito que prometam esquecem-se facilmente disso.
Para fundamentar esta afirmação que escrevi
neste parágrafo lembrei-me do que se está a
passar com a migração na Europa. Parece uma
contradição, mas o que eu quero dizer é que há
uma antítese entre ser feliz e ver tristeza nos
que atrás falei apoiada num sentimento profundo.
Faz-me feliz ter uma mulher que me ama e que eu
amo ao mesmo tempo. Uma esposa que gosta de me
ver bem, que gosta que eu me apresente
devidamente perante os que me rodeiam e com as
pessoas com quem contato. É bom ter alguém que
gosta de me ver bem e isso faz-me feliz saber
que há cumplicidade entre nós.
Faz-me feliz saber que lido e confraternizo com
muitas mulheres e que fazem plena confiança em
mim. Por exemplo tenho uma garagem que dista
seiscentos metros da minha residência, local
onde eu guardo o meu carro, e por isso passo
muitas vezes por baixo das janelas de algumas
dessas senhoras e são elas que me dão a salvação
dizendo bons dias ou boas tardes Sr. Paiva
consoante as horas que ali passo ou quando
estava na ARIPSI e transportava as utentes ou o
grupo coral e teatral da instituição enquanto
alguns homens riam e troçavam dizendo como eu
ouvi várias ocasiões, lá vai o Paiva com as sua
virgindade, é lógico, que era um ato de gozo, ao
mesmo tempo que me faz feliz dizer que não rompo
as calças nos bancos dos jardins.
Todos nós, incluindo-me a mim próprio, podemos
ser felizes cada um à sua maneira nem é preciso
haver muita exuberância. Basta que sejamos nós
mesmos, que utilizemos um léxico humilde, para
transmitirmos o que nos vai na alma, aos que nos
rodeiam e com os que lidamos.
Para terminar, faz-me feliz saber que a Igreja
da aldeia onde eu nasci e vivi até os meus vinte
anos, vai passar a ser uma aldeia histórica de
Portugal e porquê? Porque recentemente a Direção
Geral do Património Cultural abriu o
procedimento de classificação da Igreja
Paroquial de Videmonte concelho da Guarda. Na
proposta a D. G. P.C. Explica que o templo está
localizado na praça central rodeado por alguns
dos principais edifícios da povoação,
nomeadamente, a casa paroquial e a junta de
freguesia. Trata-se de um templo de uma só nave
de planta em cruz latina construída em estilo
barroco. No exterior apresenta a fachada
principal rebocada e pintada terminada em
cornija recortada à laia de frontão curvo e
ondulado coroado por cruz latina de cantaria. O
interior entre outros elementos destaca-se a
abobada principal em madeira, pintura em tábua e
tela que reproduz a obra de Murillo.
Recentemente foi descoberta uma pintura mural no
altar das almas consagrado a S. Francisco de
Assis.
Ao escrever esta passagem, quem me conhece e
sabe de onde eu venho, pode parecer uma
contradição, olhando ao que lá passei, mas os
tempos mudaram e recordar é sempre bom.
Resumindo e concluindo. Faz-me feliz ser quem
sou, preciso, conciso sem que para isso tenha de
ser erudito.
Póvoa de Santa Iria,07 de Março de 2020
Gilberto de Paiva |
Título:
O que me faz (ou fez!..) feliz |
Autor:
Emílio Duarte |
O que me faz (ou fez!..) feliz.
Quando era miúdo e mais tarde, já rapaz, era
feliz sempre que podia frequentar a biblioteca
pública do bairro onde residia. Era lá que me
sentia “enorme” a folhear jornais, revistas e
livros que me ajudaram a crescer.
Quando jovem, sentia-me feliz e hoje recordo com
alguma saudade, os bailes numa colectividade
popular de bairro onde juntamente com amigos,
ensaiámos e praticámos os primeiros namoros.
As praias, o mar, foram desde muito novo, o meu
porto de abrigo. Começava cedo o meu verão, logo
por volta de Abril. Acampávamos nesses dias e só
findávamos no final de Setembro. Eram
fins-de-semana e férias no local sagrado.
Normalmente estamos felizes, mas poucas são as
pessoas que estão-são felizes. De facto, existem
diferenças entre as duas condições.
Estar feliz é um momento efémero em que vivemos,
após solucionarmos um problema que nos tirou
grande parte do nosso sossego.
Para sermos feliz só precisamos aproveitar o que
temos.
É inevitável que este meu pensamento passe por
referir alguns aspectos que desde logo me
preocupam e levam a reflectir, como o farei a
seguir:
A vida de uma pessoa sem condições minímas para
sobreviver na Índia, no Bangladesh, em África,
ou ainda, habitantes em campos de refugiados,
estão felizes?
Mais, estar feliz é viver permanentemente na
miséria em bairros de lata, passar fome, ter
doenças sem assistência médica ou social, sem
habitação condigna, pergunta-se?
Tais faltas de condições, fazem alguns seres
humanos felizes, volto a perguntar?
No entanto e indo ao encontro do tema, que nos é
proposto, o que me faz feliz é estar com a
família, não estar doente, ter e ver amigos,
ler, escrever, ver chover estando á janela,
apanhar sol, ver concertos de música, viajar e
tantas outras coisas…
Sou feliz quando tenho por perto o meu filho e
os meus netos. Infelizmente a angústia de muitos
de nós, pela ausência forçada ou necessária,
motivada por uma vida melhor dos nossos
rebentos, limita-nos essa felicidade.
Fui feliz e continuo a ser com o crescimento do
meu filho e mais tarde dos netos. Quando tenho
oportunidade, assisto aos treinos e jogos do meu
neto mais velho e vou passear e levo à escola, a
irmã. O problema é só um: a distância que nos
separa…
Apesar de falarmos do nosso presente “ o que
nos faz feliz”, as viagens em trabalho
tornaram-me feliz porque me ensinaram
estratégias e aprendizagens que me foram úteis
na vida profissional passada. Por esse motivo,
também fui feliz a trabalhar.
Porém e de volta ao presente, existem situações
na vida em que não estamos felizes, muito pelo
contrário ficamos triste, com agonia, magoados e
de certa forma a chorar. No entanto no nosso
interior existe uma felicidade tamanha e uma
crença que esse “mal” seja passageiro.
Uma pessoa pode estar feliz, mas não
necessariamente alegre. Há pessoas que vivem a
sorrir, parecem contentes, mas mesmo assim não
se consideram felizes. Por isso, sejam felizes!
Emílio Duarte
9-2-2020 |
|
Atelier de
Escrita e Leitura Publicado a 10-7-2020 |
Título:
Artes na Pandemia |
Autora:
Inês Martins |
Clique
na imagem para ver ecrã total
|
Atelier de
Escrita e Leitura Publicado a 8-7-2020 |
Título:
Como Surgiu o Víros Mundial |
Autora : Maria José Domingos |
Como surgiu o vírus Mundial
Estava a passar a ferro quando me surgiu uma
luz, e assim vou partilha-la
convosco.
Como surgiu o vírus Mundial?
Eram 5 horas de uma manhã quente, pois naquela
época em Deli, os termómetros raramente baixavam
dos 42 graus Celcius, e por isso uma mulher
jovem já nadava na piscina do hotel.
Fazia-o sempre que tal acontecia, pois só àquela
hora podia nadar na piscina do hotel, ainda não
havia ni ninguém, e não o podia fazer quando
outros estivessem presentes.
Entregava-se ao ligeiro fresco da água, quando
sentiu um ligeiro ondular na piscina, e não
havia vento. Todo o seu corpo ficou alerta,
parou de nadar, Olhou em volta e viu-o.
Assustou-se e saiu imediatamente da água, apesar
de estar vestida do pescoço aos pés, sentia-se
nua, e correu para a toalha que pousara na
espreguiçadeira.
Enrolou-se completamente, e pegou no vestido
comprido.
Mas, para seu espanto pousado no vestido, estava
um gracioso ramo de
miosótis.
Lindo, perfumado, com as pequenas flores ainda
quase todas fechadas, que
fazer? Como tinha ido ali parar? Teria sido o
seu companheiro de piscina?
Olhou discretamente, e viu que quem nadava
descontraidamente era um homem
ocidental, talvez americano ou inglês, poderia
ser um europeu em negócios
de meia-idade, teria 60 anos?
Tinha dificuldade em calcular a idade de outros
seres que não os indianos.
Agarrou no pequeno ramo e aspirou o seu perfume
único, nunca ninguém lhe tinha oferecido uma
flor, e agora tinha ali um raminho das suas
flores
preferidas, que fazer? Levá-lo? E depois?
Teria que o esconder, pois não
acertaria nas justificações.
A tentação era grande, aspirou novamente o
perfume, ainda a pensar.
Mas, dentro de uma flor do pequeno ramo, uma
figura invisível saltitava e
gritava, podia dizer-se que "berrava a plenos
pulmões ", leva-me. E estava
a ficar assustado com a indecisão da jovem
mulher. E com uma jogada de
mestre, pulou com mais força para que a flor ao
seu lado se abrisse
ligeiramente e soltasse mais um pouco o seu
aroma.
Assim aconteceu.
O raminho instalou-se tranquilo no bolso do
vestido largo.
Foi para o quarto, fez as malas e preparou-se
para partir com o seu esposo para mais uma
viagem por vários países.
Primeira paragem uma grande cidade na China, nem
sabia o nome.
Verificou as
flores que tinha guardado num saquinho leve de
algodão, estavam mais abertas, e deixou-as um
pouco na casa de banho de outro hotel para
saciarem a
sede.
Ali ficaram uns dias, podia nadar na piscina a
horas mais tardias e
apreciava os passeios que fazia no parque perto,
onde muitos residentes, alguns já de certa idade
vinham todos os dias fazer a sua ginástica
matinal, e trazer a sua ave para confraternizar
com as outras.
E, chegou o dia de abalar para outras paragens,
iria um pouco mais longe, Passaria pelo Irão,
depois iriam uns dias para Itália, país que lhe
provocava muito desconforto e ansiedade, pois
pelo que tinha lido era muito
diferente do seu.
E o pequeno ser que estava na flor?
Pois esse pequeno ser
saltou para a mão do funcionário do primeiro
hotel, lá na China e depois para o seu
companheiro de transporte público, mas como
atrevido e mauzinho que
é, deixou de estar sozinho, arranjou um exército
e começou o seu ataque a
todos o que apanhava desprevenidos.
E assim o vírus ia passando de mão em mão,
contente e feliz, ria e continuava saltitando na
corrente de ar que paira sobre todos os seres
Humanos.
Mas também podemos incluir outros seres.
19 Março de 2020
Maria José Domingos |
Título:
Esperança |
Autora: Luísa Faria |
Esperança
Envolvi-me num manto de Esperança, protegendo-me
do Medo, mas não fui rápida o suficiente e, ele
o Medo, aprisionou-me. Nas minhas mãos, seguro
um pequeno fragmento, que ele não roubou de mim.
Agora sozinha, caminho numa estrada, submersa
por uma húmida e densa neblina.
Com os meus passos cadenciados, um depois do
outro, cada vez mais rápidos. O meu coração bate
descontrolado, quebrando o silêncio calado,
acordando os pássaros, abrigados nas frondosas
árvores da estrada. Um cheiro a terra molhada
paira no ar.
Caminho, por um caminho, que sinto, incerto.
No Mundo, falta a Esperança e o tempo escasseia.
E, eu sinto em mim o peso do Mundo.
Atravesso a densa neblina, raios de sol
acariciam o meu rosto e aquecem o meu coração.
Parado à beira da estrada, uma figura que já
conheço, espera por mim.
Uma figura bastante magra, de longos cabelos e
barba brancos e de olhos azuis, tendo no seu
rosto, uma expressão de pura serenidade. Veste a
mesma túnica de sempre, simples, com uma faixa
de cor azul celeste, até aos pés, que continuam
descalços.
Tudo em mim mudou. O meu corpo, envolvido em
algo muito suave e transparente, flutua numa
tranquilidade, sem medo.
Ele, continua parado e olhando para mim com um
olhar de conciliação, pergunta:
-
O que procuras desta vez, Luísa?
-
SENHOR, peço e imploro a Vossa ajuda, para
salvar o Mundo, que se está a desmoronar.
Respondi. Ao qual, Ele, com a sua melodiosa voz,
respondeu:
-
Não achas que é pedir muito, Luísa?
-
Sim, SENHOR. Sei que é pedir muito, mas o Mundo
precisa de salvação,
SENHOR.
Respondi.
-
O que ofereces em troca de tão altíssimo favor?
Eu respondi com toda a minha humildade.
-
SENHOR, nada mais me resta senão o Medo que
roubou toda a minha Esperança. Ao pronunciar,
Esperança a, minha mão iluminou-se, deixando
sair do pequeno fragmento, que eu ainda segurava
na mão, um brilho de luz intenso.
ELE, ao visualizar aquele intenso brilho,
serenamente, diz:
-
Luísa, ainda tens tempo. Tens a chave, que
precisas para abrir a porta certa. O tempo urge,
coloca-a na fechadura e entra.
Sem medo e muito serena, entrei. Um Mundo novo
esperava por mim.
Pequenos seres luminosos de asas transparentes,
moviam-se a uma velocidade, difícil de
acompanhar com os meus olhos.
Depressa fiquei cercada por uma imensa luz, e um
dos pequenos seres, voando até mim, diz:
-
Toma Luísa. Entregando-me um pote cheio de
pequenos pontos luminosos.
Está tudo preparado, Luísa. Depressa, vai salvar
o Mundo!
-
Obrigada, ainda disse, mas já todos tinham
desaparecido.
Abri os olhos…e uma lágrima desceu pelo meu
rosto.
Doeu perceber, que, o sonho que tinha sonhado,
não exista.
O
Mundo continua num grande e aterrador Silêncio e
Sofrimento e precisa de ESPERANÇA para a
incerteza dos dias que todos estamos a viver.
O
MUNDO PRECISA DE TODA A NOSSA AJUDA.
Luísa
FARIA
Março 2020 |
Título:
Porque Insistem |
Autor: António Henriques |
PORQUE INSISTEM
Olhei o mar
forte e impetuoso.
Ao contemplar
esse imenso azul, chorei. Chorei lágrimas
salgadas e azuis como as suas águas. Mergulhei
na imensidão que me abraçava, perdi a noção do
tempo e do espaço, era um prateado peixe nadando
ao sabor da corrente, viver, apenas viver, era o
mais importante.
Fui até ao
campo. Deitei-me num prado rodeado de flores,
multicores.
Meu corpo aos
poucos foi-se diluindo, passou a ser composto
pelo mundo vegetal que o cercava. Senti insectos
que zumbiam há minha volta, o sol que me aquecia
e o suave afago do vento, envolto em doces
aromas, serenamente, adormeci.
Dirigi-me à
floresta. Deixei-me envolver pelo verde profundo
do arvoredo.
Minhas pernas
lançaram raízes na terra. Meu corpo cresceu,
cresceu, rumo ao Céu. Abri os braços e as mãos,
deles brotaram ramos e folhas. As aves vieram e
pousaram em mim, embalando-me, com seus belos
trinados e cantos. Era um gigante, tal como
outros, preso ao chão, mas feliz.
Subi ao pico
mais alto, da serra mais alta. Senti-me a
flutuar, era um floco de neve caíndo, que, junto
com outros, íamos formando o imenso manto branco
que a cobria. Branco, cor da pureza. Senti-me em
paz.
Mas sabia, sabia
que tinha que voltar à cidade dos homens. Esse
lugar cinzento e triste, apenas alguns oásis
verdes, espalhados ao acaso, lhe davam alguma
cor. Onde o desespero e a dor tomavam de assalto
a vida.Onde a pobreza e a miséria calhavam
sempre aos mesmos. Onde as desigualdades eram
gritantes e a corrupção imensa.
Também a
violência se fazia sentir, quase sempre, contra
os mais fracos e indefesos.
Homens, esses
ingénuos fabricantes de sonhos. Orgulhosos
proprietários de ilusões. Engenhosos artífices
do mal. Sómente a ganância e o lucro a qualquer
preço, os move.
Homem, o próprio
lobo do homem, o seu mais obstinado algoz.
Se a morte em
todos é certeza, se existem cores tão belas na
Natureza, porque insistem, porque insistem os
homens,
Em pintar a vida
de negro!
António Henriques
Abril 2019
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Atelier de
Escrita e Leitura Publicado a 6-7-2020 |
Título: Pinturas |
Autora: Carmelinda
Fernandes |
Clique na imagem
para ver
ecrã total
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Atelier de Escrita e
Leitura Publicado a 1-7-2020 |
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Título:
O QUE ME FEZ E FAZ FELIZ |
Autora: Maria Fernanda Calçada |
O QUE ME FEZ E FAZ FELIZ
Dizem que a
felicidade está onde cada um a põe. Ser ou estar
feliz, em termos simples, poderá definir-se por
Estar bem com a vida. E eu estou bem com
a minha; talvez com alguma presunção, acho que
sou merecedora do que tenho, e não quero
desistir de ser feliz. Falar sobre este tema,
leva-me inevitavelmente a um relato intimista.
Na vida há ganhos e perdas e eu, como todos,
aliás, tive ambos; vi partir pais, parentes,
amigos., e como era de calcular não fui feliz
nesses tempos. Mas fui feliz na minha infância,
fui e sou feliz no casamento, fui feliz no
nascimento dos filhos e muito mais tarde dos
netos. Tenho a felicidade de ter dois filhos
maravilhosos, que nunca me deram desgostos, e
estão sempre presentes quando necessários
Recordo bem os dias
felizes de quando senti os primeiros movimentos,
dos meus bebés na barriga, dos seus nascimentos,
das primeiras palavras que balbuciaram, dos
primeiros passos, a aventura do primeiro dia de
aula…recordo que fui feliz quando íamos de armas
e bagagens para o mês de férias na praia,
primeiro na Nazaré e depois na Ericeira. Agora,
vejo que era uma canseira para mim, mas na
altura que feliz que eu andava! Como sempre
gostei de viajar, recordo os dias felizes
quando, num cruzeiro visitei os fiordes na
Noruega; quando na ilha grega de Santorini, num
grande grupo, subi encavalitada num burrito
(coitado do bicho.) até à sua capital, Fira;
também estava feliz quando de gôndola conheci os
canais de Veneza, e tantos sítios mais que não
enumero, por ficar fastidioso.
Mas também fui feliz,
e ainda o fico quando, em família, fazemos
piqueniques no campo, atividade que praticamos
com frequência. Sinto-me feliz quando por vezes
estou em frente de um mar lindo, com ondas
mansas, em dias de sol; sinto-me em paz. São
pequenas coisas, mas com grande significado para
mim. Fui muito feliz quando o meu filho mais
velho se casou, e também muito emocionada, pois
foi o primeiro “pintainho” a deixar o ninho…
Fiquei feliz, anos volvidos, quando, depois de
atravessar um divórcio com duas crianças pelo
meio, refez a sua vida, com uma companheira que
lhe proporciona uma vida plena e harmoniosa.
Quando foi a vez da filha, fiquei feliz, mas, à
mistura com o sentimento da perda, visto a casa
ficar ainda mais vazia. Fico feliz por verificar
que eduquei (melhor dizendo, educámos,) os
filhos, de molde a que hoje sejam pessoas
integras e realizadas; fico feliz, ao ver que
eles próprios estão formando os filhos nos
mesmos valores; acho que cumprimos bem o nosso
dever. Fico feliz ao ter consciência de que fui,
e ainda sou a retaguarda dos filhos, sempre que
necessário. Fui muito feliz quando ajudei a
criar os meus netos, cuidando deles, até
ingressarem nas creches ou infantários. Fiquei
feliz, quando, depois de tempos de ansiedade e
sofrimento, algumas doenças preocupantes foram
superadas com sucesso. E fico feliz, quando a
minha filha requer a minha opinião e conselho;
pois não é para ficar feliz, quando ela ao
pretender escolher uma qualquer peça de roupa,
me leva com ela, e diz:
-Mãe, olha para mim e
diz-me se esta cor fica bem com a minha cara!
Quero saber a tua opinião! Fiquei feliz com o
nascimento dos meus 3 netos lindos (gostava de
ter uma neta, mas não calhou …) e já agora
ficaria muito feliz de viver mais uns anitos
para o neto maior me dar um bisneto, (adorava
ser bisavó,) ver o Tim tirar o brevet de piloto
que tanto deseja e o mais novo ainda sem projeto
bem definido continuar a ter as boas notas de
agora e tirar o seu curso.
Fico feliz nas festas
de Natal quando somos 13, sem superstições, nos
reunimos alegremente à mesa, e a seguir trocamos
prendas! Gosto imenso da agitação própria dos
preparativos para a ceia de Natal, e até me
atrevo a fazer o bolo-rei. Mais uma coisa que me
deixa feliz: quando aqui na Universidade adquiro
mais conhecimentos; dá-me estímulo para
continuar; por exemplo agora fico feliz comigo
mesma, de cada vez que, com a ajuda da minha
professora vou desvendando os mistérios do
WORD!!!
26-02-2020
Maria Fernanda Calçada |
Título:
Momentos de mim |
Autora:
Maria Fernanda Martins Rodrigues Gomes |
MOMENTOS DE MIM
Sentada à beira-mar,
Escrevo devagarinho,
Meu nome na areia molhada,
Em que a onda vem e apaga,
Onde abraço com carinho,
E
falo com ela baixinho,
Em tom de gargalhada
Dos meus olhos de menina.
Dos meus dedos que me guiam,
Ouvidos que olham o céu,
Riscos de espuma que escrevo eu,
Em arco-íris vestido de cores,
E
todos os astros alumiam,
Este oceano de amores.
O
sol quer-me beijar,
O
vento toca de mansinho,
Trazendo gotas de mar,
E
veste-me devagarinho,
De algas, conchas e limo!
É
esta música que me acalma,
Com o mar em forma de dança,
Escrevendo felicidade,
Em letras verdes de esperança!
8 de Março 2020
Maria Fernanda Martins Rodrigues Gomes
|
Título:
Às voltas coma
felicidade |
Autor: João Batista |
Às voltas com a felicidade
O
que me faz feliz é a ausência de dor! Sim, a
minha e a dos outros - aqueles que amo e estimo
- seja ela dor física ou espiritual.
O
que me faz feliz? A persistência da dúvida, a
persistência da pesquisa pelo princípio das
coisas, pelo princípio do universo.
Também me traz felicidade a descida do número de
casos de covid 19, agora que, segundo os
especialistas na matéria, ultrapassado o pico,
caminhamos para o domínio da situação, ainda que
muito longe de a debelar, o que certamente só
acontecerá com a vacina.
Quando falamos de felicidade – o sentimento
experimentado por quem está feliz – em regra,
somos levados a pensar no sorriso e no riso, na
alegria e na euforia.
Mas, se nem sempre choro quando atingido pela
dor, porque hei-de sempre rir quando ela está
ausente? Posso estar sério e meditabundo e, no
entanto, estar feliz.
Ténue, muito ténue, pode ser a fronteira entre o
estar feliz e não o estar.
A
esta fronteira há quem chame ataraxia.
Curiosamente, rima com alegria e euforia,
parecendo estar mais do lado destas do que do
lado da dor; mas isto já é poetar, deixo isso
para quem sabe, os poetas.
Na verdade, felicidade rima com serenidade e
tranquilidade. Faço jus a essa rima e continuo
neste estado de quietude, enquanto me deixarem,
porque o mundo vai adiante e interpela-me.
Sempre.
João
Batista
Atelier de
escrita e leitura
24-04-2020 |
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Atelier de Escrita e
Leitura Publicado a 26-6-2020 |
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Título: O QUE ME FAZ FELIZ |
Autor:
António Fernando Roqueiro Ramalho |
O QUE ME FAZ FELIZ
Tudo me faz feliz!
O conceito de felicidade é
pessoal e subjectivo, eu não fujo à regra!
Em primeiro lugar se estivermos
felizes connosco próprios e se por
empatia conseguirmos transmitir esse estado de
felicidade ao próximo por actos ou
atitudes, tanto melhor, não é uma atitude
utópica!
Tive uma infância saudável e
feliz num meio rural despoluído e recheado
de mentes simples mas encantadoras envolvidas no
trabalho árduo do campo, mas sempre cantando
lindas canções!
Uma adolescência recheada de
felicidade na família com pais, avós e
bisavós, na escola na companhia de colegas e
professores, que ainda hoje nos reunimos
anualmente, com actividades nas férias que me
enriqueceram e descobriram outros Mundos.
Amores e desamores de estudante,
próprios da idade e das circunstâncias, o twist
era o tema em voga numa época que nos encheu de
felicidade!
Vindo da aldeia para a capital
não foi um choque nem um salto para o
desconhecido mas sim uma sensação com um misto
de liberdade, grandeza e deslumbramento pela
abundante oferta de escolas e condições para
trabalhar, divertimento e bem-estar, uma
felicidade!
O primeiro emprego, o primeiro
ordenado, as primeiras férias remuneradas, o
reconhecimento do nosso trabalho foram momentos
de enorme felicidade.
O trabalho em equipa, o contacto
com o estrangeiro, as novas tecnologias
conseguiram contribuir e concretizar algumas das
nossas ambições, tornando mais feliz a
nossa existência.
O serviço militar em teatro de
guerra não me coibiu de ser feliz e
proporcionar aos outros que estavam por perto
desfrutar de momentos de intensa convivência e
felicidade.
Tive uma madrinha de guerra
norte-americana, que loucura à época, mas que
felicidade ir até àquelas paragens e ser
correspondido!
Ter constituído uma família, ter
sido pai é um sentimento de felicidade
que extravasa o perímetro do legado que os
nossos pais, avós e bisavós nos deixaram, foi
duma grandeza que se consolidou ao longo dos
anos.
Passamos a ser sentinelas atentas
a todos os movimentos nas mais variadas
vertentes tendo a responsabilidade de
intensificar e garantir uma confiança sólida
àqueles que trouxemos ao Mundo.
Ser avô é fortalecer e consolidar
essa felicidade com uma responsabilidade
acrescida e mais abrangente já que temos que ser
sentinelas e guias com múltiplas funções para
seres sensíveis com personalidades distintas que
nos absorvem e provocam uma enorme e
insubstituível alegria.
Nisto chegou o dia da reforma e
simultaneamente chegou também o voluntariado
facto que nos obriga a conviver com realidades,
cumprindo tarefas que desconhecíamos, não
sabíamos realmente da sua existência, ir a
sítios distantes das mais elementares condições
de bem-estar mas que nos abrem as portas para um
Mundo ávido de felicidade tentando
contrariar esse desígnio.
Ao mesmo tempo vem a US, projecto
de incontornável e feliz iniciativa que
conseguiu congregar as mais variadas
personalidades, carácteres e saberes motivando e
proporcionando a todos nele inserido um são
convívio e partilha de conhecimentos onde todos
se devem sentir e fazer os outros felizes
com qualidade!
Não percamos a oportunidade de
aproveitar e desfrutar a vida com
felicidade!
António Fernando Rouqueiro Ramalho
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Título: SER FELIZ |
Autora:
Maria do Carmo Roldão Fernandes Nunes |
SER FELIZ
Sempre gostei muito de ler e
escrever, é algo que me faz sentir feliz, calma,
tranquila…
Ler, com mais ou menos
regularidade ainda o faço, mas escrever, já há
uns anos que não o faço, não por não querer, mas
devido a toda a azáfama e preocupações do
dia-a-dia e talvez por falta de motivação.
Perante o desafio que me fizeram
para integrar este grupo de leitura e escrita, o
qual agradeço muito, tive motivação e incentivo,
para voltar a escrever.
Desde que me lembro de existir
que sempre me senti feliz com as pequenas coisas
do diaa-dia, nunca fui de grandes exigências.
Na minha infância, adorava
brincar na rua, andar de trotineta, bicicleta,
saltar à corda, andar de carroça, sentia-me
extremamente feliz quando ia esperar por um
vizinho da rua que tinha uma carroça, subia e lá
ia sentada numa rude tábua de madeira cheia de
lascas, toda feliz ao lado dele.
Fui crescendo e a minha
felicidade passava por ter amigos, estudar e
passar de ano, ir de férias para a praia, a
única regalia que tive, pois os meus pais tinham
as suas dificuldades e naquela época a frase
era: tem de se poupar para uma doença, pelo que
também não podia pedir muito.
Festas de aniversário,
mascarar-me no Carnaval, visitas de estudo,
viagens de finalistas, coisas que os meus amigos
faziam, não tive nada disso, não havia
dinheiro…mas eu era feliz!
Fazia-me muito feliz, ir buscar
livros à carrinha da Gulbenkian que passava
regularmente e posteriormente, fiz-me sócia do
Círculo de Leitores e a parca mesada que o meu
pai me dava, era cuidadosamente gerida para
poder comprar livros.
Pode parecer tristonho, mas isso
fazia-me muito, muito feliz.
E eis que cheguei à idade adulta,
comecei a namorar, casei e o dia do meu
casamento foi um dos dias mais felizes da minha
vida e que me tem feito feliz até hoje, por
todos os momentos a dois ou até pelo simples
momento de olhar para uma das inúmeras fotos
daquele dia, espalhadas pela casa e
recordar…porque recordar faz-me feliz e dá-me
força e alento para superar os momentos menos
bons.
Tenho duas adoradas filhas, e
tenho sido imensamente feliz, todos os dias em
que elas também estão felizes.
Fez-me feliz, os seus sorrisos, a
primeira vez que me chamaram de mãe, os
primeiros passos, o primeiro dia de escola, etc.
Fazia-me muito feliz, ler um
livro na cama com elas, antes de adormecerem,
era um momento de felicidade, do qual elas não
abdicavam.
Ver as minhas filhas crescer,
fez-me muito feliz.
Fez-me feliz, as viagens que fiz,
as férias na praia em família, as festas de anos
das minhas filhas, mascara-las no Carnaval,
poder partilhar as suas alegrias e ampará-las
nas suas tristezas.
Sempre adorei animais, nunca pude
ter, os meus pais não deixavam e assim quando
pude ter o meu primeiro gato, senti uma
felicidade imensa, era uma companhia que eu
tanto precisava, foi das poucas coisas na minha
vida, que exigi.
Chegar a casa e estarem os dois à
minha espera atrás da porta, roçarem-se nas
minha pernas, é sempre um momento feliz.
Adoro, quando os meus dois
felinos vão para o meu colo, sentir o calor que
emanam e a tranquilidade da sua respiração que é
algo que me acalma e tranquiliza.
E hoje, com 60 anos, continuo a
não exigir muito, faz-me feliz ter ao meu lado o
meu companheiro, de quase 40 anos, meu porto de
abrigo, darmos um simples passeio de mão dada à
beira do rio, à beira do mar, um jantar a dois,
um almoço com a família.
Relembro sempre com felicidade,
sentada no meu escritório, olhando a parede
cheia de fotografias, de toda uma vida passada a
dois e de momentos muito felizes com as nossas
filhas.
Espero ainda ter mais algum
tempinho para ser feliz, especialmente com o meu
companheiro, com saúde e muita vontade para
viver, sorrir e amar, junto de todos os que
gostam de estar junto de mim.
Maria do
Carmo Roldão Fernandes Nunes
Aluna nº 1658
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Título: O QUE ME FAZ FELIZ |
Autor: Lino Solposto |
“O QUE ME FAZ FELIZ”
Quando respeito e sou respeitado,
Quando sou livre e não obrigado,
Quando amo e sou amado,
Quando reconheço que estive
errado.
É estar bem comigo próprio,
Sem raiva ou sequer
ressentimento,
É estar contra a injustiça,
É ser contra a miséria,
E contra alguns charlatões,
Que mascarados de políticos,
Ajudam a conspurcar a Terra.
Também me faz feliz, estar vivo,
Poder manifestar sentimentos,
Poder ouvir e ser ouvido,
Não impor qualquer ideia ou
vontade,
Antes, respeitar argumentos.
Passear pela beira-mar,
Inalar a maresia,
O ininterrupto vai e vem das
ondas,
Desafiando à poesia,
E ver o astro rei caído no
horizonte,
Com os últimos raios do dia.
É ter família e amigos,
É um serão à lareira,
É beber um copo de vinho,
Proveniente da minha parreira.
Lino Solposto
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Atelier de Escrita e Leitura
(Onde damos aromas e sabores ás letras)
Objectivo:
- Incentivar a
escrita de textos próprios, baseados num tema,
selecionado anteriormente pelo grupo
coordenador.
- Leitura dos textos
em grupo e participação na Roda de Leitura,
promovida pela Associação de
Alunos da Universidade Sénior.
- Construir um livro
no final do ano, com os textos apresentados
pelos participantes.
Normas de participação
1- Os textos devem ser escritos, pelos
próprios e nunca publicados, em “Arial
12” de preferência e no máximo de 2 folhas
A4
separadas, ou 1 folha A4 frente e verso.
2-
Todos os textos devem ser assinados e
enviados para o e-mail
“Atelier.Escrita.Leitura@gmail.com” ou
entregues em papel
na
Associação de Alunos.
3- Devem ser entregues entre 7 a 10 dias
após a definição do Tema.
4-
Os textos a ser lidos na Roda De Leitura
devem ter a autorização do próprio, e serão
sujeitos a um sorteio anónimo efectua-do pelo
grupo coordenador, composto pelos 3 elementos:
Maria José Domingos, Cândida Cardante Martins,
Emílio Duarte
5- Os textos lidos na Roda de Leitura podem
ser lidos pelo próprio, ou por outro elemento,
por ele designado.
6-
A participação implica a aceitação destas
normas.
7-
A Associação de Alunos é o nosso apoio
para a marcação de salas, visitas de estudo, e
para outro de tipo de material necessário.
4 de Janeiro de 2020
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